Saturday, May 30, 2009

Hoje é 3a ou 4a f.?

Foi assim que cheguei a casa.

Não sabia o dia da semana em que estava.

Tinha desligado.

Cheguei a casa com pena da peregrinação ter acabado e quando vi o meu duche tive saudades dos duches que tive e quando vi a minha cama tive saudades do meu saco cama e de dormir rodeado de amigos. Muitos dos quais nem sei os nomes.

Só quando abri a agenda comecei a por os dias, as horas e a dita vida normal em dia.

Vida normal que cada vez mais penso que é anormal.

A peregrinação a sério não acabou, começou quando chegamos a casa.

Eu fui um dos super privilegiados que levou o andor dia 12 a noite.

Curiosamente durante a caminhada, primeiro disse que sim que levava o andor, depois quando nos aproximávamos de Fátima no dia 12 disse que não e depois do terço em frente a Capelinha vieram ter comigo e perguntaram: Vens ou não vens, deixa-te de merdas ? Disse que sim e foi espectacular. Depois de termos sido escolhidos fomos levados para uma sala onde estava o andor já todo arranjado mas sem a Senhora. Tudo a volta do andor nesta sala eram flores. Ficamos de boca aberta e aflitos. Perguntamos ao Servita se podíamos rezar uma Ave Maria ali. E rezamos. Todos queríamos dizer coisas mas ninguém dizia nada. Até que um mais afoito perguntou a um Servita se podia ir a casa de banho. Ele disse que sim. E fomos oito a casa de banho. Havia uns risos nervosos de imensa responsabilidade e uma vontade enorme de tirar uma flor do andor mas ninguém mexeu em nada. Vieram os Servitas com as suas explicações: Vão levar o andor vazio para a Capelinha e depois fazem o primeiro percurso. Poisam devagar o andor e depois voltam a levantar o andor com a Senhora e vão andando devagar e rematou: “ Não deixem cair a Senhora “ ! Foi espectacular. Foi único. Levantamos o andor com a Senhora e como o cortejo estava atrasado estivemos uns bons 5 minutos parados na Capelinha a carregar o andor já com a Senhora antes de começarmos a andar. Mais uma vez vi o sortudo que eu sou e os privilégios que vou tendo na minha vida. O abraço que todos trocamos quando mudamos de turno foi longo e sentido. É para quem fez.

Como toda a gente tenho problemas na minha vida que comparados com outros de tantas outras pessoas não são nada e tenho tantos privilégios.

Invento problemas, invento coisas e isto é um dos meus problemas.

Aprendi nesta peregrinação que para poder gostar dos outros tenho que gostar de mim primeiro. Tenho que me aceitar e ser menos revoltado. Explodir menos e sobretudo pensar primeiro.

Continuo a não perceber as questões da dor, do sofrimento. Não consigo ficar indi- ferente quando vejo alguém a sofrer de dor, de emoção, de tristeza, de alegria. Já ouvi muitas explicações mas não acredito em nenhuma.

Continuo a não perceber porque uns e não outros.

Continuo a não perceber certas posições da Igreja. As vezes, na minha opinião, tanto radicalismo para umas coisas e tanto politicamente correcto para outras.

Muitas vezes penso o “ Chefe “ faria assim ? O “ Chefe “ diria isto ? O “ Chefe “ disse que o seu reino era outro. Então onde esta a duvida ? Porquê o socialmente bonito ?

Um dos meus grandes problemas é que eu não me revejo em muitos dos empregados do “ Chefe “ como eu lhes chamo. Pela simples razão que dizem uma coisa e fazem outra. Pela simples razão que não lhes encontro nenhuma espiritualidade. Pela simples razão que não me fazem rezar. Pela simples razão que não me fazem pensar. Não acredito em quem fala sobre matérias sobre as quais nunca tiveram que resolver na sua própria vida. Como se diz no mundo dos negócios: Nunca se tiveram que atravessar. É fácil dar opiniões sobre coisas importantes, muito importantes, mesmo muito importantes sobre matérias que não nos tocam, que não temos que resolver. Eu prefiro dizer que: O que eu quero é nunca estar na posição de ter que resolver, decidir isto ou aquilo.

