Friday, October 30, 2009

Padre Luís Kondor regressa à casa do Pai

Padre Luís Kondor descanse em paz

O momento vivido na manhã de 30 de Outubro, em Fátima foi de recolhimento mas de esperança cristã, que, nas palavras de D. António Marto, bispo de Leiria-Fátima, nos faz compreender “que o nosso morrer não é o fim, mas o ingresso na Vida que não conhece mais morte, nem o luto, nem a dor”.


O mundo despediu-se de um arauto da mensagem de Fátima, o Padre Luís Kondor, Vice-Postulador da Causa da Canonização dos Pastorinhos de Fátima, falecido aos 81 anos, em Fátima, na casa onde residia.


A celebração das exéquias esteve inicialmente marcada para a Basílica de Nossa Senhora do Rosário, onde estão tumulados os Pastorinhos Videntes, mas, por haver informação de que um grande número de pessoas queria prestar a sua última homenagem ao Padre Kondor, a celebração acabou por ser transferida para a Igreja da Santíssima Trindade, que pela primeira vez acolheu uma celebração deste género.


A Missa foi presidida pelo Bispo de Leiria-Fátima e concelebrada pelo Bispo de Lamego, pelos Bispos Eméritos de Leiria-Fátima, Coimbra e Portalegre-Castelo Branco e por mais de 150 sacerdotes. Em destaque, pelo grande número, os sacerdotes da Congregação do Verbo Divino, a que o Padre Kondor pertencia, e os residentes na Diocese de Leiria-Fátima.


Participaram na celebração mais de três mil pessoas, que se juntaram a muitas outras que não podendo estar presentes manifestaram nos últimos dias aos familiares do Padre Kondor, à Diocese de Leiria-Fátima, à Congregação do Verbo Divino, ao Santuário de Fátima e à Postulação dos Videntes o quanto reconheciam, acarinhavam e estimavam este sacerdote.


Durante a homilia D. António Marto disse que o Padre Kondor, enviado para Fátima quando a Hungria foi invadida, soube melhor que ninguém compreender os apelos da mensagem Fátima, o que o levou, depois, a decidir-se difundi-los pelo mundo inteiro.


“Nas Aparições em Fátima, Nossa Senhora fez ecoar, de novo, precisamente esta mensagem do Magnificat para a humanidade do século XX, em risco de afundar-se no abismo infernal da autodestruição, e para a Igreja ferozmente perseguida para ser aniquilada. Foi esta beleza e grandeza da graça e da misericórdia de Deus que fascinou os pequenos videntes, os pastorinhos, e os atraiu para o caminho da santidade. Foi esta mensagem que o P. Kondor, vindo do Leste, percebeu, com particular acuidade, na sua relevância e urgência para a Igreja, para o mundo e para a vida cristã. Por isso se tornou um dos grandes arautos da Mensagem, com uma íntima, profunda e total dedicação. Promoveu a sua difusão universal com a publicação das ‘Memórias da Irmã Lúcia’ e do ‘Boletim dos Pastorinhos’ em várias línguas e através das suas viagens a vários países”, disse.


O prelado de Leiria-Fátima sublinhou também o grande afecto que Padre Kondor dedicou aos pastorinhos, “tomando a peito a causa da sua beatificação e difundindo a sua espiritualidade”, e a sua “devoção profunda ao Imaculado Coração de Maria” e que, por tudo isto, “o nosso caro P. Kondor fica indelevelmente ligado à história de Fátima”.


D. António recordou com comoção um dos encontros pessoais que lhe fez, na fase final da sua doença. “Numa visita que lhe fiz na fase final da doença confidenciou-me: “Quero viver este sofrimento como oferta de reparação tal como os pastorinhos”. E numa outra vez perguntou-me: ‘que posso ainda fazer, assim, pela Diocese’? Ao que eu lhe respondi: ‘Ofereça o seu sofrimento pelo dom das vocações sacerdotais de que a Diocese tanto precisa’. ‘Sim, sim’, foi a sua resposta serena, como quem se sente em paz”.


A solidariedade era uma outra característica marcante do carácter e das acções do Padre Kondor, o que lhe veio a merecer a homenagem pela “Fundação Ajuda à Igreja que Sofre”, comemorando os seus 50 anos de Padre e de presença em Portugal, e a insígnia de Comendador da Ordem de Mérito, atribuída pelo Presidente da República Jorge Sampaio.


Recorde-se que, durante muitos anos, o Padre Luís Kondor colaborou como intermediário entre instituições da Igreja alemã e obras nas dioceses Portuguesas. Entre os muitos apoios que consegue para a Igreja católica portuguesa, destaca-se: reconstrução de várias igrejas nos Açores, após o grande sismo de 1.01.1980. Dedicou-se a diversas obras: em 1956 a construção do Monumento dos Valinhos, em 1959 a imagem de Santo Estêvão que se encontra na Basílica; de 1960 a 1965 colabora com D. João Pereira Venâncio na construção do Seminário Diocesano de Leiria, do Colégio S. Miguel e do Colégio da Marinha Grande; em 1964 a construção da Via Sacra e Capela do Calvário; de 1974-1997 colaborou na transferência de ajudas financeiras da Weltkirche-Köln para dioceses, conventos, casas sacerdotais, paróquias e casas sociais em Portugal; de 1974-1997 colaborou com o Europäischer Hilfsfound das Conferências Episcopais da Áustria, Alemanha e da Suíça, no apoio a dioceses portuguesas; em 1979 a Construção da nova Casa Episcopal de Leiria; de 1975-1985 colaborou na construção dos novos Carmelos de Patacão (Faro), Bom Jesus (Braga) e São Bernardo (Aveiro).


