Sunday, May 27, 2007

Sociedade sem valores, um povo que adormece

Sociedade sem valores, um povo que adormece
D. António Marcelino

.A mãe mata o filho que traz no seu seio e o Estado ajuda? É uma mulher livre.A mãe entrega o filho que não pode criar a alguém que o acolhe com amor e desvelo? É uma mulher desnaturada. Pode-se matar, mas não dar…Põem-se todos os dias, em grande plano, frente aos olhos das crianças, todas as porcarias e até a venda de bebés, como aconteceu, recentemente, numa telenovela portuguesa? Estamos numa sociedade livre.

Descobre-se na Internet uma rede propagandeada de venda de crianças, a nível europeu e que também actua em Portugal? Logo os grandes do direito vêm a terreiro e ameaçam com os castigos da justiça, e as vestes dos bem pensantes rasgam-se a proclamar que “Isto não é possível!”Há autarcas a criar programas locais para favorecer a natalidade e fixar os casais jovens nas suas terras? Aplaudem-se as iniciativas. Cada dia nos centros de planeamento familiar, até nas sedes de concelho onde se luta por mais gente, se ensina a não procriar e se calam os métodos que estimulam e ajudam a crescer? E a isto chama-se favorecer a boa informação que as boas mães precisam e as jovens adolescentes não dispensam, porque o sexo deve ser seguro.

Encontram-se crianças desnutridas, que vão cada manhã para a escola sem terem comido nada e só fazem alguma coisa por elas os que lá dentro, atentos às situações e a sofrer por isso, procuram modos de ajudar? São as famílias que não se sabem governar nem educar,Continuam por aí crianças, como todos sabemos, sem alguém que as acolha quando a escola fecha? Oficialmente diz-se que isto não é verdade.

Entretanto, ignoram-se e destroem-se instituições que foram criadas e equipadas para ir ao encontro das famílias, que não podem estar para as acolher os filhos às horas oficiais…Vê-se, a cada passo, a corrosão interior progressiva de filhos pequenos por via do divórcio irreflectido de muitos pais? Estamos num país evoluído evoluído. Assim, os senhores legisladores e governantes, muitos deles também divorciados, continuam, impunemente, a fazer e a regulamentar as leis, não favorecendo, antes pelo contrário, nem a justiça, nem a dignidade da família, nem a consistência do casal e do agregado familiar, hipotecando, deste modo, o presente e o futuro do país.

Aparece agora para os países da UE, a partir de uma Directiva do Parlamento, uma proposta traduzida equacionada pelo binómio “Europa e Mercado”. Toda a concepção da vida em sociedade está vazada em resultados materiais. As instituições intermédias, que já contam cada vez menos, deixarão de contar, dando-se, assim, passos largos para a desumanização das pessoas e das relações sociais. A antropologia, com bases filosóficas e exigências de ética, é coisa de somenos importância, e as pessoas concretas são empecilhos para quem tem nas mãos os cordelinhos do comando, que não são, nem nunca foram, as pessoas que conhecemos e dão o rosto e o nome para serem meros executores…Por cá, tudo isto vai entrando, com a normalidade silenciosa que não acorda nem espevita, porque não faltam ideólogos que sabem adormecer o povo e não têm outro sentido de vida que o materialismo do “mercado” e do “prestígio”.Até quando? Até que o povo, famílias, instituições, grupos organizados e com princípios, o queiram. Não é o povo quem mais ordena?
Sim, se estiver acordado e afirmar a sua dignidade..

Thursday, May 24, 2007

A Viagem


Fiz uma Viagem. Um caminho, sozinha muitas vezes (falando apenas comigo) mas muito acompanhada. Deixei a cabeça por cá. Deixei-me conduzir e trilhei camilhos já trilhados, ao sabor do vento fiz o meu caminho e senti-o atravessar-se vezes, demais, em mim.
Revi o ano que passou,o presente que me guiou passo a passo desejando um futuro que só naquele caminho percebemos ter lugar! O Lugar esse é Sagrado, como o Caminho. Nos dois deixei um pouco de mim para me encontrar quando lá voltar. Se me perder sei onde me posso encontrar.