Continuo a gostar de ir a Fátima mas continuo sem perceber porque Fátima trata tão mal os seus visitantes e peregrinos ( limpeza, higiene, espiritualidade, silencio, zonas verdes, restaurantes com uma sopa quente abertos durante a noite, etc. ). As vezes penso Fátima tem negócios a mais e espiritualidade a menos e irrita-me quando oiço pessoas não praticantes a gozar com estes aspectos.

Sei que fico muito aflito com certas frases que oiço em doentes, que me fazem ter vergonha das minhas queixas, que me fazem rezar, que me fazem crescer, que me fazem ter um respeito enorme pela pessoa que esta a “ falar “ comigo. Pessoa que efectivamente as vezes não fala, escreve, acena com a cabeça ou só com a sua expressão me faz acreditar.

Sei que a vida dá muitas voltas e sei que se hoje estou aqui é porque estive a afogar-me.

Sei que se hoje levo a vida que levo é porque Deus quando fecha uma porta abre uma janela.

Sei que queria ter mais coisas mas também sei que podia dar aos outros mais coisas.

Sei que ando a deixar de ser revoltado aos poucos e que tenho ainda muito chão para pisar.

Sei que cheguei a casa e andei a procura da agenda de 2010, que ainda não comprei, para marcar a peregrinação do próximo ano.

Sei que desfiz o saco com pena mas a vida a serio começa hoje no dia Fátima + 1.

Sei que em casa cheio de comodidades rezo pouco e naquele dia na estrada debaixo de chuva, todo molhado, rezei, cantei e senti-me bem. Sei que senti orgulho em todas as pessoas que saíram para a caminhada depois do pequeno almoço em Vale Figueira. Todos sabíamos que íamos apanhar uma molha mas ninguém disse nada, ninguém criticou, ninguém ficou para trás. Fomos todos. Todos molhados a rezar. Foi espectacular de força.

Sei que numa orquestra de vez em quando chama-se um só instrumento para brilhar, para fazer um solo. Aqui brilhamos todos bem molhados a luz da chuva.

Sei que para rezar e ou recordar ( matar saudades ) faço percursos da peregrinação. Vou andando, vou recordando tudo. Vou procurando as mochilas e o Cocas para saber se vou no caminho certo.

Sei que ao longo do ano vou explicando como é a peregrinação, as etapas mas, sei que é difícil, impossível explicar as emoções que vou sentindo, os olhares, as conversas, os terços rezados pelas bermas, pelas estradas, pelos campos.

Sei que estar parado, sozinho em frente ao Pavilhão da Azambuja, recordar tudo e não ver ninguém é uma solidão enorme.

Talvez seja por isso que faço cruzes. Talvez seja uma forma de eu rezar. Passo dias seguidos sem fazer nenhuma e depois vem uma vontade enorme e são seguidas.

Senti muito a falta do Zé Pedro Rhodes Sérgio. Gostava da sua amizade, do ouvir cantar e de rezar com ele.

Sei que voltei com mais vontade de ir ao IPO e de aprender com os doentes. A pouco tempo uma Senhora que tem um problema na garganta me dizia: Saio amanhã e logo que poder vou a Fátima com o meu marido. O que é preciso é ter fé para ter força e saber que há pessoas que estão muito pior que eu.

Só me sento no chão nas bermas das estradas uma vez por ano mas essa vez sabe tão bem e é recordada ao longo do ano.

Sei, já tive provas duras dadas, que as amizades que fiz no Passo a Passo são para a vida e que cada vez que nos encontramos sem querer rezamos. Sei que já conheci gente no Passo a Passo com os quais ia para a guerra.

Sei que esta semana, é a semana magica do ano.

Tomas Moreno

FÁTIMA, MAIO 2009


"Testemunho de um priveligiado"

Já tinha tido por duas vezes o previlégio de transportar o andor de Nossa Senhora em Fátima mas sempre em Outubro. É uma sensação arrepiante por um lado mas tranquila por outro pois sentimo-nos perto do Céu.

Este ano,após a chegada ao Santuário com toda a carga emocional que a todos nos enche, fui a correr para as traseiras da Capelinha aguardar a escolha pelos Servitas de quem leva o andor na Procissão das Velas.

