Sunday, May 24, 2009

Eu também vos pertenço, sois parte de mim

Confrontada, este ano, com a impossibilidade de fazer os caminhos para Maria convosco senti "ao vivo e a cores" o sacríficio emocional mas, simultâneamente, a confirmação de que sois parte de mim e que eu, também, vos pertenço. Um sentimento de pertença que nasce duma vinculação construída com muito amor, este amor que nos leva ao Pai do Céu através de Maria.
No dia 6 toda a minha vida estava organizada para às 19.00h estar no Estoril na Missa do envio, despedir-me de vós e, também, não consegui... as horas a passar e a impossibilidade a tornar-se gigante e o meu coração muito, muito apertado.

O dia 7 passei-o a chorar...a lembrar-me sempre a esta hora estão aqui...agora vão em silêncio...terão rezado o terço no Jardim de Alhandra?...a missa de Vila Franca de Xira...a apresentação dos novos e, tudo isto com lágrimas ( os que me conhecem sabem que sou uma grande chorona!) e, dia 8 comecei o meu dia de trabalho mais cedo com o entusisasmo necessário para sair mais cedo e poder ir ter convosco a Azambuja...dia em que em tempos já passados descobrimos Deus no "outro" sentado ao nosso lado, onde o arroz de favas era partilhado com o nosso querido Zé Pedro...ele comia o arroz e as favas e eu os enchidos que não lhe faziam nada bem...

Cheguei à missa na Herdade dos Ortigão Ramos e lá estavam todos sentados e eu cá atrás a poder vê-los, ouvir, cheirar (e, não era a palha!!) e, mais uma vez chorei a emoção da separação /reencontro com quem me é tão querido....a meditação lida pela Rita (D.) na Acção de Graças caiu que nem mel...e, depois o poder abraçar todos...jantar, reunião e ouvir o que já levámos daqui se a peregrinação terminasse neste dia?... para quem nem começou já leveva muita coisa mas, Malica disse o que para mim tem sido a grande aprendizagem deste Caminho "a sofrer com alegria"....e o Pita a crescentou "sorri para a minha fé com lágrimas nos olhos"...e as palavras do

Padre Dario que muitos referiram...um apelo a um coração tranquilo!!
Claro que regressei a casa triste por não vos poder acompanhar mas, rezando para não me desviar do que tenho conseguido aprender nas nossas caminhadas e não perder a possibilidade de praticar...mais a obediência!! palavras sábias da tia Gena: não entrar a meio ou se começa no 1º dia ou fica para o ano, não aparecer a meio para não destabilizar...e, voltei em Vale Figueira marco irreverssível da nossa caminhada e, o Padre Dario falou de nos descentrarmos de nós próprios...de irmos ao encontro do outro...do desapego das amarras do mundo e, ouvi o Sopas cantar as Bem Aventuranças!!

Regressei em Alcanena e, agora já para ficar em Fátima para vos ver chegar mais um ano sempre como se fosse a 1ª vez...
Aqui, estive acompanhada pelo Zé Roquete e, no dia 12 fizémos em Fátima a "nossa" peregrinação...Via Sacra dos Húngaros às 07.30h da manhã, missa nos Valinhos, Capelinha, visita ao Senhor Lausperene, meditação na nova Basílica e,...de banquinhos lá fomos entusiasmados para a porta do Santuário esperar pelo "nosso" grupo e fomos encontrando mais e mais que também já foram um dia...mais os que nunca tendo indo também vos esperam...LINDO!!
e, rezámos o terço juntos em frente da Senhora ..cada um de nós com as suas intenções, suas súplicas, graças e, sinceramnete, com o desejo que sejamos sempre grupo com vínculos de pertença construídos no Amor a Maria e ao Seu Filho.

um abraço muito abraçado,
Tareca

Saber ser Feliz na Fé

Não sei se será apenas de mim, mas tenho a sensação de que, este ano, os seis dias passaram a voar. Felizmente, já só faltam 365…

Este ano, ao contrário dos anteriores, não tinha factores externos que pudessem influenciar o meu encontro anual mais aprofundado com Maria. Sentia que estava pronto.

Ou quase.

