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Wednesday, October 14, 2009

Enviado Pela Nicas

Cristianismo I

Há em todos os países europeus uma tradição e cultura cristã, que deu sentido e implantou valores a uma civilização, que irradiou para o resto do mundo, exercendo sobre longínquas culturas locais, uma influência que suponho, ninguém põe em dúvida. A Europa com especial relevância para Portugal e Espanha, foram os principais artífices dessa saga missionária cristã, que teve inicio no século XV. Mas será que estes dois países são actualmente verdadeiramente cristãos? Será que o Cristianismo praticado e/ou vivido pelas pessoas é um Cristianismo autêntico? Veja-se o caso português, embora me pareça que a situação em Espanha é em tudo idêntica à nossa. Julgo que neste contexto, é possível dividir a totalidade dos cidadãos em quatro grupos distintos.

Um primeiro grupo será constituído por aqueles que professam outras religiões, pelos ateus (negam a existência de Deus) e pelos agnósticos (entendem que o homem nada pode conhecer para além da experiência imediata). Constituem sem dúvida um grupo reduzido, cujo valor de percentagem estará longe de um número com dois algarismos.

Distingo depois um segundo grupo, sem dúvida o mais numeroso, o qual poderei designar como o dos Católicos não Praticantes. Constituem este grupo:

-Os que mercê de uma formação infantil cristã, ou de um ambiente onde apesar de tudo os valores cristãos ainda são aceites, trazem no seu subconsciente, resíduos desses valores.

-Os que respondendo a um senso da população, na pergunta sobre que religião professam, colocam uma cruzinha no quadrado da Católica.

-Os que aceitam casar na Igreja, baptizam os filhos, levam-nos à Catequese, participam nos actos litúrgicos, embora não estejam esclarecidos e conscientes do que tal significa.

-Os que querem para si e para os seus familiares, um funeral com o Padre.

-Vão à Senhora de Fátima cumprir uma promessa feita em momento de aflição.

-Exigem que haja procissão na festa anual da sua aldeia.

-Muitíssimos são anti-clericais, dizem mal dos Padres, dos Bispos e da Igreja, de que são parte integrante, se baptizados e têm a SUA religião. Esta sua religião não implica porém compromisso, nem preocupação de conduta, de uma vida coerente e honesta.

-Chamam beatos aos que vão à Igreja (por vezes com razão) e dizem que para se relacionarem com Deus, não precisam nem dos Padres nem da Igreja, o que em parte, mas só reduzida parte é verdade.

-Sabem que Cristo existiu (a historia o confirma), que pregou uma mensagem de amor entre os homens, mas que morreu há dois mil anos.

-Acham que até é bom que haja religião, pois é sem dúvida um travão para a maldade dos homens, dos outros homens ,obviamente. Para eles Deus só existe nos momentos difíceis, quando já não há mais a quem recorrer.

Julgo poder distinguir seguidamente, um terceiro grupo, muito menos numeroso que o anterior, e que designarei como o dos Católicos Praticantes, que se caracterizam pelo seguinte:

-São antes de tudo e em larga escala pessoas bem-intencionadas, mas preocupadas sobretudo com a sua salvação.

-Reduzem a religião a uma série de praticas, às quais assistem (não participam) por obrigação e com sacrifício (assim o dizem).

-Reduzem a Igreja a uma agência de Sacramentos, uma espécie de estação de serviço, onde e quando necessitam, se vão servir de Missas, Baptismos, Comunhões, Novenas, Funerais, etc.

-Ao saírem do Templo deixam de ser cristãos, pois o seu Cristianismo deixa de influir na sua vida. Destes dizem, e com razão muitas pessoas “Era bem melhor que fossem menos à Igreja, mas fossem boas pessoas”.

-Sabem muitas orações de cor, que debitam sem se aterem ao sentido das palavras. A grande maioria nunca leu o Novo Testamento, a principal fonte da Revelação Cristã.

-De Jesus Cristo sabem o que aprenderam na catequese ou pouco mais, e que é sem duvida importante. Que foi a encarnação de Deus numa pessoa humana, e que deixou uma maravilhosa mensagem de amor, mas que tudo isso é passado.

-Não estão conscientes que Cristianismo sem expressão apostólica/missionária, não existe com autenticidade. É pura beatice na pior acepção da palavra.

-Não se aperceberam que para se viver o Cristianismo com autenticidade, é necessário que a vida seja vivida em coerência com os valores que dizem ser os seus.

-Quanto ao preceito que devem amar os outros, incluindo os inimigos, aceitam-no em teoria mas no concreto……?

-A religião é para muitos um salvo-conduto para a sua salvação, vivem sobretudo no temor de Deus e desconhecem o amor a Deus. Outros aspectos poderiam ser citados para caracterizar este grupo, mas por agora fico-me por aqui.

Mais reduzido, assim suponho eu, que os dois anteriores grupos, surge um quarto e último, que designarei como dos Católicos-Cristãos, já que o centro da sua vida é Jesus Cristo. As suas principais características são as que cito seguidamente:

-Um dia descobriram Jesus Cristo, ao terem um encontro pessoal com Ele, onde sentiram e se aperceberam, que Cristo estava ali presente, junto de si.

-Um encontro único e maravilhoso, não só pela indefinível e elevada densidade dessa vivência, mas também pela claridade e luz, que a partir de então passou a jorrar sobre a vida e os seus problemas.

-Ficaram a saber que o ser supremo, absoluto e criador, é-lhes permanentemente acessível na pessoa de Jesus Cristo. Com Ele podem e devem dialogar sempre que o desejem.

-Sabem-se e sentem-se amados por Cristo, amor que sentem necessidade de retribuir, o que passam a fazer das formas mais diversas.

-Procuram saber mais e conhecer melhor Jesus Cristo, o que os conduz à prática de uma leitura atenta e frequente do Novo Testamento.

-O melhor conhecimento da pessoa de Cristo consciencializa-os, não só para a infinita grandeza do Homem-Deus, mas também para a pequenez da pessoa humana.