E de um grupo de oito (dos quais faziam parte o Tomás Moreno, o Francisco Mota Ferreira, o António Sobral e o Filipe) fui escolhido para ,juntamente com um peregrino do norte, ir à frente no primeiro turno,ou seja, aquele que vai buscar o andor ao sitio onde ainda se encontra repleto de flores mas vazio, depôr o mesmo na Capelinha e aguardar que , durante o 5º mistério do Terço seja colocada a Imagem da Virgem e seguir por entre a multidão até mais ou menos um terço do Santuário, onde o 2º turno nos aguarda.

Embora seja muito difícil, vou tentar explicar o que senti nestes três quartos de hora.

Comecei por agradecer e ao mesmo tempo pedir perdão à Virgem por um vulgar pecador como eu manchar a candura e o brilho tão puro da Imagem e do que Ela representa.

Com os nervos à flor da pele pensei que não ia conseguir levantar os cerca de 40 Kg que cada um carrega, que as minhas hérnias lombares me iam imobilizar durante a Procissão e que ia manchar a beleza de tal momento. Assim pensei em desistir pois não ia conseguir. E tudo isto se passava com o andor ainda vazio.

Olhava para os sete que estavam tão ansiosos quanto eu, e o staff do santuário que nos rodeava tentavam descontrair-nos transmitindo um voto de confiança .

De repente o Tomás pergunta a um servita o caminho da casa de banho e aí fomos todos a correr aliviar o nosso nervoso de miudo que entra no liceu pela primeira vez.

Depois deste episódio rocambolesco, ouvimos uma voz de comando : “ Tudo pronto ? Vamos começar “

E foi neste momento que o meu colega que seguia em 2º lugar atrás de mim me bate nas costas e diz “Amigo não te aflijas pois tenho força de dois “

Foi esta mensagem do Céu que eu necessitava de ouvir para conseguir por duas vezes levantar a minha parte do pesado andor.

Quando as portas se abrem e entramos naquele mar de velas acesas julguei que eram as portas do Céu se tinham aberto. E sem saber como aí estou eu em plena Capelinha no meio da pompa da cerimónia a uns escassos metros da Venerada Imagem da nossa Mãe.

Senti redobrar a Paz do Céu que durante a semana nos invadiu.

Sem me aperceber as lágrimas começaram a cair, tudo isto diante daquele aparato de halofotes, fotógrafos e câmaras da TV.

Também sem me aperceber comecei a descarregar para o Céu todas as Avé Marias , Pai Nossos e tudo mais que tinha acumulado durante ao nossa caminhada.

E então dei conta que todo o nervosismo era injustificado, pois quando se trata de servir Nossa Senhora, tudo corre bem, tudo é Brilho e Luz.

Começa então a nossa lenta caminhada pela ala da Procissão, em que me abstraí por completo do peso no ombro.

Olhava enternecido para as faces devotas da multidão que ,ao passar o andor ,se prostrava mentalmente perante a Sagrada Imagem .

Senti carregar o Mundo às costas, e com uma estranha e inexplicável leveza .

As lágrimas não paravam de cair e nada fiz para as enxugar pois eram lágrimas priveligiadas de orgulho e devoção por este inesquecível momento que tive a SORTE de poder viver.

E com grande pena minha passei o meu lugar ao João Pinto Magalhães que me rendeu em tão honrosa tarefa.

João pela tua cara percebi o que estavas a sentir! Considera-te também um previlegiado.

E só tive tempo para, no meio da multidão e ainda de cara molhada, dar um forte abraço ao desconhecido peregrino que com a sua palavra amiga de força dupla me fez andar sem receios.

Luis Barahona de Lemos

Maio 2009

Wednesday, May 27, 2009

"Caminhar com Maria" por Padre Dário



Ser peregrino é dom, é graça. Cada passo, cada paisagem, cada irmão ou irmã, cada partilha, cada oração, cada momento de silêncio,
cada sorriso, cada ajuda, são dom precioso de Céu, através de Maria. E a peregrinação, com a Mãe, é momento de conversão, de caminhada para a santidade, momento de exame de consciêncuia da vida, dos critério, das opções. A peregrinação interpela, questionona, nos faz "mexer" por dentro. É tão bom ser peregrino, passo a passo, com este grupo maravilhoso. Bendito seja Deus. Como sacerdote tenho uma experiência linda, de ajuda e partilha, de muitas hooras de confissões, de atendimento pessoal, de escuta de corações , de vidas, de pecados, de vontade firme de mudar. Sou, pela graça de Deus e apesar de frágil e pecador, testemunha das maarvilhas que Deus e Nossa Senhora fazem no coração de muitos. São dias de retiro, de oração, de grandes momentos de silêncio onde Deus fala, toca por dentro, pede, e dá muito, mesmo muito. Ele é Amor infinito.