Sentia aquela ansiedade que nos assalta antes da partida, a animação de rever velhos amigos e tantas outras pessoas que, por vicissitudes várias, a vida apenas nos permite que, no melhor cenário, nos encontremos uma vez por mês.

(Re)descobri que, como todas as anteriores que tive o privilégio de fazer, esta foi também uma peregrinação diferente.

Diferente até, porque este ano, o clique tardou a surgir. Não que a Fé não nos acompanhe, não que a devoção a Maria, Nossa Mãe, não esteja presente. (E que melhor presente podemos ter de Nossa Senhora que não seja levar o Andor na Procissão das Velas??).

Mas sentia que faltava algo. Faltava algum sossego para a minha alma.

São José Maria Escrivá costumava dizer algo que quero partilhar com vocês:

“Mãe! Chama-a bem alto. Ela, a tua Mãe Santa Maria escuta-te, vê-te em perigo talvez, e oferece-te, com a Graça do Seu Filho, o consolo do Seu regaço, a ternura das Suas carícias. E encontrar-te-ás reconfortado para a nova luta”.

E foi o que tentei fazer ao longo destes dias. Confesso-vos que uns mais do que outros, com mais força nuns dias, mais coragem e mais Fé, e noutros, onde sentia que o rezar não é apenas o acto mecânico de chutar Avé Marias para o Céu. (A Tia Gena que me desculpe a usurpação da sua frase).

Mas sei que rezar aqui nestes caminhos é descobrir também o prazer de uma conversa, o partilhar das nossas alegrias e tristezas com quem temos o privilégio de caminhar ao nosso lado e sentir e saber que podemos chamá-lo de Amigo.

É a partilha de um momento, de um sorriso cúmplice, de uma piada até, que isto da beatice não tem que ser sempre tudo à séria e com um olhar pungido.

Como dizia o Padre António em Santarém, temos de ser felizes na nossa Fé e temos também a obrigação de a mostrar e de a partilhar com quem ainda não foi agraciado com esse maravilhoso dom de Deus.

E se Jesus, que foi Jesus, também precisou de crescer na Fé, como é que nós, simples seres mortais e pecadores, não temos também de o fazer?

Jesus Cristo foi feliz porque acreditou. Porque mesmo quando duvidou, no Horto das Oliveiras, aderiu à vontade do Pai.

Podia dizer-vos muito mais. Despeço-me com a sensação de saudade e deixo-vos, uma vez mais com S. José Maria Escrivá:

“Alguns passam pela vida como um túnel e não compreendem o esplendor e a segurança e o calor do sol da Fé”.

E nós, que temos a Graça de a possuir, quando sairmos daqui, saberemos ter a coragem de a continuar a alimentar?

FRANCISCO MOTA FERREIRA

13 de Maio de 2009

Friday, May 22, 2009

Meditação - Missa Azambuja

Do fundo do meu coração, quero servir-Te

Do fundo do meu coração, quero seguir-Te

Do fundo do meu coração, quero contemplar-Te

Do fundo do meu coração, quero chegar-Te.

Por isso Te peço que me libertes das amarras do medo,


Do medo de me expor, de me dar, de me comprometer.

Ilumina o meu espirito,

Para que consiga encontrar o meu lugar,

Ilumina o meu coração,

Para aqueles que estão aqui ao meu lado, eu consiga amar.

Sustenta os meus projectos para que consiga servir-Te.

Aposta nas minhas ambições para que eu consiga seguir-Te.

Ajuda-me a perceber por que estou aqui,

Para que consiga contemplar-Te.

E que eu me deixe seduzir pela Tua grandeza

Para que possa chegar-Te.

Ao longo deste caminho

Senhor ajuda-me a descobrir o que sou, o que quero ser.

Transforma-me e torna-Te visível aos outros através de mim.

E se eu falhar Senhor, faz com que eu veja,

Faz com que os outros me ajudem a ver,

Para que eu possa recomeçar.

E se eu fraquejar, senhor, se me faltarem as forças, se eu chorar,

Olha por mim com a Tua suavidade, a Tua subtileza,

Porque sei que o Teu olhar tudo renova

E no final, Senhor, que a obrigação se transforme em devoção!