-O encontro com Cristo possibilita ainda um outro encontro, que eu considero fundamental, o encontro consigo próprio, e fica-se com a coragem de nos vermos tal como somos por dentro. Usando o espelho da humildade, reconhecem-se os defeitos e também as qualidades. Os defeitos tentam emenda-los e os talentos põem-nos a render.

-Ficam a saber que Cristo se identifica com cada um de nós (Ele próprio o afirma), cada homem ou mulher é um Cristo.

-A consciencialização desta realidade condu-los a um terceiro encontro com os outros. Os outros existem e abstraindo das diferenças nas qualidades humanas, o outro em termos de dignidade humana vale tanto como eu.

-O impacto do encontro com Cristo é de tal maneira penetrante e impregnante, que quando ele ocorre, aquele que passa por esta experiência muda radicalmente a sua forma de estar na vida.

-Encontram finalmente um ideal digno de ser vivido pelo homem, ideal que não excluindo outros ideais legítimos e humanos, coloca-se todavia acima deles.

-A esta adesão a Cristo costuma chamar-se conversão, e eu diria que é o grande e decisivo passo que se dá na caminhada da conversão, já que esta é obra de toda uma vida.

-O encontro com Cristo condu-los a algo que é fundamental no Cristianismo, a fé em Jesus Cristo ressuscitado que é a garantia de tudo o que Ele veio revelar e em que acreditam.

A fé não é algo que explica tudo, que torna tudo claro e transparente, mas a certeza que Cristo existe, está vivo e presente nos Cristãos, e a consciência de que os homens são seres limitados, faz que aceitem com simplicidade a sua incapacidade de não só não penetrarem totalmente nos mistérios da vida, mas também o não compreenderem os porquês de acontecimentos por vezes trágicos, que ocorrem e para os quais não encontram explicações racionais.

-O encontro com Cristo trás consigo uma enorme paz interior, geradora de felicidade porque se reconhece pecador o homem esforça-se por ser melhor.

-O desejo de que os outros, a começar por aqueles que lhe estão mais próximos usufruam da mesma fé, da mesma paz e da mesma felicidade, leva-os a empenharem-se em tarefas apostólicas, não só como um dever, mas sobretudo como um desejo e uma necessidade na linha do amor.

Muito mais se poderia dizer sobre este tema, mas vou deixá-lo para outras ocasiões que certamente hão-de surgir, não quero porém terminar, sem dizer o seguinte:

Na caracterização dos 2ºs e 3ºs grupos, fui por vezes crítico, e ao sê-lo não estive a apontar o dedo a ninguém que eu conheça. Procurei criticar atitudes e não pessoas, porém se alguém se sentir atingido, que enfie a carapuça com humildade, pois eu tenho-a enfiado muitas vezes.

Ao caracterizar os grupos, não foi minha intenção classificar os que se identificam com os três primeiros grupos como os maus, e os do quarto grupo como os bons, há boas e más pessoas em qualquer um deles. Certamente que os do quarto grupo pelas ajudas e graças que recebem e pela consciencialização que têm sobre a situação, serão capazes de um maior esforço na caminhada, de se afastarem das suas imperfeições e valorizarem as suas virtudes. Sem qualquer espécie de mérito da minha parte, eu tive o meu encontro com Jesus Cristo, quando tinha 38 anos, e um dia contar-vos-ei como tudo ocorreu. O impacto desse encontro, as inúmeras graças que ao longo da minha vida venho recebendo, e algum esforço pessoal, têm permitido que no essencial eu continue fiel ao meu SIM, que na altura dei a Cristo, claro com acidentes de percurso, caindo e levantando-me como é próprio da fragilidade humana.

A caracterização que fiz do quarto grupo, é pois o testemunho da minha vivência do acontecimento, e das suas consequências. Julgo que não terei errado ao generalizar a minha experiência, pois me parece que todos os que passaram por uma experiência idêntica, e tenho conhecido muitos, não enjeitariam aceitar como válidas as minhas afirmações.

Um grande xi-coração do Pai,

Outubro de 1995

(José Froes)

Sunday, October 11, 2009

As mães morrem?

Por uma enorme graça de Deus, assisti à morte da minha mãe na madrugada de 5ª. para 6ª. feira. Tinha 97 anos. Preveni manos, que por sua vez preveniram os filhos e os filhos dos seus filhos... Somos uma multidão a partir da nossa querida mãe! Com 6 filhos (5 raparigas e um rapaz), 23 netos e 48 bisnetos e meio, somos um clã de 99 pessoas. Como se imaginará, as histórias, as anedotas, e as "curiosidades" que acontecem numa familia deste tamanho são um sem fim! Quando nos reunimos - como foi agora o caso em que como formigas chegaram de todos os cantos, acontece sempre festa. Ouvi no cemitério um comentário que me encheu de alegria: "mas esta gente é toda doida, parecem bipolares! Ora choram desconsoladamente, ora rezam, ora se abraçam, ora riem às gargalhadas sonoras nas barbas da morta! E quando fecharam o jazigo? ... Puzeram-se a cantar!!!! Não, eu nunca vi uma familia assim!" Com a Fé que a Mãe e o Pai nos transmitiram, na qual nos fomos aguentando às tres pancadas, sabíamos todos ontem - de ciencia certa - que agora a Mãe, toda ela - INTEIRA - começou finalmente a viver A SUA VIDA no Pai, no Filho, e no Espírito Santo a quem tanto amou. Temos saudades da sua presença física, da casa aberta, de tanta coisa boa que nos deu, de tanto riso e de tanta chatisse que nos pregou mas que nos fez crescer por dentro. As quatro que vivemos cá ficámos agora "desempregadas"... dói muito cá dentro. Com esta vida imensa que teve na terra conseguiu uma façanha maravilhosa - que nós, os seus filhos, estejamos unidos por um amor tão grande uns aos outros como eu não vi em familia nenhuma. Os manos, cada vez nos amamos mais, nos necessitamos mais, e tanto quando o pai morreu como agora também, não houve cadeira, jarrão, casa ou colher de prata que nos tivesse separado. Almoçámos juntos no fim do enterro e resolvemos a vida "cá de baixo". Os netos e os bisnetos, esses foram almoçar todos juntos - uma montanha. Uma senhora ao sair do restaurante onde estavam, foi ter com eles: "continuem assim, foram a alegria da sala!" "Ó caramba, se ela soubesse donde viemos!!!". No fim falaram-nos para irmos ter com eles a casa da Maria da Luisa. A relembrar as histórias da mãe, falámos, rimos, e chorámos juntos durante horas.
Com um dos meus netos gémeos confirmei esta grande lição de VIDA que aqui tentei transmitir: com 2 anos e meio, quiz ir ver a Bibi "que tinha ido para o Céu". Olhou para ela atentamente com olhar "entendido" e levemente desiludido e disse bem alto "Oh! Afinal a Bibi está só a dormir"! "Clarooooo meu amor! Deus fez as mães TÃO IMENSAS que elas em vez de morrerem, ficam a dormir! E no sitio onde estão depois de nos deixarem, ou seja: no nosso coração, sentadas numa estrelinha no Céu, ou no olhar dos avós, do mano, de um primo ou de um tio, as mães nunca mais deixam de olhar pelos filhos sejam eles também netos e bisnetos. E de mansinho, à noite, vêm-nos aconchegar a roupa docemente, até que um dia - não sabemos quando - nos possamos abraçar ternamente outra vez".
Assim era a mãe, assim somos nós, e tentei que desta maneira voce que nos acompanhou conhecesse um bocadinho da história da minha familia e dos sentimentos que me povoaram o coração durante estes dias. Muito obrigada pela sua presença amiga nesta altura tão especial. bj muito grato.
Teresa Olazabal