“Até ao fim, manifestou o seu profundo amor pela Igreja. Neste momento, é nosso dever reconhecê-lo como um grande benfeitor da Diocese de Leiria-Fátima e da Igreja em Portugal. Com os seus vastos contactos internacionais conseguiu grandes ajudas para muitas dioceses, paróquias, seminários, mosteiros e causas sociais. A Igreja em Portugal fica-lhe muito grata e não o esquecerá”, sublinhou D. António Marto na homilia.


No final da celebração, antes da viagem até ao Cemitério Paroquial de Fátima, onde o corpo do Padre Kondor foi sepultado, tomou da palavra do Superior Provincial da Congregação do Verbo Divino, para agradecer todas as mensagem a manifestações de carinho pelo Padre Kondor na fase final da sua vida e também após a sua morte.


“ (O Padre Kondor) foi missionário toda a sua vida”. “O seu amor a Nossa Senhora era amparo, protecção e alegria, e sobretudo o caminho para chegar a Jesus Cristo. Era grande amigo dos Pastorinhos de Fátima”, disse o Padre José Nunes da Silva.
“Desejo que o amor infinito de Deus que tudo renova e que muito nos ama nos fortaleça e nos torne capazes de dar a vida à missão, como ele fez”, concluiu.


LeopolDina Simões, Sala de Imprensa

Ler aqui a Homilia da Missa

Domingo, dia 1 de Novembro - Solenidade de Todos os Santos

BEM-AVENTURADOS…
(Mt 1,2)
O apelo à santidade já vem de muito longe, já percorreu milhares e milhares de anos: “Sede santos, porque Eu o Senhor vosso Deus sou Santo”. Esta palavra do início da Bíblia foi ouvida e rezada por milhões de crentes, por uma multidão sem número: “sede santos”. O Povo de Deus tinha que ser um Povo de santos, pois o Senhor era o “Santo”. Deus é o Deus Santo. Criados por Ele temos que ser santos como Ele é Santo. Depois, no Novo Testamento aparecem muitos apelos à santidade: “sede perfeitos como o Pai é perfeito”. “ A vontade de Deus é a vossa santificação”…Não cessam os apelos, os convites, os desafios a uma vida santa.
Hoje ao celebrar a Solenidade de Todos os Santos, estes apelos devem ecoar dentro de nós. O mundo, a Igreja precisam de santos. Na família, no seio da sociedade, nas escolas, nas fábricas, na vida social. Sacerdotes santos, consagrados santos, leigos santos. Correspondendo aos apelos de Deus temos que caminhar na santidade, tentar responder com uma vida mais evangélica. Os santos são os grandes benfeitores da humanidade e da Igreja. São sentinelas da esperança, são portadores de Deus e da sua graça, homens e mulheres que amaram sem medida, contemplativos na vida, corações em fogo, vidas apaixonadas por Deus e pelos irmãos, pessoas que se esquecem de si para se darem aos outros, sobretudo aos mais pobres e aos que mais sofrem, vida impregnadas do divino, vidas cristificadas pelo dom da graça. Homens e mulheres que tomaram o Evangelho a sério e viveram a alegria das bem-aventuranças, que o texto da Eucaristia de hoje proclama.
Todos os Santos, canonizados ou não, significam todos os que já partilham a comunhão total com a Trindade, que participam da vida em Deus em plenitude, na festa que nunca mais terá fim. Santos de todas as raças, de todas as idades, de todas as culturas, de todos os estados de vida…santos da nossa família, da nossa terra, muitos dos nossos amigos… Que alegria celebrar hoje essa multidão imensa de bem-aventurados. É convite à acção de graças, convite e apelo à nossa santidade. Não à mediocridade, não à tibieza, não à preguiça espiritual, não ao mundanismo que nos impede viver o Evangelho mais a sério. Um sim radical e generoso ao amor, à vida, à justiça, à verdade, às bem-aventuranças assumidas e vividas a sério, com audácia e determinação.
A santidade é mais dom de Deus que conquista nossa. É acção do Espírito Santo que nos vai trabalhando interiormente e santificando, vai curando e purificando. Acção da graça, sobretudo da Eucaristia que serve de remédio para a alma e para o corpo. Protecção da Virgem Maria que intercede, ampara, encaminha. Acção misteriosa da Palavra de Deus em nós, que nos burila e converte, que nos faz ser ao jeito de Jesus. Mistério insondável do amor que nos quer conquistar o coração, fazer atear sempre mais o fogo divino em nós. Tudo, como é claro e evidente, com a nossa colaboração, a nossa participação, o querer determinado da nossa vontade, o esforço deste “vaso de barro”, que quer caminhar com Deus e em Deus para ser “bem-aventurado”, feliz, homem e mulher a viver a paixão por Jesus, a comunhão trinitária, a alegria do dom e do serviço evangélico, a assimilação progressiva da Palavra. Sem esquecer nunca que a santidade tem um nome: o amor, a caridade, que é serviço, dom, entrega, oblação, que se expressa de muitos modos, como ensina S. Paulo, mas sempre num desejo de amar mais, amar melhor, para ser “bem-aventurado”, para viver sempre mais feliz.

Wednesday, October 14, 2009

Enviado Pela Nicas

Cristianismo I

Há em todos os países europeus uma tradição e cultura cristã, que deu sentido e implantou valores a uma civilização, que irradiou para o resto do mundo, exercendo sobre longínquas culturas locais, uma influência que suponho, ninguém põe em dúvida. A Europa com especial relevância para Portugal e Espanha, foram os principais artífices dessa saga missionária cristã, que teve inicio no século XV. Mas será que estes dois países são actualmente verdadeiramente cristãos? Será que o Cristianismo praticado e/ou vivido pelas pessoas é um Cristianismo autêntico? Veja-se o caso português, embora me pareça que a situação em Espanha é em tudo idêntica à nossa. Julgo que neste contexto, é possível dividir a totalidade dos cidadãos em quatro grupos distintos.