Que belos são os nossos terços meditados que nos unem a Maria e uns aos outros. Que maravilhosas são as nossas Eucaristias, qualquer que seja o Padre que as preside, onde Jesus fica no altar e vem ao coração de todos.

Que belas são as paragens para descansar, ouvir partilhas, res
sonâncias interiores. Que formadoras e interpelantes são as "palestras" espirituais, começando pela pequena dica da oração da manhã. E a paisagem, passo a passo, que nos eleva para Deus, nos faz "ver o invisível". Somos caminhantes para o divino, tendo como meta Fátima, o altar do mundo, a Casa de Nossa Senhora. Caminhamos na certeza que ela nos espera e, ao mesmo tempo, vai e caminha connosco. Ela é verdadeiramente a Virgem peregrina. E sabe-nos tão bem sua presença, seu olhar, sua ternura, suas palavras, sua ajuda. Obrigado, ó Mãe, ó Senhora de Fátima, ó Senhora da azinheira, ó Senhora dos Pastorinhos, ó Senhora das mensagens trasidas do Céu, que nos apelam à conversão.

Sou um verdadeiro privilegiado por poder peregrinar com tantos irmãos e irmãs.
Este ano parece que éramos cerca de 270.
Que maravilha!!!
E como me comove ver, na caminhada, uns a ajudar outros, com pés mais feridos ou almas mais atormentadas? E como me sinto pequenino ao perceber que corações generosos oferecem muitas das refeições? E como é recorfortante encomntrar o carinho de Jesus nas pessoas e nos rostos, nos corações que nos acolhem e partilham connosco?
É tudo tão divino, tão belo, tão evangélico...E a peregrinação, cada ano, se transforma numa sinfonia de amor. Até os toques de bosinadela dos camionistas são saudações amigas que alentam e dão alegria. Como é encantador caminhar , peregrinar assim Saímos mais ricos, mais determinados a amar e servir, mas comprometidos com Maria e com o Evangelho.

E afinal é isso que mais importa: que a vida se transforme, os corações se convertam, as famílias mudem.

E o mundo inteiro que vai nos nossos corações vai mudando também. E todos, começando por mim, trazemos muito "trabalho para casa", muito compromisso para colocar em prática, muito apelo para transformar a vida.
E fica-me sempre u
ma imensa gratidão a todos, sobretudo à tia Gena e a toda Equipa que ajuda, organiza, nos facilita a vida e nos enche a alma e o coração. Como é bom peregrinar assim. Bendito seja Deus. Amém. Aleluia

Padre Dário Pedroso sj

Tuesday, May 26, 2009

Levei a todos comigo na sola dos meus pés

Pé na estrada. São os pés que me levam. São os pés que não me deixam parar.

É ao ritmo da passada que desfio Ave-Marias. É nos pés que levo as dores e as alegrias de cada um.

Nos pés doridos levo os doentes, os moribundos, os maltratados, os abandonados.

Nos pés que tropeçam numa pedra ou resvalam numa inclinação levo os pecadores os desviados, os infelizes, os que estão prestes a cair.

Nos pés que dançam ao som dos cânticos levo os bem aventurados, levo os alegres, os oprimidos, semeadores de esperança e de amor.

Nos pés tratados levo os que me amam, os que cuidam de mim, os que rezam por mim, os que me dão mimos, os que me ajudam a caminhar mais além.

Nos pés com bolhas levo os defeitos, os meus e os de todos, Bolhas que não deixam andar direito mas que fazem pensar que existem, e que era muito bom que desaparecessem , para que assim o caminhar fosse mais leve e levasse mais depressa ao destino.