Friday, October 2, 2009

O Caminho

Para os católicos portugueses, o dia mais importante da nossa história é certamente aquele em que Deus nos visitou através de Nossa Senhora.

Portugal é sem dúvida para todos nós terra de Nossa Senhora pois mesmo para aqueles que não têm fé e trazem Deus perdido no seu interior, Fátima é um um mistério incrivel que ,embora possam não acreditar, é marco espiritual no caminho da sua vida.

Não devemos esquecer que por várias vezes na nossa História foi prestada pelas mais altas individualidades homenagens a Nossa Senhora; D. Afonso Henriques dedicou-Lhe a construção do Mosteiro de Alcobaça como forma de agradecer a conquista de Lisboa, D.João I mandou construir o Mosteiro da Batalha em honra de Santa Maria como forma de agradecer a vitória de Aljubarrota, D. Henrique mandou ereger em Belém a Capela de Nossa Senhora onde grandes descobridores rezavam antes de rumarem aos oceanos e D. João IV coroou Nossa Senhora Rainha de Portugal.

Mesmo para aqueles que não têm fé ,Fátima é um acontecimento intrigante e perturbador.

Para nós peregrinos pisar a estrada falando com Deus duma forma que só na nossa semana o podemos fazer ,rezar, simplesmente rezar com a avidez com que rezamos durante a caminhada, são de facto o maior momento do ano e dos dias conturbados em quer vivemos.

E é com muita alegria que vamos constatando as mudanças e transformações interiores com que nos temos confrontado ao longo dos anos de peregrinos.

O 13 de Maio é e será cada vez mais a esperança dos católicos sejam eles mais ou menos praticantes.

Eu confio na humildade e na esperança que Fátima nos transmite. E é com estes sentimentos que procuro fazer de todos os dias uma caminhada para o Santuário onde em tempos nada mais havia que um campo onde 3 pequenos pastores mudaram a vida de milhões.

E para os novos que julgam que Deus se esqueceu deles e tentam através da caminhada para Fátima um reencontro com Ele, o toque mágico e maternal da Virgem durante o caminho é e será sempre o verdadeiro mistério de tudo o que se passou na Cova da Iria nesse bendito ano de 1917 que para todos nós será o ano do século vinte.

Luis Barahona de Lemos

Sunday, June 14, 2009

OLÁ LISBOA ……DAQUI MADRID

A PEREGRINAÇÃO CONTINUA .. COM O QUE TROUXE PARA CASA

- Trouxe a “tia Gena”. Muito serena cumprindo uma vez mais a missão que o Senhor um dia lhe entregou: a de “Pastora”que leva o seu rebanho de Lisboa a Fátima !. Apoiada no seu enorme “cajado” ( Rita, Mico, muitas Carlotas, Teresas, Bébés....) e com “Ó Senhora Minha ó minha Mãe, eu vos ofereço todos a Vós...eu vos consagro os seus olhos, ouvidos, bocas, corações... Guardai-os, Defendei-os..como coisa própria Vossa..”, rezado bem cedo, cada manhã, levou-nos à Capelinha, aos pés da Senhora e entregou-nos um por um, tal qual somos, com o coração aberto para ouvir os segredos que Ela tem para nos contar. Gracias, “tia Gena”. Rezo por si todos os dias,

- Trouxe aquela chuvada torrencial à saida do Gaio, que nos caiú em cima e nos empapou até aos ossos. Encharcámo-nos de graças caídas do Céu. Purificou-nos ! Limpou tudo o que era “eu” para poder entrar “Ele”. Eu não contava nada com esta chuva; não vinha preparada, mas....Eu, sim, que conto contigo. Vim ter contigo quando menos Me esperavas. Para mim todos os momentos são bons para bater á tua porta. Dava gosto ver tanta cara molhada e todas com um sorriso!

- Trouxe também a 2ª grande chuvada à saida de Vale de Figueira. Alguns precisávamos ainda de nos empapar mais do nosso Deus, de O ouvir chamar-nos pelo nosso nome como o Profeta Samuel e como ele, responder-lhe “Fala Senhor que o teu servo te escuta” ( Samuel, 3, 10 ). Foi bom...muito bom!

- Trouxe para casa todos aqueles almoços e jantares maravilhosos em que cada grão de arroz, cada fava, cada folha de alface eram “puro carinho”! Até comemos uma sopa feita com uma oração deliciosa!. Como se nota e que boas são as coisas feitas com amor!