Um primeiro grupo será constituído por aqueles que professam outras religiões, pelos ateus (negam a existência de Deus) e pelos agnósticos (entendem que o homem nada pode conhecer para além da experiência imediata). Constituem sem dúvida um grupo reduzido, cujo valor de percentagem estará longe de um número com dois algarismos.

Distingo depois um segundo grupo, sem dúvida o mais numeroso, o qual poderei designar como o dos Católicos não Praticantes. Constituem este grupo:

-Os que mercê de uma formação infantil cristã, ou de um ambiente onde apesar de tudo os valores cristãos ainda são aceites, trazem no seu subconsciente, resíduos desses valores.

-Os que respondendo a um senso da população, na pergunta sobre que religião professam, colocam uma cruzinha no quadrado da Católica.

-Os que aceitam casar na Igreja, baptizam os filhos, levam-nos à Catequese, participam nos actos litúrgicos, embora não estejam esclarecidos e conscientes do que tal significa.

-Os que querem para si e para os seus familiares, um funeral com o Padre.

-Vão à Senhora de Fátima cumprir uma promessa feita em momento de aflição.

-Exigem que haja procissão na festa anual da sua aldeia.

-Muitíssimos são anti-clericais, dizem mal dos Padres, dos Bispos e da Igreja, de que são parte integrante, se baptizados e têm a SUA religião. Esta sua religião não implica porém compromisso, nem preocupação de conduta, de uma vida coerente e honesta.

-Chamam beatos aos que vão à Igreja (por vezes com razão) e dizem que para se relacionarem com Deus, não precisam nem dos Padres nem da Igreja, o que em parte, mas só reduzida parte é verdade.

-Sabem que Cristo existiu (a historia o confirma), que pregou uma mensagem de amor entre os homens, mas que morreu há dois mil anos.

-Acham que até é bom que haja religião, pois é sem dúvida um travão para a maldade dos homens, dos outros homens ,obviamente. Para eles Deus só existe nos momentos difíceis, quando já não há mais a quem recorrer.

Julgo poder distinguir seguidamente, um terceiro grupo, muito menos numeroso que o anterior, e que designarei como o dos Católicos Praticantes, que se caracterizam pelo seguinte:

-São antes de tudo e em larga escala pessoas bem-intencionadas, mas preocupadas sobretudo com a sua salvação.

-Reduzem a religião a uma série de praticas, às quais assistem (não participam) por obrigação e com sacrifício (assim o dizem).

-Reduzem a Igreja a uma agência de Sacramentos, uma espécie de estação de serviço, onde e quando necessitam, se vão servir de Missas, Baptismos, Comunhões, Novenas, Funerais, etc.

-Ao saírem do Templo deixam de ser cristãos, pois o seu Cristianismo deixa de influir na sua vida. Destes dizem, e com razão muitas pessoas “Era bem melhor que fossem menos à Igreja, mas fossem boas pessoas”.

-Sabem muitas orações de cor, que debitam sem se aterem ao sentido das palavras. A grande maioria nunca leu o Novo Testamento, a principal fonte da Revelação Cristã.

-De Jesus Cristo sabem o que aprenderam na catequese ou pouco mais, e que é sem duvida importante. Que foi a encarnação de Deus numa pessoa humana, e que deixou uma maravilhosa mensagem de amor, mas que tudo isso é passado.

-Não estão conscientes que Cristianismo sem expressão apostólica/missionária, não existe com autenticidade. É pura beatice na pior acepção da palavra.

-Não se aperceberam que para se viver o Cristianismo com autenticidade, é necessário que a vida seja vivida em coerência com os valores que dizem ser os seus.

-Quanto ao preceito que devem amar os outros, incluindo os inimigos, aceitam-no em teoria mas no concreto……?

-A religião é para muitos um salvo-conduto para a sua salvação, vivem sobretudo no temor de Deus e desconhecem o amor a Deus. Outros aspectos poderiam ser citados para caracterizar este grupo, mas por agora fico-me por aqui.

Mais reduzido, assim suponho eu, que os dois anteriores grupos, surge um quarto e último, que designarei como dos Católicos-Cristãos, já que o centro da sua vida é Jesus Cristo. As suas principais características são as que cito seguidamente:

-Um dia descobriram Jesus Cristo, ao terem um encontro pessoal com Ele, onde sentiram e se aperceberam, que Cristo estava ali presente, junto de si.

-Um encontro único e maravilhoso, não só pela indefinível e elevada densidade dessa vivência, mas também pela claridade e luz, que a partir de então passou a jorrar sobre a vida e os seus problemas.

-Ficaram a saber que o ser supremo, absoluto e criador, é-lhes permanentemente acessível na pessoa de Jesus Cristo. Com Ele podem e devem dialogar sempre que o desejem.

-Sabem-se e sentem-se amados por Cristo, amor que sentem necessidade de retribuir, o que passam a fazer das formas mais diversas.

-Procuram saber mais e conhecer melhor Jesus Cristo, o que os conduz à prática de uma leitura atenta e frequente do Novo Testamento.

-O melhor conhecimento da pessoa de Cristo consciencializa-os, não só para a infinita grandeza do Homem-Deus, mas também para a pequenez da pessoa humana.

-O encontro com Cristo possibilita ainda um outro encontro, que eu considero fundamental, o encontro consigo próprio, e fica-se com a coragem de nos vermos tal como somos por dentro. Usando o espelho da humildade, reconhecem-se os defeitos e também as qualidades. Os defeitos tentam emenda-los e os talentos põem-nos a render.