E aí não serei eu e Tu a caminhar…

Seremos um, Seremos Nós!

Foto - Carolina Bravo

Wednesday, May 20, 2009

Passo a passo para Maria peregrinei a Fátima e com Maria atravessei o Tejo....


A calma, serenidade e paz, muita paz, continuam dentro de mim, após a semana que vivemos para Maria e com Maria e que este ano, inexplicavelmente, parece perdurar. O mundo real estava à minha espera, à espera de todos nós, mas Maria continua ao meu lado, minha amiga, a dar-me a mão, a dar sentido ao meu dia a dia, a desassossegar-me para caminhar a seu lado, a beliscar-me se me distraio, a cantar-me no silêncio para que a oiça e a pedir oração, mais oração. E é tão simples o seu falar, e parece que só agora a compreendi. E é esta maravilha que me fez crescer este ano, crescer para Maria e poder falar d’Ela com os que estão à minha volta. E este ano algo de novo aconteceu no meu mundo do trabalho: tive uma chamada do meu CoE (durante a caminhada) à qual não respondi e quando a devolvi pediu-me mil desculpas pela interrupção das férias pois não se lembrou do propósito das mesmas (é Dinamarquês, agnóstico, está há 1 ano em Portugal e o ano passado tive alguma dificuldade que aprovasse a minha ausência em Maio). Ainda hoje me perguntam “como foi tudo” e descobri pessoas maravilhosas com um respeito enorme pela Mãe e com quem passei a ter outro “tipo de conversas”….

Já reflecti bastante sobre esta “onda de paz” que vivo e sinto e penso que tem a ver com a minha preparação pessoal e com a crescente preparação da nossa “família do Estoril” que, se calhar sem me aperceber, foi-nos conduzindo ao longo do ano. Como disse o Padre António, cada peregrinação é A Peregrinação, e esta frase bateu forte cá dentro e foi mesmo assim!

Foi após a nossa reunião de “debriefing” no dia 13, em Fátima, que fui desafiada para acompanhar a Senhora na sua travessia no Tejo. Tinha acabado de me despedir d’Ela, depois da oração dos Servitas quando realizei que não era um Adeus mas sim um Até já…

E foram tantas as graças que recebi durante a nossa caminhada que receber mais este presente do céu encheu-me de uma enorme alegria.

Tinha visitas em casa nesse fim-de-semana, um casal de alemães, que vinham “turistar” e matar saudades de Portugal após muitos anos de ausência. Mesmo assim, fui “fazendo a cabeça deles” para o momento único que poderiam viver.

A partida da marina de Oeiras já foi cheia de emoção: o meu primo Carlos Ramos (avô da Marta que está a precisar do transplante de medula óssea…), eu e o Nuno, a minha mãe, a Mónica e o casal de alemães. Ao nosso lado também iam 2 barcos de amigos que conseguimos desafiar pois pouca gente sabia desta iniciativa.

Ao chegarmos perto da ribeira das naus avistamos a Sagres, toda engalanada com os marinheiros em posição de “às armas” em todos os mastros! E à espera da imagem estavam cerca de 150 barcos (nosso cálculo!)! Barquinhos de pescadores, barcos médios, 2 barcos a remos das escolas náuticas, cacilheiros cheios de gente, salva-vidas, etc…. Havia um yate que levava a cruz de Cristo içada e alguns barcos ouvia-se o terço cantado….até ouvi o Aleluia da Joana que vinha de um veleiro ao nosso lado! A espera foi difícil porque todos queríamos estar o mais perto possível do navio de guerra que A transportou e a polícia marítima esteve sempre a controlar o rumo dos barcos.

Assim que a imagem entrou no barco oficial e vimos que ia ficar no exterior com uma protecção de vidro foi espontâneo o buzinar de todos e o aceno com lenços brancos! O casal de alemães acenava com emoção e alegria, afinal era a Senhora de Fátima que ali estava a olhar também por eles….A romaria a Almada fez-se em silêncio e todos os barcos muito juntos a seguir a esteira da Senhora. Quando passámos pela Sagres houve uma paragem para as 10 salvas dos canhões….foi arrepiante! A chegada a Almada foi inexplicável! O porto e todas as ruas circundantes estavam repletas de pessoas que A queriam ver..não havia um espaço vazio pelas ruas íngremes. O andor em terra já estava pronto para A receber e os marujos fizeram o transporte do barco para terra.