- Trouxe bem guardados os tão bons momentos de Oração. Momentos de intimidade, de amor com o teu Deus que te levam para bem pertinho Dele. Missas. Homilias. Acção de Graças. Orações lindas alternadas com cantos que eram rezar cantando ou cantar rezando. Caminhadas de silêncio: aqueles 5oo pés a rezarem na terra, com os olhos postos no Céu. Quantas coisas importantes terá dito Deus a cada um!

- Trouxe os muitos terços rezados pelo caminho com Nª Senhora. Houve 1 terço para mim muito especial: domingo 10 de Maio, meio dia, Praça de Samtarém. No meio dos 250 peregrinos de Fátima, chegou, da Terra Santa um peregrino chamado Papa Bento XVI para rezar o terço connosco. O Padre Dário foi buscá-lo e trouxe-o “bem vivo” para ao pé de nós. Mostrou-nos o Sucessor de Pedro! O escolhido pelo Espírito Santo para o ano 2009! O Bispo de Roma! O Vicario de Cristo! O Santo Padre! O que tu tens que amar, gostes ou não, porque ele é o Pastor da Igreja Católica Apostólica Romana. A tua Igreja. Na Praça havia muitos homens, mulheres, velhos, novos, casados, solteiros. Vi Igreja. Senti-me Igreja. Somos Igreja. Un verdadeiro tesouro que trouxe na mala para gozar, rezar. Para amá-la todos os dias da minha vida.

- Trouxe as Bem Aventuranças. O Padre Dário disse-nos que são a Carta Magna do Evangelho. Caminho de felicidade. Caminho de Santiadade. Caminho de Vida. Meditar, saborear, viver, cada uma como a 1ª Bem Aventurada, a Mãe das Bem Aventuraranças,a Mãe do Bem- Aventurado por Excia, a Mãe de todos nós peregrinos. O Sopas encarregou-se de as “gravar” dentro de cada um para poder trazê-las para casa e ouvi-las de vez em quando.

- E trouxe um propósito. Lembram-se que o Padre Vasco nos disse à entrada de Fátima que os propósitos fossem “poucos, pequenos, possiveis” ?. Que cada um se ponha a tocar o seu instrumento, a sua música, com Cristo-Rei de director de orquestra e que não desista nunca de tocar ?. Pois garanto-vos que, aquí em Madrid, bem longe, oiço uma música linda, uma sinfonia maravilhosa feita de terços, chuvadas, pés que rezam, almoços e trabalhos feitos com amor, as vozes da Sofia e da Carminho, lutas, caídas e levantadas, Missas bem vividas, pensar nos outros, rezar por todos, esforços grandes e pequenos, sofrimentos, xatices, dor, cruz, alegrias. Temos que trazer muitos mais músicos para a nossa orquestra . Que se oiça a nossa música bem alto por toda a parte e veremos muitos sorrisos em todas as caras. É a orquestra da Felicidade, porque temos um Pai Nosso que nos adora e uma Mãe Nossa sempre atenta a cada um e a pedir por nós ao Seu Filho Jesus.

13 de Junho de 2009

Manaça

Tuesday, June 2, 2009

"Um bocadinho de Céu!"

Tenho medo que este testemunho vos deixe inquietos, sou um “buscador” da inquietude, nos outros e em mim!

Mas, como estou certo que sempre, ou quase sempre, as verdadeiras certezas nascem da inquietude do espírito, vou-me inquietando e esperando que os outros se inquietem também!

Odeio metas, por isso tento sempre não chegar a elas, gosto de lhes pôr barreiras, entraves, só assim o fim do caminho fica mais longe, que estupidez esta de não caminhar por estradas fáceis. Estou convicto que seria melhor, o caminho, se cortasse a direito. Desculpem mas não o sei fazer, mesmo que isto por vezes me desespere… Adoro encontrar pedras, para uma a uma, com mais ou menos sacrifício, as por de lado, ou como dizia o poeta construir um castelo.

Seria tão mais fácil aceitar as coisas sem as por em causa, sem pensar nelas, sem lhes dar um pouco do meu tempo, mas ao mesmo tempo seria um reprodutor de ideias certas mas longínquas no meu interior, faziam só parte da memória e não da minha verdade. Afinal para que serve saber a tabuada se não sabemos fazer contas?

O mesmo se passa com a terrível mas maravilhosa palavra a que chamamos Fé. Para que nos serve a Fé se não sabemos tirar proveito interior do magnífico dom que é acreditar?

Uma das minhas grandes dúvidas é, que posso, ou melhor que devo eu fazer com a minha Fé? Bem sei que o primeiro princípio é aumentá-la um pouco mais todos os dias da minha vida, mas isto só não me basta, ou melhor, basta-me teoricamente mas não me sossega o espírito.

Foi este espírito inquieto e desassossegado que me levou a andar convosco até Fátima, fui à procura de respostas, ando sempre na mira de respostas!

Quando finalmente os meus pés carregados do peso dos do meu Pai, chegaram a Fátima, respirei de alívio, finalmente tinha chegado e pensei não me custou nada, é mesmo fácil…

1ª rasteira:

Tinha-me avisado a Pimpas, que depois do caminho é que vinham as rasteiras, e pensava eu, que queres tu dizer com rasteiras, percebi logo na chegada ao Santuário que não é pelo facto de fazermos o caminho que ficamos imunes a esta doença de deixarmos de lutar para acreditarmos todos dias um pouco mais.

E fui rasteirado... logo ali, quando tudo me parecia ter sido fácil, foi-me pregada a primeira rasteira, um terço inteiro, de joelhos, para mim uma das piores posições físicas por causa das minhas costas, foi então que percebi que o caminho me iria marcar para sempre, nesse terço, nesse repetir de orações, revi toda uma “viagem”, senti cada passada, cada olhar, cada Avé Maria meditada com a Tia Manaça, reordenei cada novo bocadinho de mim, revelado nos momentos de silêncio, cada mudança que me propôs fazer, cada tempo que quero entregar aos outros, cada defeito que entreguei, enfim cada tudo, não me escapando nada…

E foi de joelhos em frente a Capelinha que me propôs a acreditar mais e mais, para poder crescer e assim abraçar o mundo, é preciso abraçar o mundo e mostrar-lhe esta alegria que trazemos dentro de nós, contagia-lo com esta extraordinária força que a fé nos dá. Isto, estou certo, é continuar a caminhar, levando o nosso testemunho aos outros, mostrar-lhes como se pode sorrir na dor, como se pode amar a cruz, e acima de tudo caminhar para a cruz na certeza que quando lá chegármos Ele nos vai sorrir (obrigado Padre António por esta imagem que tanto me tem inquietado).