-Ficam a saber que Cristo se identifica com cada um de nós (Ele próprio o afirma), cada homem ou mulher é um Cristo.

-A consciencialização desta realidade condu-los a um terceiro encontro com os outros. Os outros existem e abstraindo das diferenças nas qualidades humanas, o outro em termos de dignidade humana vale tanto como eu.

-O impacto do encontro com Cristo é de tal maneira penetrante e impregnante, que quando ele ocorre, aquele que passa por esta experiência muda radicalmente a sua forma de estar na vida.

-Encontram finalmente um ideal digno de ser vivido pelo homem, ideal que não excluindo outros ideais legítimos e humanos, coloca-se todavia acima deles.

-A esta adesão a Cristo costuma chamar-se conversão, e eu diria que é o grande e decisivo passo que se dá na caminhada da conversão, já que esta é obra de toda uma vida.

-O encontro com Cristo condu-los a algo que é fundamental no Cristianismo, a fé em Jesus Cristo ressuscitado que é a garantia de tudo o que Ele veio revelar e em que acreditam.

A fé não é algo que explica tudo, que torna tudo claro e transparente, mas a certeza que Cristo existe, está vivo e presente nos Cristãos, e a consciência de que os homens são seres limitados, faz que aceitem com simplicidade a sua incapacidade de não só não penetrarem totalmente nos mistérios da vida, mas também o não compreenderem os porquês de acontecimentos por vezes trágicos, que ocorrem e para os quais não encontram explicações racionais.

-O encontro com Cristo trás consigo uma enorme paz interior, geradora de felicidade porque se reconhece pecador o homem esforça-se por ser melhor.

-O desejo de que os outros, a começar por aqueles que lhe estão mais próximos usufruam da mesma fé, da mesma paz e da mesma felicidade, leva-os a empenharem-se em tarefas apostólicas, não só como um dever, mas sobretudo como um desejo e uma necessidade na linha do amor.

Muito mais se poderia dizer sobre este tema, mas vou deixá-lo para outras ocasiões que certamente hão-de surgir, não quero porém terminar, sem dizer o seguinte:

Na caracterização dos 2ºs e 3ºs grupos, fui por vezes crítico, e ao sê-lo não estive a apontar o dedo a ninguém que eu conheça. Procurei criticar atitudes e não pessoas, porém se alguém se sentir atingido, que enfie a carapuça com humildade, pois eu tenho-a enfiado muitas vezes.

Ao caracterizar os grupos, não foi minha intenção classificar os que se identificam com os três primeiros grupos como os maus, e os do quarto grupo como os bons, há boas e más pessoas em qualquer um deles. Certamente que os do quarto grupo pelas ajudas e graças que recebem e pela consciencialização que têm sobre a situação, serão capazes de um maior esforço na caminhada, de se afastarem das suas imperfeições e valorizarem as suas virtudes. Sem qualquer espécie de mérito da minha parte, eu tive o meu encontro com Jesus Cristo, quando tinha 38 anos, e um dia contar-vos-ei como tudo ocorreu. O impacto desse encontro, as inúmeras graças que ao longo da minha vida venho recebendo, e algum esforço pessoal, têm permitido que no essencial eu continue fiel ao meu SIM, que na altura dei a Cristo, claro com acidentes de percurso, caindo e levantando-me como é próprio da fragilidade humana.

A caracterização que fiz do quarto grupo, é pois o testemunho da minha vivência do acontecimento, e das suas consequências. Julgo que não terei errado ao generalizar a minha experiência, pois me parece que todos os que passaram por uma experiência idêntica, e tenho conhecido muitos, não enjeitariam aceitar como válidas as minhas afirmações.

Um grande xi-coração do Pai,

Outubro de 1995

(José Froes)

Sunday, October 11, 2009

As mães morrem?