A popa do barco que A transportou estava linda, os arranjos florais eram muito bonitos!

Fizemos o rio de volta ao pôr-do-sol, com o céu muito encoberto e o sol a espreitar pelas nuvens pretas! A Senhora tinha ficado em bom porto mas continuava connosco….até sempre!

Um forte e grande obrigada a TODOS!

Teresesa Mendes Ferreira


Tuesday, May 19, 2009

Fátima 2009 por Francisco Porto Ribeiro


Fátima 2009


Feito o balanço da caminhada deste ano, o que eu sinto e como posso traduzir, reduz-se a poucas palavras: quero mais.

Regressei na noite do dia 12, com muita pena minha e contra a minha vontade, mas teve que ser, por “razões de força maior”. Mas serviu-me para aprender que não mais irei ceder nos próximos anos, enquanto não me esquecer deste sentimento amargo e vazio que fica no peito pois hoje, vido com a sensação de “tarefa não cumprida” – tão perto e, ao fim e ao cabo, tão longe.

Por mim, teria ficado. Eu queria mesmo era ter ficado e permanecer junto dessa enorme “família” com quem peregrinei até Fátima. Resignado, só posso dizer que foi bom, foi muito bom o que se vivenciou neste percurso. Mais porque este ano, em particular, quando contava as pessoas no percurso, apercebia-me que o grupo estava mais unido, mais tranquilo, menos disperso e menos alvoraçado. Este ano, talvez um pouco motivado pela minha sensibilidade no momento, senti, verdadeiramente, que caminhava para Maria. É um pouco como se, finalmente, tivesse encontrado o meu sentido, a minha orientação. Não é que não tivesse sentido de igual forma em anos anteriores mas este ano, o apelo foi forte e apercebia-me disso quando me sentia bem acordar e saber que continuava a caminhar para Fátima.

Neste momento, escrevo no meu local de trabalho, na hora do almoço, mas o estranho é que ainda me sinto no “caminho”, eu ainda me encontro a caminhar para Maria. Não sei para onde irei, não sei por onde irei ou mesmo, não sei se algum dia lá chegarei mas de uma coisa posso garantir, enquanto tiver pernas e puder, continuarei a caminhar para Maria. Como a tia Gena diz sempre, entrego-me em Maria e seja o que Deus quiser.

Ainda a respeito do que senti este ano, posso afirmar que tive oportunidade, ou procurei criar essa oportunidade, de ter mais recolhimento, porque sentia necessidade de avaliar os meus erros, os meus pecados na vida, o meu modo de estar e de agir. Este ano vi que tenho que mudar e ser uma pessoa diferente, melhor sem sobra de dúvidas. E porque só este ano, perguntam vocês? Porque, seguramente, tive que vivenciar tudo o que se passou em anos anteriores para me ajudaram a crescer e a chegar aqui, a este estágio.

Cada ano é diferente e este foi muito diferente. Nós partimos diferentes e chegamos diferentes, sempre de modo diferente, e este ano não foi excepção. Para terem a noção, até à véspera não sabia se poderia ir, foi um drama. De mala no carro, para entregar, sem saber se iria. Eu queria, eu assim fiz tudo e depois, entreguei a Maria. Parece que, afinal, seria esse mesmo o meu sentido, o meu percurso. Tanta correria no emprego, para nada até porque se esquecem que o cemitério está recheado de insubstituíveis. Agora, tive mesmo que regressar a 12 à noite mas se me perguntarem para quê, eu não consigo dizer-vos.

De qualquer forma, o meu coração continua a sua caminhada, assim como as minhas pernas. Estou aqui sem estar porque ainda não me libertei do “caminho”, até porque sei, hoje sei, que é esse o meu sentido, é para aí que me devo orientar e é o que procuro na vida.

Bem haja Tia Gena e bem haja ao grupo do Estoril

Lisboa, Maio de 2009

Francisco Porto Ribeiro