Nos pés untados de creme levo comigo os consagrados e os sacerdotes. Sem estes não poderíamos ter os sacramentos cujo óleo divino nos dá protecção para a grande caminhada da viva.

E assim nos muitos passos até Fátima não pára de louvar e agradecer ao Deus da minha vida e de interceder pelos meus e pelos pés de todos

Que nos levem mais longe!

Leonor Simões

Sunday, May 24, 2009

Eu também vos pertenço, sois parte de mim

Confrontada, este ano, com a impossibilidade de fazer os caminhos para Maria convosco senti "ao vivo e a cores" o sacríficio emocional mas, simultâneamente, a confirmação de que sois parte de mim e que eu, também, vos pertenço. Um sentimento de pertença que nasce duma vinculação construída com muito amor, este amor que nos leva ao Pai do Céu através de Maria.
No dia 6 toda a minha vida estava organizada para às 19.00h estar no Estoril na Missa do envio, despedir-me de vós e, também, não consegui... as horas a passar e a impossibilidade a tornar-se gigante e o meu coração muito, muito apertado.

O dia 7 passei-o a chorar...a lembrar-me sempre a esta hora estão aqui...agora vão em silêncio...terão rezado o terço no Jardim de Alhandra?...a missa de Vila Franca de Xira...a apresentação dos novos e, tudo isto com lágrimas ( os que me conhecem sabem que sou uma grande chorona!) e, dia 8 comecei o meu dia de trabalho mais cedo com o entusisasmo necessário para sair mais cedo e poder ir ter convosco a Azambuja...dia em que em tempos já passados descobrimos Deus no "outro" sentado ao nosso lado, onde o arroz de favas era partilhado com o nosso querido Zé Pedro...ele comia o arroz e as favas e eu os enchidos que não lhe faziam nada bem...

Cheguei à missa na Herdade dos Ortigão Ramos e lá estavam todos sentados e eu cá atrás a poder vê-los, ouvir, cheirar (e, não era a palha!!) e, mais uma vez chorei a emoção da separação /reencontro com quem me é tão querido....a meditação lida pela Rita (D.) na Acção de Graças caiu que nem mel...e, depois o poder abraçar todos...jantar, reunião e ouvir o que já levámos daqui se a peregrinação terminasse neste dia?... para quem nem começou já leveva muita coisa mas, Malica disse o que para mim tem sido a grande aprendizagem deste Caminho "a sofrer com alegria"....e o Pita a crescentou "sorri para a minha fé com lágrimas nos olhos"...e as palavras do

Padre Dario que muitos referiram...um apelo a um coração tranquilo!!
Claro que regressei a casa triste por não vos poder acompanhar mas, rezando para não me desviar do que tenho conseguido aprender nas nossas caminhadas e não perder a possibilidade de praticar...mais a obediência!! palavras sábias da tia Gena: não entrar a meio ou se começa no 1º dia ou fica para o ano, não aparecer a meio para não destabilizar...e, voltei em Vale Figueira marco irreverssível da nossa caminhada e, o Padre Dario falou de nos descentrarmos de nós próprios...de irmos ao encontro do outro...do desapego das amarras do mundo e, ouvi o Sopas cantar as Bem Aventuranças!!

Regressei em Alcanena e, agora já para ficar em Fátima para vos ver chegar mais um ano sempre como se fosse a 1ª vez...
Aqui, estive acompanhada pelo Zé Roquete e, no dia 12 fizémos em Fátima a "nossa" peregrinação...Via Sacra dos Húngaros às 07.30h da manhã, missa nos Valinhos, Capelinha, visita ao Senhor Lausperene, meditação na nova Basílica e,...de banquinhos lá fomos entusiasmados para a porta do Santuário esperar pelo "nosso" grupo e fomos encontrando mais e mais que também já foram um dia...mais os que nunca tendo indo também vos esperam...LINDO!!
e, rezámos o terço juntos em frente da Senhora ..cada um de nós com as suas intenções, suas súplicas, graças e, sinceramnete, com o desejo que sejamos sempre grupo com vínculos de pertença construídos no Amor a Maria e ao Seu Filho.

um abraço muito abraçado,
Tareca

Saber ser Feliz na Fé

Não sei se será apenas de mim, mas tenho a sensação de que, este ano, os seis dias passaram a voar. Felizmente, já só faltam 365…

Este ano, ao contrário dos anteriores, não tinha factores externos que pudessem influenciar o meu encontro anual mais aprofundado com Maria. Sentia que estava pronto.