Por uma enorme graça de Deus, assisti à morte da minha mãe na madrugada de 5ª. para 6ª. feira. Tinha 97 anos. Preveni manos, que por sua vez preveniram os filhos e os filhos dos seus filhos... Somos uma multidão a partir da nossa querida mãe! Com 6 filhos (5 raparigas e um rapaz), 23 netos e 48 bisnetos e meio, somos um clã de 99 pessoas. Como se imaginará, as histórias, as anedotas, e as "curiosidades" que acontecem numa familia deste tamanho são um sem fim! Quando nos reunimos - como foi agora o caso em que como formigas chegaram de todos os cantos, acontece sempre festa. Ouvi no cemitério um comentário que me encheu de alegria: "mas esta gente é toda doida, parecem bipolares! Ora choram desconsoladamente, ora rezam, ora se abraçam, ora riem às gargalhadas sonoras nas barbas da morta! E quando fecharam o jazigo? ... Puzeram-se a cantar!!!! Não, eu nunca vi uma familia assim!" Com a Fé que a Mãe e o Pai nos transmitiram, na qual nos fomos aguentando às tres pancadas, sabíamos todos ontem - de ciencia certa - que agora a Mãe, toda ela - INTEIRA - começou finalmente a viver A SUA VIDA no Pai, no Filho, e no Espírito Santo a quem tanto amou. Temos saudades da sua presença física, da casa aberta, de tanta coisa boa que nos deu, de tanto riso e de tanta chatisse que nos pregou mas que nos fez crescer por dentro. As quatro que vivemos cá ficámos agora "desempregadas"... dói muito cá dentro. Com esta vida imensa que teve na terra conseguiu uma façanha maravilhosa - que nós, os seus filhos, estejamos unidos por um amor tão grande uns aos outros como eu não vi em familia nenhuma. Os manos, cada vez nos amamos mais, nos necessitamos mais, e tanto quando o pai morreu como agora também, não houve cadeira, jarrão, casa ou colher de prata que nos tivesse separado. Almoçámos juntos no fim do enterro e resolvemos a vida "cá de baixo". Os netos e os bisnetos, esses foram almoçar todos juntos - uma montanha. Uma senhora ao sair do restaurante onde estavam, foi ter com eles: "continuem assim, foram a alegria da sala!" "Ó caramba, se ela soubesse donde viemos!!!". No fim falaram-nos para irmos ter com eles a casa da Maria da Luisa. A relembrar as histórias da mãe, falámos, rimos, e chorámos juntos durante horas.
Com um dos meus netos gémeos confirmei esta grande lição de VIDA que aqui tentei transmitir: com 2 anos e meio, quiz ir ver a Bibi "que tinha ido para o Céu". Olhou para ela atentamente com olhar "entendido" e levemente desiludido e disse bem alto "Oh! Afinal a Bibi está só a dormir"! "Clarooooo meu amor! Deus fez as mães TÃO IMENSAS que elas em vez de morrerem, ficam a dormir! E no sitio onde estão depois de nos deixarem, ou seja: no nosso coração, sentadas numa estrelinha no Céu, ou no olhar dos avós, do mano, de um primo ou de um tio, as mães nunca mais deixam de olhar pelos filhos sejam eles também netos e bisnetos. E de mansinho, à noite, vêm-nos aconchegar a roupa docemente, até que um dia - não sabemos quando - nos possamos abraçar ternamente outra vez".
Assim era a mãe, assim somos nós, e tentei que desta maneira voce que nos acompanhou conhecesse um bocadinho da história da minha familia e dos sentimentos que me povoaram o coração durante estes dias. Muito obrigada pela sua presença amiga nesta altura tão especial. bj muito grato.
Teresa Olazabal

Wednesday, October 7, 2009

Nossa Senhora do Rosário

Porque hoje é dia de Nossa Senhora do Rosário aqui vai um video das comemorações do Cristo com a visita de Nossa Senhora de Fatima. Uma produção da Escola Val do Rio.

Monday, October 5, 2009

Para onde caminhamos? Será que o caminho é escolhido por nós?

Este mês não podia deixar de falar sobre as eleições que se aproximam. Tanto as Legislativas como as Autárquicas. As Legislativas porque vão decidir quem vai governar, mandar dirigir os valores da nossa sociedade (as leis, atenção! todas, e onde quem é eleito tem poder para mudar . Poder que lhe é oferecido de mão beijada sobretudo por aqueles que não votam). As Autárquicas, porque é a única possibilidade de termos alguma independência e intervenção na nossa terra, na nossa “casa”, onde podemos se quisermos estar mais próximos de quem também tem poder para decidir.

Escrevo também na minha nova etapa de vida: candidata a vereadora independente pela coligação “viva Cascais”(PSD/CDS). Tenho reflectido muito, muito mesmo, sobre o que isto me “provoca”.

Em primeiro lugar a certeza de que esta missão é fruto de uma vontade e certeza de que Servir, é a nossa primeira condição humana e portanto minha.

Em segundo lugar porque preciso de me encontrar neste meio, que está tão “poluído”, tão cheio de vícios, de invejas, de ódios, de desejo de poder, mas também com portas e janelas abertas para a entrada de ar novo, fresco, verdadeiro e puro. Há muita coisa boa a acontecer. Há bons projectos, há gente fantástica, há desejos verdadeiramente humanos. Faltam talvez pontes que permitam a passagem dessas forças positivas. Foi por isso que aceitei. Se pudesse resumir a minha acção a uma palavra seria precisamente: “PONTE”. Esta definição já a tinha pressentido há muito tempo. Agora confirmo.

Em terceiro lugar porque nestes lugares podemos usar toda a nossa natural experiência de equipa. A Família é a nossa grande educadora e formadora para estes desafios. Quem vive a experiência de conviver com os pais, os irmãos, os primos, tios, avós, etc. sabe gerir emoções, sabe partilhar, sabe esperar, sabe lutar pelos seus direitos e obedecer aos deveres. Sabe ouvir, sabe o que dizer ou fazer com os mais velhos, com os mais novos, com os da mesma idade. Sim é verdade, a Família é a nossa escola de Vida e portanto na vida.

Em último lugar, porque como mulher, mãe, avó e cascaense tenho uma enorme vontade de dizer a cada um destes que caminham comigo: marido, filhos, mãe, irmãos, amigos e conterrâneos, que:

Votar é: ser livre e assim poder lutar pela minha escolha

Não votar: é ser clandestino na minha terra.

Não vou mentir se disser que fico muito contente e tranquila por saber que os que são de Cascais, vão votar na coligação “VivaCascais”.

Sofia Guedes

Setembro de 2009

Saturday, October 3, 2009

Dia 6 Out - Terça-feira - Terço pelos doentes

Caríssimos Amigos,

Como tem vindo a acontecer, todas as primeiras terças feiras, reunimo-nos para rezar pelos doentes.
Os pedidos de oração crescem todos os meses e nós vamos tentar responder, pedindo ao Espírito Santo que nos ilumine.

É Jesus, é a Palavra, é a Igreja, Mãe e Mestra, que têm o poder de nos dizer o que devemos ou não fazer. É por aí que temos que formar a nossa consciência (...). Deixemos Jesus ensinar-nos, como fazia na sinagoga da sua terra.

Dário Pedroso Sj

Assim, com a ajuda de Maria levamos connosco as nossas próprias intenções...

Dia 6 de Outubro

Terça Feira - 21.30h.