Algumas pessoas trilharam comigo este Caminho, passo a passo, como Anjos da Guarda. mesmo os comigo pouco falaram deram-me o silêncio do Céu.

A Madre Teresa de Calcutá um dia disse "Eu sou uma caneta, Deus pegou em mim e está a escrever uma carta de Amor ao Mundo", por isso sinto que nos passos que todos demos juntos, em direcção a Fátima, iam muitas "canetas" muitas histórias , únicas, comoventes, escritas por Deus, nas linhas da Vida de cada um de nós, e de tantas Vidas de tantos que levámos connosco.

Nos passos que demos aumentou a responsabilidade do caminho que Deus nos Dá e Pede todos os dias.

Aos pés de Nossa Senhora , trouxemos a Benção e a alegria da certeza de que precisamos da presença de Deus em tudo o que fizermos na nossa Vida. Todos os dias, todas as horas...!

Trouxe comigo muitas Vidas, muitos rostos, muitas histórias , muitas amizades, muitos nomes, muitas alegrias e também algumas lágrimas e emoções.
Por isso meus amigos, acho que Deus pegou em TODOS nós e escreveu uma carta de Amor ao Mundo. O remetente é Portugal, e são milhares de páginas... a pedir a Paz para cada um de nós e para o mundo.

Nos dias que vivemos , e nos passos que demos a pé para Fátima recebemos pela Mão de Nossa Senhora a Resposta, e um pedido: Para que continuemos a "deixarmo-nos pegar" para a História continuar a Ser escrita. A ser rezada na nossa boca, nas nossas mãos e nas nossas palavras no Terço. Uma História de Amor!

Um grande OBRIGADA a todos!

Joana

Tuesday, May 22, 2007

Deus está onde menos se espera

Há cerca de um ano, a Cândida pediu-me um pequeno contributo para o Passo a Passo. Hoje, quando estava à procura de inspiração para inaugurar este nosso blog, dei de caras com o artigo que escrevi no ano passado. Tomo a liberdade de o deixar aqui. Pode ser que sirva para inspirar outros.

Francisco Mota Ferreira

«Os onze discípulos partiram para a Galileia, para o monte que Jesus lhes tinha indicado. Quando o viram, adoraram-no; alguns, no entanto, ainda duvidavam. Aproximando-se deles, Jesus disse-lhes:«Foi-me dado todo o poder no Céu e na Terra. Ide, pois, fazei discípulos de todos os povos, baptizando-os em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo, ensinando-os a cumprir tudo quanto vos tenho mandado. E sabei que Eu estarei sempre convosco até ao fim dos tempos.» (Act 1,6-8)

I - A passagem de testemunho que Jesus Cristo deu aos seus discípulos permite-nos hoje professar e manifestar a nossa Fé. Mas, mais do que isso, exige e obriga-nos a dar testemunho Dela e a transmiti-La a quem nos rodeia.
Todos sabemos que, ao longo da nossa vida experimentamos emoções que, na maior parte das vezes, mexem connosco. Frequentemente, a primeira reacção é afastar estes sentimentos, enterrar sensações, distraindo-nos com a espuma diária dos acontecimentos, que tantas vezes nos consome e nos afasta do essencial. Adiando, na maior parte das vezes o que, constatamos depois, ser inevitável.
Por isso, hoje sabemos que a certeza inabalável da nossa Fé é algo que nos diferencia e nos fortalece para as adversidades do dia-a-dia. Somos felizes porque acreditamos, mas temos consciências que há um longo caminho a percorrer. Por nós, mas também pelos outros.

Por isso pedimos perdão pelos que não crêem, não adoram, não esperam e não amam Jesus Cristo.


II - Fátima é, para nós, o exemplo vivo da nossa Fé e encerra em si toda a determinação em ser Cristão e viver de acordo com a vontade de Nossa Senhora.