Ou quase.

Sentia aquela ansiedade que nos assalta antes da partida, a animação de rever velhos amigos e tantas outras pessoas que, por vicissitudes várias, a vida apenas nos permite que, no melhor cenário, nos encontremos uma vez por mês.

(Re)descobri que, como todas as anteriores que tive o privilégio de fazer, esta foi também uma peregrinação diferente.

Diferente até, porque este ano, o clique tardou a surgir. Não que a Fé não nos acompanhe, não que a devoção a Maria, Nossa Mãe, não esteja presente. (E que melhor presente podemos ter de Nossa Senhora que não seja levar o Andor na Procissão das Velas??).

Mas sentia que faltava algo. Faltava algum sossego para a minha alma.

São José Maria Escrivá costumava dizer algo que quero partilhar com vocês:

“Mãe! Chama-a bem alto. Ela, a tua Mãe Santa Maria escuta-te, vê-te em perigo talvez, e oferece-te, com a Graça do Seu Filho, o consolo do Seu regaço, a ternura das Suas carícias. E encontrar-te-ás reconfortado para a nova luta”.

E foi o que tentei fazer ao longo destes dias. Confesso-vos que uns mais do que outros, com mais força nuns dias, mais coragem e mais Fé, e noutros, onde sentia que o rezar não é apenas o acto mecânico de chutar Avé Marias para o Céu. (A Tia Gena que me desculpe a usurpação da sua frase).

Mas sei que rezar aqui nestes caminhos é descobrir também o prazer de uma conversa, o partilhar das nossas alegrias e tristezas com quem temos o privilégio de caminhar ao nosso lado e sentir e saber que podemos chamá-lo de Amigo.

É a partilha de um momento, de um sorriso cúmplice, de uma piada até, que isto da beatice não tem que ser sempre tudo à séria e com um olhar pungido.

Como dizia o Padre António em Santarém, temos de ser felizes na nossa Fé e temos também a obrigação de a mostrar e de a partilhar com quem ainda não foi agraciado com esse maravilhoso dom de Deus.

E se Jesus, que foi Jesus, também precisou de crescer na Fé, como é que nós, simples seres mortais e pecadores, não temos também de o fazer?

Jesus Cristo foi feliz porque acreditou. Porque mesmo quando duvidou, no Horto das Oliveiras, aderiu à vontade do Pai.

Podia dizer-vos muito mais. Despeço-me com a sensação de saudade e deixo-vos, uma vez mais com S. José Maria Escrivá:

“Alguns passam pela vida como um túnel e não compreendem o esplendor e a segurança e o calor do sol da Fé”.

E nós, que temos a Graça de a possuir, quando sairmos daqui, saberemos ter a coragem de a continuar a alimentar?

FRANCISCO MOTA FERREIRA

13 de Maio de 2009

Friday, May 22, 2009

Meditação - Missa Azambuja

Do fundo do meu coração, quero servir-Te

Do fundo do meu coração, quero seguir-Te

Do fundo do meu coração, quero contemplar-Te

Do fundo do meu coração, quero chegar-Te.

Por isso Te peço que me libertes das amarras do medo,


Do medo de me expor, de me dar, de me comprometer.

Ilumina o meu espirito,

Para que consiga encontrar o meu lugar,

Ilumina o meu coração,

Para aqueles que estão aqui ao meu lado, eu consiga amar.

Sustenta os meus projectos para que consiga servir-Te.

Aposta nas minhas ambições para que eu consiga seguir-Te.

Ajuda-me a perceber por que estou aqui,

Para que consiga contemplar-Te.

E que eu me deixe seduzir pela Tua grandeza

Para que possa chegar-Te.

Ao longo deste caminho

Senhor ajuda-me a descobrir o que sou, o que quero ser.

Transforma-me e torna-Te visível aos outros através de mim.

E se eu falhar Senhor, faz com que eu veja,

Faz com que os outros me ajudem a ver,

Para que eu possa recomeçar.