Dificil esta missão de fazer Cristo muribundo sorrir. Na dor, no sofrimento, esquecemos o mundo à nossa volta, só pensamos em nós e na nossa forma de encontrar um antidoto para o nosso sofrimento. Tudo o que queremos é libertar-nos daquela provação, isto tudo, porque somos egoístas, porque não entregamos o nosso sofrimento pelos outros. Quantos de nós, pregados na cruz, seriamos capazes de sorrir por amor ao próximo?

Eu ainda não sou capaz, não descobri a forma do meu sofrimento se tornar pura entrega, o meu sofrimento ainda é puro egoísmo.

É esta a transformação que me proponho a fazer, mas isto não é em nada um PPP (um propósito, pequeno e possível), é a maior das ambições é uma cambalhota total! Não sei se sou capaz...

Voltando ao caminho, ao fim do caminho, à nossa partilha, aquela onde o meu Pai me fez chorar de contente, onde tive mais um emporrão, afinal talvez seja possível chegar a imagem do sorrir na cruz. Percebi com total clareza isto ao ouvir duas mães, que perderam um filho explicarem que foi na fé que encontraram a paz para aceitar aquela partida, é algo de extraordinário. Obrigado Malica, obrigado Rosarinho, por me ajudarem a perceber que nos momentos dificeis deste caminho, a fé nos leva ao colo e, mais e melhor, aprendi que é quando vamos ao colo dela que conseguimos ter força para entregar o nosso sorriso aos outros!

É para isto que rezamos todos os dias o Pai Nosso e mais que rezar, tentamos, com a maior dificuldade do mundo, pô-lo em prática, devo dizer-vos que é o meu maior tormento mas, estou certo com a vossa ajuda serei capaz, talvez capaz...

“Pai Nosso, que estais nos céus,

Santificado seja o vosso nome,

Venha a nós o vosso Reino,

Seja feita a vossa vontade,

Assim na terra como no céu.

O pão nosso de cada dia nos dai hoje.

Perdoai-nos as nossas ofensas,

Assim como nós perdoamos

A quem nos tem ofendido,

E não nos deixeis cair em tentação,

Mas livrai-nos do mal. Ámen. “

Obrigado a todos por me terem ajudado a perceber o que é amar pelo sofrimento! Obrigado a todos porque Convosco toquei um bocadinho do céu...

Lisboa, 30 de Maio de 2009

Pita

P.S. vejam este video



Saturday, May 30, 2009

Hoje é 3a ou 4a f.?

Foi assim que cheguei a casa.

Não sabia o dia da semana em que estava.

Tinha desligado.

Cheguei a casa com pena da peregrinação ter acabado e quando vi o meu duche tive saudades dos duches que tive e quando vi a minha cama tive saudades do meu saco cama e de dormir rodeado de amigos. Muitos dos quais nem sei os nomes.

Só quando abri a agenda comecei a por os dias, as horas e a dita vida normal em dia.

Vida normal que cada vez mais penso que é anormal.

A peregrinação a sério não acabou, começou quando chegamos a casa.

Eu fui um dos super privilegiados que levou o andor dia 12 a noite.

Curiosamente durante a caminhada, primeiro disse que sim que levava o andor, depois quando nos aproximávamos de Fátima no dia 12 disse que não e depois do terço em frente a Capelinha vieram ter comigo e perguntaram: Vens ou não vens, deixa-te de merdas ? Disse que sim e foi espectacular. Depois de termos sido escolhidos fomos levados para uma sala onde estava o andor já todo arranjado mas sem a Senhora. Tudo a volta do andor nesta sala eram flores. Ficamos de boca aberta e aflitos. Perguntamos ao Servita se podíamos rezar uma Ave Maria ali. E rezamos. Todos queríamos dizer coisas mas ninguém dizia nada. Até que um mais afoito perguntou a um Servita se podia ir a casa de banho. Ele disse que sim. E fomos oito a casa de banho. Havia uns risos nervosos de imensa responsabilidade e uma vontade enorme de tirar uma flor do andor mas ninguém mexeu em nada. Vieram os Servitas com as suas explicações: Vão levar o andor vazio para a Capelinha e depois fazem o primeiro percurso. Poisam devagar o andor e depois voltam a levantar o andor com a Senhora e vão andando devagar e rematou: “ Não deixem cair a Senhora “ ! Foi espectacular. Foi único. Levantamos o andor com a Senhora e como o cortejo estava atrasado estivemos uns bons 5 minutos parados na Capelinha a carregar o andor já com a Senhora antes de começarmos a andar. Mais uma vez vi o sortudo que eu sou e os privilégios que vou tendo na minha vida. O abraço que todos trocamos quando mudamos de turno foi longo e sentido. É para quem fez.

Como toda a gente tenho problemas na minha vida que comparados com outros de tantas outras pessoas não são nada e tenho tantos privilégios.

Invento problemas, invento coisas e isto é um dos meus problemas.

Aprendi nesta peregrinação que para poder gostar dos outros tenho que gostar de mim primeiro. Tenho que me aceitar e ser menos revoltado. Explodir menos e sobretudo pensar primeiro.

Continuo a não perceber as questões da dor, do sofrimento. Não consigo ficar indi- ferente quando vejo alguém a sofrer de dor, de emoção, de tristeza, de alegria. Já ouvi muitas explicações mas não acredito em nenhuma.

Continuo a não perceber porque uns e não outros.

Continuo a não perceber certas posições da Igreja. As vezes, na minha opinião, tanto radicalismo para umas coisas e tanto politicamente correcto para outras.