Ao aparecer em Fátima, a Mãe de Jesus lança um apelo a valores que hoje temos tendência a esquecer ou relativizar, mas dos quais somos co-responsáveis para a salvação de todos.

Fátima, com o seu apelo à conversão e penitência, centraliza aquele que é o âmago da mensagem deixada aos Pastorinhos: a Devoção ao Imaculado Coração de Maria.


III – Peregrinar até Fátima é, por tudo isto, a confrontação no terreno de uma Fé que diariamente nos é colocada em causa, nos é testada. Onde o desafio que a nossa sociedade apresenta não é o de sermos Católicos Apostólicos Romanos, mas mantermo-nos fieis ao caminho que Deus traçou para nós e que nos vai revelando em pequenos sinais.

Considero que os seis dias que nos levaram a Fátima permitiram levantar um bocadinho do véu, revelando o que Deus escolhe para todos e cada um de nós.

É por isso que Fátima é vivida pelos que têm a Graça de acreditar, como algo que se sente e não se explica.

É por isso também que qualquer um de nós sente e vibra estes dias de reflexão, oração e paz de diferentes formas e sentimentos.

IV – Entrar no Santuário, Rezar o Terço, Expiar os Pecados, Oferecer o Sacrifício a Nossa Senhora são tudo caminhos que, aparentemente e de forma fácil, qualquer um de nós foi capaz de o fazer nestes dias.

Mas quero crer que, ter a capacidade de ver para além desta semana de intensa oração, prepararmo-nos diariamente para a Salvação Eterna, viver de acordo como Ele quer que nós vivamos, esse é o verdadeiro Desafio que Deus nos apresenta em Fátima, por intermédio de Nossa Senhora.

V – Tenho a certeza que encontrei em todos vós um precioso auxílio que me irá ajudar em mais esta etapa da minha vida. Porque hoje, mais do que nunca, sei que Deus está onde menos se espera.
Estoril, Maio de 2006

porque e para onde caminhamos?


Porque e para onde caminhamos?