E se eu fraquejar, senhor, se me faltarem as forças, se eu chorar,

Olha por mim com a Tua suavidade, a Tua subtileza,

Porque sei que o Teu olhar tudo renova

E no final, Senhor, que a obrigação se transforme em devoção!

E aí não serei eu e Tu a caminhar…

Seremos um, Seremos Nós!

Foto - Carolina Bravo

Wednesday, May 20, 2009

Passo a passo para Maria peregrinei a Fátima e com Maria atravessei o Tejo....


A calma, serenidade e paz, muita paz, continuam dentro de mim, após a semana que vivemos para Maria e com Maria e que este ano, inexplicavelmente, parece perdurar. O mundo real estava à minha espera, à espera de todos nós, mas Maria continua ao meu lado, minha amiga, a dar-me a mão, a dar sentido ao meu dia a dia, a desassossegar-me para caminhar a seu lado, a beliscar-me se me distraio, a cantar-me no silêncio para que a oiça e a pedir oração, mais oração. E é tão simples o seu falar, e parece que só agora a compreendi. E é esta maravilha que me fez crescer este ano, crescer para Maria e poder falar d’Ela com os que estão à minha volta. E este ano algo de novo aconteceu no meu mundo do trabalho: tive uma chamada do meu CoE (durante a caminhada) à qual não respondi e quando a devolvi pediu-me mil desculpas pela interrupção das férias pois não se lembrou do propósito das mesmas (é Dinamarquês, agnóstico, está há 1 ano em Portugal e o ano passado tive alguma dificuldade que aprovasse a minha ausência em Maio). Ainda hoje me perguntam “como foi tudo” e descobri pessoas maravilhosas com um respeito enorme pela Mãe e com quem passei a ter outro “tipo de conversas”….

Já reflecti bastante sobre esta “onda de paz” que vivo e sinto e penso que tem a ver com a minha preparação pessoal e com a crescente preparação da nossa “família do Estoril” que, se calhar sem me aperceber, foi-nos conduzindo ao longo do ano. Como disse o Padre António, cada peregrinação é A Peregrinação, e esta frase bateu forte cá dentro e foi mesmo assim!

Foi após a nossa reunião de “debriefing” no dia 13, em Fátima, que fui desafiada para acompanhar a Senhora na sua travessia no Tejo. Tinha acabado de me despedir d’Ela, depois da oração dos Servitas quando realizei que não era um Adeus mas sim um Até já…

E foram tantas as graças que recebi durante a nossa caminhada que receber mais este presente do céu encheu-me de uma enorme alegria.

Tinha visitas em casa nesse fim-de-semana, um casal de alemães, que vinham “turistar” e matar saudades de Portugal após muitos anos de ausência. Mesmo assim, fui “fazendo a cabeça deles” para o momento único que poderiam viver.

A partida da marina de Oeiras já foi cheia de emoção: o meu primo Carlos Ramos (avô da Marta que está a precisar do transplante de medula óssea…), eu e o Nuno, a minha mãe, a Mónica e o casal de alemães. Ao nosso lado também iam 2 barcos de amigos que conseguimos desafiar pois pouca gente sabia desta iniciativa.

Ao chegarmos perto da ribeira das naus avistamos a Sagres, toda engalanada com os marinheiros em posição de “às armas” em todos os mastros! E à espera da imagem estavam cerca de 150 barcos (nosso cálculo!)! Barquinhos de pescadores, barcos médios, 2 barcos a remos das escolas náuticas, cacilheiros cheios de gente, salva-vidas, etc…. Havia um yate que levava a cruz de Cristo içada e alguns barcos ouvia-se o terço cantado….até ouvi o Aleluia da Joana que vinha de um veleiro ao nosso lado! A espera foi difícil porque todos queríamos estar o mais perto possível do navio de guerra que A transportou e a polícia marítima esteve sempre a controlar o rumo dos barcos.

Assim que a imagem entrou no barco oficial e vimos que ia ficar no exterior com uma protecção de vidro foi espontâneo o buzinar de todos e o aceno com lenços brancos! O casal de alemães acenava com emoção e alegria, afinal era a Senhora de Fátima que ali estava a olhar também por eles….A romaria a Almada fez-se em silêncio e todos os barcos muito juntos a seguir a esteira da Senhora. Quando passámos pela Sagres houve uma paragem para as 10 salvas dos canhões….foi arrepiante! A chegada a Almada foi inexplicável! O porto e todas as ruas circundantes estavam repletas de pessoas que A queriam ver..não havia um espaço vazio pelas ruas íngremes. O andor em terra já estava pronto para A receber e os marujos fizeram o transporte do barco para terra.