Capela do Rato

Oração pelos Doentes

(terço)

Passem a mensagem aos vossos amigos, primeiro porque não tenho os emails todos, e em segundo lugar, estamos a precisar de força na oração.
Beijos e até lá.

Friday, October 2, 2009

Os Papas na história de Fátima

Os Papas na história de Fátima

A relação dos Papas com Fátima tem ganho uma visibilidade maior desde as viagens pontifícias realizadas por Paulo VI e, sobretudo, João Paulo II. Mais cedo, contudo, se começara a manifestar o interesse do Bispo de Roma por Fátima e pela sua mensagem.

A 31 de Outubro de 1942, Pio XII - consagrado bispo precisamente no dia 13 de Maio de 1917, dia da primeira aparição -, consagrou o mundo ao Imaculado Coração de Maria, em plena II Guerra Mundial. Na sua radiomensagem, falou em português a todos os que subiram "à montanha santa de Fátima", para depositar aos pés da Virgem Padroeira "o tributo filial do vosso amor aprisionado".

"Rainha do Santíssimo Rosário, Refúgio do género humano, nós confiamos, entregamos, consagramos, não só a Santa Igreja, Corpo místico do Vosso Jesus, mas também todo o mundo", referiu.

O mesmo Papa, no dia 13 de Maio de 1946, enviou a Fátima, como seu representante, o Cardeal Masella para coroar a imagem de Nossa Senhora e dirigiu, uma vez mais, a sua mensagem em português aos peregrinos ali reunidos e a todo o mundo.

O Beato João XXIII visitou Fátima no dia 13 de Maio de 1956, quando era ainda Patriarca de Veneza. Recordando, mais tarde, esta visita, dirá: "Ó Senhora da Fátima, agradeço-te mais uma vez teres-me convidado para este festim de misericórdia e de amor".

Paulo VI foi o primeiro Papa a vir pessoalmente a Fátima, como peregrino de Nossa Senhora, a 13 de Maio de 1967. Na homilia proferida durante a celebração eucarística, Paulo VI começou logo por dizer: "Tão grande é o Nosso desejo de honrar a Santíssima Virgem Maria, Mãe de Cristo e, por isso, Mãe de Deus e Mãe nossa, tão grande é a Nossa confiança na sua benevolência para com a santa Igreja e para com a Nossa missão apostólica, tão grande é a Nossa necessidade da sua intercessão junto de Cristo, seu divino Filho, que viemos, peregrino humilde e confinante, a este Santuário bendito, onde se celebra hoje o cinquentenário das aparições de Fátima e onde se comemora o vigésimo quinto aniversário da consagração do mundo ao Coração Imaculado de Maria".

João Paulo II, Peregrino de Fátima

Entre os portugueses João Paulo II vai ficar na história como o "Papa de Fátima", Santuário que visitou por três ocasiões. A ideia pode parecer excessiva, mas há bons motivos para este título: a intercessão de Nossa Senhora de Fátima na recuperação de um atentado e a beatificação dos Pastorinhos são momentos notáveis destes 25 anos de Pontificado onde João Paulo II manifestou, por diversas vezes, a sua fé e devoção mariana.

Simbolicamente, a bala que lhe atravessou o abdómen no dia 13 de Maio de 1981 repousa hoje na imagem da Virgem na Cova da Iria. A mesma imagem que, em 2000, o Papa colocou entre os bispos de todo o mundo, consagrando-lhe o terceiro milénio.

A anterior consagração da Rússia ao coração Imaculado de Maria, gesto repleto de simbolismo religioso e político, liga-se umbilicalmente a toda a mensagem de Fátima.

Em Maio de 1982, no aniversário desse primeiro atentado contra a sua vida, Karol Wojtyla chegava a Fátima para "agradecer à Divina Providência neste lugar que a mãe de Deus parece ter escolhido de modo tão particular". Ignorava então que voltaria a correr perigo na noite de dia 13, desta vez pelo ex-sacerdote integrista Juan Khron, mas João Paulo II escapou ileso, podendo agradecer à Virgem a salvação da sua vida.

Passou ainda por Lisboa, Vila Viçosa, Coimbra, Braga e Porto, ao longo de quatro dias.

Voltaria nove anos depois. A 10 Maio de 1991, João Paulo II celebrou missa no Estádio do Restelo. Viajaria depois para os Açores e Madeira e, inevitavelmente, terminaria o itinerário no Santuário de Fátima.

Em Maio de 2000, regressou para oficializar a beatificação dos pastorinhos. Uma decisão assumida contra os serviços burocráticos do Vaticano, que chegaram a agendar a cerimónia para 9 de Abril, na Praça de São Pedro.

A revelação da ligação do atentado de 1981 à terceira parte do segredo de Fátima (uma mensagem anunciada por Nossa Senhora aos Pastorinhos em Julho de 1917 e escrita por Lúcia na década de 40) justifica, em boa parte, a razão desta cumplicidade entre o Papa e o Santuário.

João Paulo II sempre se mostrou seguro de que "uma mão maternal" guiou a trajectória da bala naquela tarde de Maio de 1981. Quando a Irmã Lúcia faleceu, no dia 13 de Fevereiro de 2005, o Papa mostrou-se muito emocionado ao lembrar "os encontros que tive com ela e os laços de amizade espiritual que se reforçaram com o passar dos anos".

Bento XVI

O actual Papa enviou como Legado Pontifício para as solenes celebrações de abertura do 90.º aniversário das aparições de Nossa Senhora, a 13 de Maio de 2007, o antigo Secretário de Estado do Vaticano, Cardeal Angelo Sodano.