Muitas vezes penso o “ Chefe “ faria assim ? O “ Chefe “ diria isto ? O “ Chefe “ disse que o seu reino era outro. Então onde esta a duvida ? Porquê o socialmente bonito ?

Um dos meus grandes problemas é que eu não me revejo em muitos dos empregados do “ Chefe “ como eu lhes chamo. Pela simples razão que dizem uma coisa e fazem outra. Pela simples razão que não lhes encontro nenhuma espiritualidade. Pela simples razão que não me fazem rezar. Pela simples razão que não me fazem pensar. Não acredito em quem fala sobre matérias sobre as quais nunca tiveram que resolver na sua própria vida. Como se diz no mundo dos negócios: Nunca se tiveram que atravessar. É fácil dar opiniões sobre coisas importantes, muito importantes, mesmo muito importantes sobre matérias que não nos tocam, que não temos que resolver. Eu prefiro dizer que: O que eu quero é nunca estar na posição de ter que resolver, decidir isto ou aquilo.

Continuo a gostar de ir a Fátima mas continuo sem perceber porque Fátima trata tão mal os seus visitantes e peregrinos ( limpeza, higiene, espiritualidade, silencio, zonas verdes, restaurantes com uma sopa quente abertos durante a noite, etc. ). As vezes penso Fátima tem negócios a mais e espiritualidade a menos e irrita-me quando oiço pessoas não praticantes a gozar com estes aspectos.

Sei que fico muito aflito com certas frases que oiço em doentes, que me fazem ter vergonha das minhas queixas, que me fazem rezar, que me fazem crescer, que me fazem ter um respeito enorme pela pessoa que esta a “ falar “ comigo. Pessoa que efectivamente as vezes não fala, escreve, acena com a cabeça ou só com a sua expressão me faz acreditar.

Sei que a vida dá muitas voltas e sei que se hoje estou aqui é porque estive a afogar-me.

Sei que se hoje levo a vida que levo é porque Deus quando fecha uma porta abre uma janela.

Sei que queria ter mais coisas mas também sei que podia dar aos outros mais coisas.

Sei que ando a deixar de ser revoltado aos poucos e que tenho ainda muito chão para pisar.

Sei que cheguei a casa e andei a procura da agenda de 2010, que ainda não comprei, para marcar a peregrinação do próximo ano.

Sei que desfiz o saco com pena mas a vida a serio começa hoje no dia Fátima + 1.

Sei que em casa cheio de comodidades rezo pouco e naquele dia na estrada debaixo de chuva, todo molhado, rezei, cantei e senti-me bem. Sei que senti orgulho em todas as pessoas que saíram para a caminhada depois do pequeno almoço em Vale Figueira. Todos sabíamos que íamos apanhar uma molha mas ninguém disse nada, ninguém criticou, ninguém ficou para trás. Fomos todos. Todos molhados a rezar. Foi espectacular de força.

Sei que numa orquestra de vez em quando chama-se um só instrumento para brilhar, para fazer um solo. Aqui brilhamos todos bem molhados a luz da chuva.

Sei que para rezar e ou recordar ( matar saudades ) faço percursos da peregrinação. Vou andando, vou recordando tudo. Vou procurando as mochilas e o Cocas para saber se vou no caminho certo.

Sei que ao longo do ano vou explicando como é a peregrinação, as etapas mas, sei que é difícil, impossível explicar as emoções que vou sentindo, os olhares, as conversas, os terços rezados pelas bermas, pelas estradas, pelos campos.

Sei que estar parado, sozinho em frente ao Pavilhão da Azambuja, recordar tudo e não ver ninguém é uma solidão enorme.

Talvez seja por isso que faço cruzes. Talvez seja uma forma de eu rezar. Passo dias seguidos sem fazer nenhuma e depois vem uma vontade enorme e são seguidas.

Senti muito a falta do Zé Pedro Rhodes Sérgio. Gostava da sua amizade, do ouvir cantar e de rezar com ele.

Sei que voltei com mais vontade de ir ao IPO e de aprender com os doentes. A pouco tempo uma Senhora que tem um problema na garganta me dizia: Saio amanhã e logo que poder vou a Fátima com o meu marido. O que é preciso é ter fé para ter força e saber que há pessoas que estão muito pior que eu.

Só me sento no chão nas bermas das estradas uma vez por ano mas essa vez sabe tão bem e é recordada ao longo do ano.

Sei, já tive provas duras dadas, que as amizades que fiz no Passo a Passo são para a vida e que cada vez que nos encontramos sem querer rezamos. Sei que já conheci gente no Passo a Passo com os quais ia para a guerra.

Sei que esta semana, é a semana magica do ano.

Tomas Moreno

FÁTIMA, MAIO 2009


"Testemunho de um priveligiado"

Já tinha tido por duas vezes o previlégio de transportar o andor de Nossa Senhora em Fátima mas sempre em Outubro. É uma sensação arrepiante por um lado mas tranquila por outro pois sentimo-nos perto do Céu.

Este ano,após a chegada ao Santuário com toda a carga emocional que a todos nos enche, fui a correr para as traseiras da Capelinha aguardar a escolha pelos Servitas de quem leva o andor na Procissão das Velas.

E de um grupo de oito (dos quais faziam parte o Tomás Moreno, o Francisco Mota Ferreira, o António Sobral e o Filipe) fui escolhido para ,juntamente com um peregrino do norte, ir à frente no primeiro turno,ou seja, aquele que vai buscar o andor ao sitio onde ainda se encontra repleto de flores mas vazio, depôr o mesmo na Capelinha e aguardar que , durante o 5º mistério do Terço seja colocada a Imagem da Virgem e seguir por entre a multidão até mais ou menos um terço do Santuário, onde o 2º turno nos aguarda.

Embora seja muito difícil, vou tentar explicar o que senti nestes três quartos de hora.

Comecei por agradecer e ao mesmo tempo pedir perdão à Virgem por um vulgar pecador como eu manchar a candura e o brilho tão puro da Imagem e do que Ela representa.