Quem se mete à estrada para experimentar fazer uma peregrinação, fá-lo por imensos e variados motivos. Vou à 22 anos e ainda hoje me pergunto o que me faz meter uns sapatos de ténis, uma roupa confortável, uma mochila sem dinheiro, sem “baton”, sem agenda, sem nada daquilo que normalmente uso, e em vez disso levo um guião (cheio de gralhas, sorry??), que me fala exclusivamente de Jesus, uma caneta, um rolo de papel higiénico, uns talheres, e uns pratos de papel, sem me preocupar onde como, durmo ou lavo. Vou. Livre!
Que me leva a arriscar um calor e um sol que não nos larga, ou uma carga de água que me molha até os ossos?
Que me leva a andar à beira da estrada com milhares de outras pessoas, a maior parte nem conheço, a levar com o CO2 na cara, arriscar ser atropelada e andar, andar até me maravilhar com o campo tão cheio de características parecidas com os ambientes da terra de Jesus? Lugares lindos e simples, pobres e semeados de flores que ali foram parar não se sabe como. Abrigar à sombra das Oliveiras tão ou mais antigas como esta História de Fátima. Aceitar um copo de água que alguém que nunca mais vou ver, me oferece. Rir até doer com graças que só as crianças entendem.
Que me leva a dizer em casa à família, até daqui a 7 dias, que parto porque vou rezar? Rezar por todos. E o mais extraordinário é que todos contam com a minha oração!
Pergunto-me ainda: que trago eu para casa? Que é que mais me tocou nestes dias? Rezei por todos?
São perguntas que me habituei a fazer cada dia, todos os dias. Nem sempre tenho resposta. Muitas vezes não cumpri nada do que me propus. Outras venho agradecida com a paciência de Deus e com a noção de que pequei, pequei muito no caminho. E sempre com a certeza do quanto sou amada por Ele.
Esta consciência de pecado, tem-me sido iluminada cada vez que julgo estar mais perto de Jesus. Como se Ele neste caminho da Vida, me quisesse mostrar como tantas vezes ando enganada. Tantas vezes a julgar e a consumir a Religião como se eu fosse alguém especial. E então compreendo porque uma peregrinação é tão importante.
Este ano foi muito especial por todas estas razões. Foi aquela que mais sublinhou algumas destas “nódoas”.
Em primeiro lugar parti este ano, convencida de que não precisava de ir.
Em segundo lugar, estive sempre meia irritada, como nada do que estava a viver fosse novidade para mim. Afinal o que eu queria era sensações novas, diferentes. Impressionante como podemos ser tão presunçosos.
Em terceiro lugar, escandalizei-me com algumas atitudes de algumas pessoas que tal como eu acham que temos direitos especiais e que as coisas devem ser feitas à nossa medida, a medida do Estoril.
Em quarto lugar, tive a audácia de desejar ouvir homilias novas, outras palavras. Esqueci-me que a mim ( a nós) nos é dado caminhar não com um, mas com 4 padres, que nos servem e ouvem do nascer ao por do sol, sem dizer não a ninguém. Esqueci-me que há muitas lugares no Mundo onde não uma única missa no espaço de quilómetros ou no ano.
Então, cada vez que faço este exame de consciência da minha caminhada, penso: ainda bem que fui. Ainda bem que não me acho santa, que ainda me falta tanto. Ainda bem que faço dos outros o meu espelho, para não criticar, mas mudar o que vejo errado em mim. Ainda bem que apesar de ser tão mimada pela vida, estragada pelo conforto e pela soberba posso recorrer ao sacramento da confissão e assim como Jesus disse a Nicodemos, poder nascer de novo. Vou percebendo que só me colando a Jesus, posso ser radicalmente sua seguidora. E digo em alto para nunca me esquecer:
Quero ser sua, mas de coração manso. Ao seu jeito!
Quero ser sua, mas disposta a deixar tudo!
Quero ser sua, sem impor nada aos outros!
Quero ser sua, com o meu exemplo e não pelas palavras!
Quero sorrir perante o que me comove e sem que nada me perturbe, ponha mãos à Obra.
Quero ser sua, como Ele me imaginou e sei que no dia que morrer posso dizer como Padre Hugo, no encontro em Santarém, Ele vai estar ali para me levar para sempre.
Por tudo isto quero agradecer especialmente aos nosso queridos Padres Dário, Hugo, Diogo, Eduardo, a disponibilidade, o cansaço e a paciência que tiveram connosco, sobretudo comigo.
Agradecer á tia Gena, oh Tia Gena, como eu gosto de ti! E como às vezes apetecia-me dar-te um beliscão, por aquilo que não entendo em ti. E como às vezes queria pegar em ti ao colo, para não te cansares e estares sempre à nossa “beira”.
Agradecer a todos os que me deram de comer, de dormir.
Agradecer à minha querida mãe, que quero aprender a amar cada vez mais.
Agradecer a Maria, Nossa Senhora, ter aparecido em Fátima, e me (nos) dar a oportunidade de percorrer este Caminho, que não é deste Mundo, mas já do Mundo que há-de vir.

Sofia Guedes
Junho 2007

Monday, May 21, 2007

Há sempre uma mão para nos ajudar

"Há sempre uma mão para nos ajudar.

Esta parece ser uma constante ao longo do caminho. Em grupo, somos quase uma família. Se não temos água, logo há alguém que estende a garrafa e enche a nossa.

Se nos esquecemos dos pratos e garfos de plástico em casa, não é preciso esperar muito para que nos emprestem os talheres.

Se vêem que não vamos a andar bem, logo nos perguntam o que temos. E não demora muito para que se chame alguém que tenha uma pomada milagrosa ou nos faça uma massagem.


Não é preciso que seja alguém conhecido para que essa pessoa se aproxime de nós. São gestos que vêm muitas vezes de desconhecidos, mas que em comum têm o facto de estarem a trilhar o mesmo caminho.

Como Simão, o Cireneu, fez ao carregar a cruz de Jesus, há sempre alguém para nos ajudar a superar as dificuldades..."

Por João Duarte in rcaminhos
Foto:
João Duarte