A popa do barco que A transportou estava linda, os arranjos florais eram muito bonitos!

Fizemos o rio de volta ao pôr-do-sol, com o céu muito encoberto e o sol a espreitar pelas nuvens pretas! A Senhora tinha ficado em bom porto mas continuava connosco….até sempre!

Um forte e grande obrigada a TODOS!

Teresesa Mendes Ferreira


Tuesday, May 19, 2009

Fátima 2009 por Francisco Porto Ribeiro


Fátima 2009


Feito o balanço da caminhada deste ano, o que eu sinto e como posso traduzir, reduz-se a poucas palavras: quero mais.

Regressei na noite do dia 12, com muita pena minha e contra a minha vontade, mas teve que ser, por “razões de força maior”. Mas serviu-me para aprender que não mais irei ceder nos próximos anos, enquanto não me esquecer deste sentimento amargo e vazio que fica no peito pois hoje, vido com a sensação de “tarefa não cumprida” – tão perto e, ao fim e ao cabo, tão longe.

Por mim, teria ficado. Eu queria mesmo era ter ficado e permanecer junto dessa enorme “família” com quem peregrinei até Fátima. Resignado, só posso dizer que foi bom, foi muito bom o que se vivenciou neste percurso. Mais porque este ano, em particular, quando contava as pessoas no percurso, apercebia-me que o grupo estava mais unido, mais tranquilo, menos disperso e menos alvoraçado. Este ano, talvez um pouco motivado pela minha sensibilidade no momento, senti, verdadeiramente, que caminhava para Maria. É um pouco como se, finalmente, tivesse encontrado o meu sentido, a minha orientação. Não é que não tivesse sentido de igual forma em anos anteriores mas este ano, o apelo foi forte e apercebia-me disso quando me sentia bem acordar e saber que continuava a caminhar para Fátima.

Neste momento, escrevo no meu local de trabalho, na hora do almoço, mas o estranho é que ainda me sinto no “caminho”, eu ainda me encontro a caminhar para Maria. Não sei para onde irei, não sei por onde irei ou mesmo, não sei se algum dia lá chegarei mas de uma coisa posso garantir, enquanto tiver pernas e puder, continuarei a caminhar para Maria. Como a tia Gena diz sempre, entrego-me em Maria e seja o que Deus quiser.

Ainda a respeito do que senti este ano, posso afirmar que tive oportunidade, ou procurei criar essa oportunidade, de ter mais recolhimento, porque sentia necessidade de avaliar os meus erros, os meus pecados na vida, o meu modo de estar e de agir. Este ano vi que tenho que mudar e ser uma pessoa diferente, melhor sem sobra de dúvidas. E porque só este ano, perguntam vocês? Porque, seguramente, tive que vivenciar tudo o que se passou em anos anteriores para me ajudaram a crescer e a chegar aqui, a este estágio.

Cada ano é diferente e este foi muito diferente. Nós partimos diferentes e chegamos diferentes, sempre de modo diferente, e este ano não foi excepção. Para terem a noção, até à véspera não sabia se poderia ir, foi um drama. De mala no carro, para entregar, sem saber se iria. Eu queria, eu assim fiz tudo e depois, entreguei a Maria. Parece que, afinal, seria esse mesmo o meu sentido, o meu percurso. Tanta correria no emprego, para nada até porque se esquecem que o cemitério está recheado de insubstituíveis. Agora, tive mesmo que regressar a 12 à noite mas se me perguntarem para quê, eu não consigo dizer-vos.

De qualquer forma, o meu coração continua a sua caminhada, assim como as minhas pernas. Estou aqui sem estar porque ainda não me libertei do “caminho”, até porque sei, hoje sei, que é esse o meu sentido, é para aí que me devo orientar e é o que procuro na vida.

Bem haja Tia Gena e bem haja ao grupo do Estoril

Lisboa, Maio de 2009

Francisco Porto Ribeiro