Com os nervos à flor da pele pensei que não ia conseguir levantar os cerca de 40 Kg que cada um carrega, que as minhas hérnias lombares me iam imobilizar durante a Procissão e que ia manchar a beleza de tal momento. Assim pensei em desistir pois não ia conseguir. E tudo isto se passava com o andor ainda vazio.

Olhava para os sete que estavam tão ansiosos quanto eu, e o staff do santuário que nos rodeava tentavam descontrair-nos transmitindo um voto de confiança .

De repente o Tomás pergunta a um servita o caminho da casa de banho e aí fomos todos a correr aliviar o nosso nervoso de miudo que entra no liceu pela primeira vez.

Depois deste episódio rocambolesco, ouvimos uma voz de comando : “ Tudo pronto ? Vamos começar “

E foi neste momento que o meu colega que seguia em 2º lugar atrás de mim me bate nas costas e diz “Amigo não te aflijas pois tenho força de dois “

Foi esta mensagem do Céu que eu necessitava de ouvir para conseguir por duas vezes levantar a minha parte do pesado andor.

Quando as portas se abrem e entramos naquele mar de velas acesas julguei que eram as portas do Céu se tinham aberto. E sem saber como aí estou eu em plena Capelinha no meio da pompa da cerimónia a uns escassos metros da Venerada Imagem da nossa Mãe.

Senti redobrar a Paz do Céu que durante a semana nos invadiu.

Sem me aperceber as lágrimas começaram a cair, tudo isto diante daquele aparato de halofotes, fotógrafos e câmaras da TV.

Também sem me aperceber comecei a descarregar para o Céu todas as Avé Marias , Pai Nossos e tudo mais que tinha acumulado durante ao nossa caminhada.

E então dei conta que todo o nervosismo era injustificado, pois quando se trata de servir Nossa Senhora, tudo corre bem, tudo é Brilho e Luz.

Começa então a nossa lenta caminhada pela ala da Procissão, em que me abstraí por completo do peso no ombro.

Olhava enternecido para as faces devotas da multidão que ,ao passar o andor ,se prostrava mentalmente perante a Sagrada Imagem .

Senti carregar o Mundo às costas, e com uma estranha e inexplicável leveza .

As lágrimas não paravam de cair e nada fiz para as enxugar pois eram lágrimas priveligiadas de orgulho e devoção por este inesquecível momento que tive a SORTE de poder viver.

E com grande pena minha passei o meu lugar ao João Pinto Magalhães que me rendeu em tão honrosa tarefa.

João pela tua cara percebi o que estavas a sentir! Considera-te também um previlegiado.

E só tive tempo para, no meio da multidão e ainda de cara molhada, dar um forte abraço ao desconhecido peregrino que com a sua palavra amiga de força dupla me fez andar sem receios.

Luis Barahona de Lemos

Maio 2009

Wednesday, May 27, 2009

"Caminhar com Maria" por Padre Dário



Ser peregrino é dom, é graça. Cada passo, cada paisagem, cada irmão ou irmã, cada partilha, cada oração, cada momento de silêncio,
cada sorriso, cada ajuda, são dom precioso de Céu, através de Maria. E a peregrinação, com a Mãe, é momento de conversão, de caminhada para a santidade, momento de exame de consciêncuia da vida, dos critério, das opções. A peregrinação interpela, questionona, nos faz "mexer" por dentro. É tão bom ser peregrino, passo a passo, com este grupo maravilhoso. Bendito seja Deus. Como sacerdote tenho uma experiência linda, de ajuda e partilha, de muitas hooras de confissões, de atendimento pessoal, de escuta de corações , de vidas, de pecados, de vontade firme de mudar. Sou, pela graça de Deus e apesar de frágil e pecador, testemunha das maarvilhas que Deus e Nossa Senhora fazem no coração de muitos. São dias de retiro, de oração, de grandes momentos de silêncio onde Deus fala, toca por dentro, pede, e dá muito, mesmo muito. Ele é Amor infinito.

Que belos são os nossos terços meditados que nos unem a Maria e uns aos outros. Que maravilhosas são as nossas Eucaristias, qualquer que seja o Padre que as preside, onde Jesus fica no altar e vem ao coração de todos.

Que belas são as paragens para descansar, ouvir partilhas, res
sonâncias interiores. Que formadoras e interpelantes são as "palestras" espirituais, começando pela pequena dica da oração da manhã. E a paisagem, passo a passo, que nos eleva para Deus, nos faz "ver o invisível". Somos caminhantes para o divino, tendo como meta Fátima, o altar do mundo, a Casa de Nossa Senhora. Caminhamos na certeza que ela nos espera e, ao mesmo tempo, vai e caminha connosco. Ela é verdadeiramente a Virgem peregrina. E sabe-nos tão bem sua presença, seu olhar, sua ternura, suas palavras, sua ajuda. Obrigado, ó Mãe, ó Senhora de Fátima, ó Senhora da azinheira, ó Senhora dos Pastorinhos, ó Senhora das mensagens trasidas do Céu, que nos apelam à conversão.

Sou um verdadeiro privilegiado por poder peregrinar com tantos irmãos e irmãs.
Este ano parece que éramos cerca de 270.
Que maravilha!!!
E como me comove ver, na caminhada, uns a ajudar outros, com pés mais feridos ou almas mais atormentadas? E como me sinto pequenino ao perceber que corações generosos oferecem muitas das refeições? E como é recorfortante encomntrar o carinho de Jesus nas pessoas e nos rostos, nos corações que nos acolhem e partilham connosco?
É tudo tão divino, tão belo, tão evangélico...E a peregrinação, cada ano, se transforma numa sinfonia de amor. Até os toques de bosinadela dos camionistas são saudações amigas que alentam e dão alegria. Como é encantador caminhar , peregrinar assim Saímos mais ricos, mais determinados a amar e servir, mas comprometidos com Maria e com o Evangelho.

E afinal é isso que mais importa: que a vida se transforme, os corações se convertam, as famílias mudem.