Na carta que enviou ao Cardeal Sodano, o Papa assinala a sua passagem pelo Santuário (13 de Outubro de 1996) e recordou a sua ligação a Fátima, nos tempos de prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé.

"Nós, que já visitámos esse santuário e, como Prefeito da Congregação da Doutrina da Fé, estudámos a mensagem confiada pela Bem-aventurada Virgem Maria aos pastores, desejamos que proponhas novamente aos fiéis o valor da oração do santo rosário, bem como esta mensagem, para que se consigam os favores e graças que a própria Mãe do Redentor prometeu aos devotos do seu Imaculado Coração", apontava.

Bento XVI foi o responsável, ainda como prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé, pelo comentário teológico da terceira parte do segredo, publicado nas “Memórias da Irmã Lúcia”/Apêndice III.

O Papa assinalava que, desde a aparição aos pastorinhos, muitos foram os fiéis que acorreram à Cova da Iria para pedir a protecção de Nossa Senhora nas suas dificuldades. "Há noventa anos, a celeste Rainha da Paz (...) apareceu em Fátima a três pastorinhos, cheios de espanto, enquanto guardavam o seu rebanho. Ao seu amparo têm recorrido muitos fiéis que nos vários perigos se valem da sua protecção", relembra.

A visita de 2010 será a quinta deslocação de um Papa ao Santuário Mariano português, um dos mais importantes do mundo.

http://www.agencia.ecclesia.pt/cgi-bin/noticia.pl?id=75161


XXX Domingo Comum, dia 25 de Outubro

JESUS, TEM PIEDADE DE MIM

(Mc 10, 47)

Que belo encontro, este do Evangelho de hoje, entre o cego chamado Bartimeu e Jesus, Filho de David, o Rabi de Nazaré. Quem sofre e acredita, pede, suplica, grita, insta, persevera na súplica. Foi o que fez o cego. Se era cego dos olhos do corpo, via bem dos olhos da alma, pois tinha fé adulta, amadurecida, fé que se expressava na oração fervorosa e perseverante. Fé que o levava a acreditar em Jesus, como Médico divino. Se os olhos do corpo não O viam, os da alma enxergavam bem que diante de si tinha Aquele que o podia curar da sua doença. E só houve milagre porque havia fé naquele coração, porque os olhos da alma eram iluminados pela luz viva da fé. E Jesus vai render-se perante tal fé e fazer o milagre: “Vai, a tua fé te salvou”. A fé viva é que salva, é que alcança milagres, é que fez os cegos verem, os coxos andarem, os leprosos serem curados. Como precisamos de uma fé desta dimensão para que nas nossas vidas se consigam mais milagres, mais curas.

Todos somos doentes, todos precisamos do Médico divino, todos temos que suplicar: “Senhor fazei que eu veja, que eu ouça, que eu ande, que eu seja limpo da lepra”. Todos temos que aceitar nossa condição de doentes e suplicar com perseverança: “Senhor cura-me do meu orgulho, da minha vaidade, do meu egoísmo, da minha tibieza, da minha cegueira espiritual, da minha afectividade doentia”. A grande prece tem de ser sempre “Senhor cura-me”, sou doente, sou pó e cinza, são alguém que precisa de cura. Todos temos que assumir a nossa fragilidade, com o cego Bartimeu e ter fé viva para gritar por Jesus e pedir que nos cure.

Curado, Bartimeu, seguiu Jesus pelo caminho. As curas da graça, da acção de Deus, são para seguirmos mais e melhor Jesus, estarmos mais perto d’Ele, assumir ser discípulos mais convictos e convincentes. Não seguir Jesus de longe como fez Pedro na noite das negações, mas segui-Lo de perto para nos tornarmos mais semelhantes a Ele, para rezar como Ele rezou, para amar como Ele amou, para sofrer como Ele sofreu, para ser bom, manso e humilde como Ele. As curas são para nos tornar discípulos mais identificados com Jesus Cristo. É para esta identificação que a graça nos cura, nos cristifica, nos transforma, nos faz ser homens e mulheres novos. Bartimeu, pelo poder da cura, não só começou a ver, mas seguiu Jesus de Nazaré, caminhou com Ele. Fez bem ao contrário dos nove leprosos, que quando se apanharam curados, nem sequer vieram agradecer, quanto mais seguir Jesus.

O nosso mundo precisa da cura que só Jesus pode conceder. Mundo de ódio, de guerra, de crime, de injustiça, de maldade, de roubo, de fome, de desemprego. Mundo fragilizado por tantas doenças que o Médico divino quer curar. Em nome deste mundo temos que rezar, que pedir cura, que suplicar graça. E as nossas famílias também precisam desta cura, como as nossas paróquias, os nossos Movimentos apostólicos. A graça dos sacramentos, sobretudo do dom da Eucaristia pode curar. É o Médico divino que vem a nós para ser “protecção e remédio para a alma e para o corpo”. Mistério insondável da graça, do divino amor, d’Aquele que derramando seu sangue os liberta e cura, que vindo dentro de nós na Eucaristia, feito Pão do Céu, nos quer curar como fez a Bartimeu, o cego de Jericó e como tem feito a tantos ao longo dos séculos. Talvez nos falte fé viva para pedir a cura, talvez nos falte perseverança na oração, talvez nos cansemos de pedir. Mas este cansaço, esta fragilidade orante, já é uma doença espiritual grave. Continuemos a pedir “Jesus, Filho de David, cura-nos”. E o milagre acontecerá.

O Caminho

Para os católicos portugueses, o dia mais importante da nossa história é certamente aquele em que Deus nos visitou através de Nossa Senhora.

Portugal é sem dúvida para todos nós terra de Nossa Senhora pois mesmo para aqueles que não têm fé e trazem Deus perdido no seu interior, Fátima é um um mistério incrivel que ,embora possam não acreditar, é marco espiritual no caminho da sua vida.

Não devemos esquecer que por várias vezes na nossa História foi prestada pelas mais altas individualidades homenagens a Nossa Senhora; D. Afonso Henriques dedicou-Lhe a construção do Mosteiro de Alcobaça como forma de agradecer a conquista de Lisboa, D.João I mandou construir o Mosteiro da Batalha em honra de Santa Maria como forma de agradecer a vitória de Aljubarrota, D. Henrique mandou ereger em Belém a Capela de Nossa Senhora onde grandes descobridores rezavam antes de rumarem aos oceanos e D. João IV coroou Nossa Senhora Rainha de Portugal.

Mesmo para aqueles que não têm fé ,Fátima é um acontecimento intrigante e perturbador.

Para nós peregrinos pisar a estrada falando com Deus duma forma que só na nossa semana o podemos fazer ,rezar, simplesmente rezar com a avidez com que rezamos durante a caminhada, são de facto o maior momento do ano e dos dias conturbados em quer vivemos.

E é com muita alegria que vamos constatando as mudanças e transformações interiores com que nos temos confrontado ao longo dos anos de peregrinos.

O 13 de Maio é e será cada vez mais a esperança dos católicos sejam eles mais ou menos praticantes.

Eu confio na humildade e na esperança que Fátima nos transmite. E é com estes sentimentos que procuro fazer de todos os dias uma caminhada para o Santuário onde em tempos nada mais havia que um campo onde 3 pequenos pastores mudaram a vida de milhões.

E para os novos que julgam que Deus se esqueceu deles e tentam através da caminhada para Fátima um reencontro com Ele, o toque mágico e maternal da Virgem durante o caminho é e será sempre o verdadeiro mistério de tudo o que se passou na Cova da Iria nesse bendito ano de 1917 que para todos nós será o ano do século vinte.

Luis Barahona de Lemos

XXIX Domingo do Tempo Comum

VEIO PARA SERVIR E DAR A VIDA


Jesus aproveita o pedido feito pela mãe dos filhos de Zebedeu, ou seja, por mãe de Tiago e João, que desejava para os filhos um lugar à direita e outro à esquerda, no Reino de Jesus, talvez para ela o reino deste mundo, com a expulsão dos romanos, não o Reino dos Céus, para dar uma catequese séria e oportuna acerca da humildade, do serviço, do dom da vida. Com Jesus e no seu Reino, os últimos são os primeiros, os grandes são os que servem os outros, a grandeza está na humildade. É este o caminho evangélico. Não pretender honras, elogios, vanglória, triunfalismo, mas ser modesto, simples, serviçal, despojado para poder ser mais humilde.

E para terminar o ensinamento Jesus apresenta o seu próprio exemplo, afirmando que o Filho do Homem não veio ao mundo para ser servido mas para servir e dar a vida em resgate por todos. Duas facetas maravilhosas da vida de Jesus, do seu amor, da sua maneira de Se comprometer connosco. A paixão pela humanidade leva-O a servir, a assumir ser servo, não só do Pai, como Servo de Iavé, mas servo dos homens. Sua existência terrena foi um constante serviço a todos: pecadores, doentes, frágeis, marginais da época, etc.

Talvez o símbolo máximo desse serviço tenha sido o lava-pés, quando na Ceia Se ajoelha e lava os pés aos seus discípulos, gesto de profunda humidade, de esvaziamento próprio, de serviço, que nem um escravo judeu fazia. E ao terminar esse gesto, no capítulo 13 de São João, Jesus afirma: “Chamais-Me Mestre e Senhor e dizeis bem, pois o sou. Mas se Eu vos lavei os pés também vós deveis fazer isso uns aos outros”. E termina o ensinamento do lava-pés dizendo: “Felizes sereis se o puserdes em prática”. Ou seja, a felicidade segundo o Evangelho, está no serviço, na atitude humilde de lavar os pés, de estar de joelhos para servir os outros, com coração generoso e simples, com atitude de verdadeira humildade. E é neste gesto que está a grandeza do cristão.

Mas Jesus, como ouvimos, afirma que veio para dar a vida em resgate por todos. Dirá noutra passagem que a maior prova de amor é dar a vida pelos amigos. E Ele vai dá-la no auge da dor e do amor, na morte da ignomínia, crucificado, feito pecado e maldito, feito verme da terra. Morte que é acto de acto, que vai resgatar a humanidade do pecado e do mal, que nos vai fazer homens e mulheres livres. A morte, como entrega até ao limite, foi a expressão máxima do amor. De facto só o amor salva, só o amor redime, só o amor liberta.

Servir e dar a vida pelos outros é o caminho proposto por Jesus. Quanto isto nos é difícil e nos custa a colocar em prática. Somos demasiado egoístas, comodistas, egocentristas, aburguesados, desejosos de honras, de triunfalismos, de vaidades, de busca do primeiro lugar, de soberba que nos impedem de servir, de sermos servos humildes, atentos e despejados. E como estamos demasiado apegados a nós próprios e a tudo o que é nosso, custa-nos dar a vida, custa-nos amar sem limites, custa-nos desprendermos para amar e servir. Mas o caminho apontado por Jesus é este. Só trilhando este caminho caminhamos na vida de santidade, na vivência coerente e audaciosa do Evangelho, e alcançaremos a graça da felicidade e da alegria que nos vem do serviço e do dom de nós próprios. Nenhum avarento, nenhum egoísta, nenhum ciumento, nenhum egocentrista, encontra a felicidade. Esta só se encontra no caminho oposto: servir e amar, morrendo a nós mesmos.