E o mundo inteiro que vai nos nossos corações vai mudando também. E todos, começando por mim, trazemos muito "trabalho para casa", muito compromisso para colocar em prática, muito apelo para transformar a vida.
E fica-me sempre u
ma imensa gratidão a todos, sobretudo à tia Gena e a toda Equipa que ajuda, organiza, nos facilita a vida e nos enche a alma e o coração. Como é bom peregrinar assim. Bendito seja Deus. Amém. Aleluia

Padre Dário Pedroso sj

Tuesday, May 26, 2009

Levei a todos comigo na sola dos meus pés

Pé na estrada. São os pés que me levam. São os pés que não me deixam parar.

É ao ritmo da passada que desfio Ave-Marias. É nos pés que levo as dores e as alegrias de cada um.

Nos pés doridos levo os doentes, os moribundos, os maltratados, os abandonados.

Nos pés que tropeçam numa pedra ou resvalam numa inclinação levo os pecadores os desviados, os infelizes, os que estão prestes a cair.

Nos pés que dançam ao som dos cânticos levo os bem aventurados, levo os alegres, os oprimidos, semeadores de esperança e de amor.

Nos pés tratados levo os que me amam, os que cuidam de mim, os que rezam por mim, os que me dão mimos, os que me ajudam a caminhar mais além.

Nos pés com bolhas levo os defeitos, os meus e os de todos, Bolhas que não deixam andar direito mas que fazem pensar que existem, e que era muito bom que desaparecessem , para que assim o caminhar fosse mais leve e levasse mais depressa ao destino.

Nos pés untados de creme levo comigo os consagrados e os sacerdotes. Sem estes não poderíamos ter os sacramentos cujo óleo divino nos dá protecção para a grande caminhada da viva.

E assim nos muitos passos até Fátima não pára de louvar e agradecer ao Deus da minha vida e de interceder pelos meus e pelos pés de todos

Que nos levem mais longe!

Leonor Simões

Sunday, May 24, 2009

Eu também vos pertenço, sois parte de mim

Confrontada, este ano, com a impossibilidade de fazer os caminhos para Maria convosco senti "ao vivo e a cores" o sacríficio emocional mas, simultâneamente, a confirmação de que sois parte de mim e que eu, também, vos pertenço. Um sentimento de pertença que nasce duma vinculação construída com muito amor, este amor que nos leva ao Pai do Céu através de Maria.
No dia 6 toda a minha vida estava organizada para às 19.00h estar no Estoril na Missa do envio, despedir-me de vós e, também, não consegui... as horas a passar e a impossibilidade a tornar-se gigante e o meu coração muito, muito apertado.

O dia 7 passei-o a chorar...a lembrar-me sempre a esta hora estão aqui...agora vão em silêncio...terão rezado o terço no Jardim de Alhandra?...a missa de Vila Franca de Xira...a apresentação dos novos e, tudo isto com lágrimas ( os que me conhecem sabem que sou uma grande chorona!) e, dia 8 comecei o meu dia de trabalho mais cedo com o entusisasmo necessário para sair mais cedo e poder ir ter convosco a Azambuja...dia em que em tempos já passados descobrimos Deus no "outro" sentado ao nosso lado, onde o arroz de favas era partilhado com o nosso querido Zé Pedro...ele comia o arroz e as favas e eu os enchidos que não lhe faziam nada bem...

Cheguei à missa na Herdade dos Ortigão Ramos e lá estavam todos sentados e eu cá atrás a poder vê-los, ouvir, cheirar (e, não era a palha!!) e, mais uma vez chorei a emoção da separação /reencontro com quem me é tão querido....a meditação lida pela Rita (D.) na Acção de Graças caiu que nem mel...e, depois o poder abraçar todos...jantar, reunião e ouvir o que já levámos daqui se a peregrinação terminasse neste dia?... para quem nem começou já leveva muita coisa mas, Malica disse o que para mim tem sido a grande aprendizagem deste Caminho "a sofrer com alegria"....e o Pita a crescentou "sorri para a minha fé com lágrimas nos olhos"...e as palavras do

Padre Dario que muitos referiram...um apelo a um coração tranquilo!!
Claro que regressei a casa triste por não vos poder acompanhar mas, rezando para não me desviar do que tenho conseguido aprender nas nossas caminhadas e não perder a possibilidade de praticar...mais a obediência!! palavras sábias da tia Gena: não entrar a meio ou se começa no 1º dia ou fica para o ano, não aparecer a meio para não destabilizar...e, voltei em Vale Figueira marco irreverssível da nossa caminhada e, o Padre Dario falou de nos descentrarmos de nós próprios...de irmos ao encontro do outro...do desapego das amarras do mundo e, ouvi o Sopas cantar as Bem Aventuranças!!

Regressei em Alcanena e, agora já para ficar em Fátima para vos ver chegar mais um ano sempre como se fosse a 1ª vez...
Aqui, estive acompanhada pelo Zé Roquete e, no dia 12 fizémos em Fátima a "nossa" peregrinação...Via Sacra dos Húngaros às 07.30h da manhã, missa nos Valinhos, Capelinha, visita ao Senhor Lausperene, meditação na nova Basílica e,...de banquinhos lá fomos entusiasmados para a porta do Santuário esperar pelo "nosso" grupo e fomos encontrando mais e mais que também já foram um dia...mais os que nunca tendo indo também vos esperam...LINDO!!
e, rezámos o terço juntos em frente da Senhora ..cada um de nós com as suas intenções, suas súplicas, graças e, sinceramnete, com o desejo que sejamos sempre grupo com vínculos de pertença construídos no Amor a Maria e ao Seu Filho.

um abraço muito abraçado,
Tareca

Saber ser Feliz na Fé

Não sei se será apenas de mim, mas tenho a sensação de que, este ano, os seis dias passaram a voar. Felizmente, já só faltam 365…

Este ano, ao contrário dos anteriores, não tinha factores externos que pudessem influenciar o meu encontro anual mais aprofundado com Maria. Sentia que estava pronto.

Ou quase.

Sentia aquela ansiedade que nos assalta antes da partida, a animação de rever velhos amigos e tantas outras pessoas que, por vicissitudes várias, a vida apenas nos permite que, no melhor cenário, nos encontremos uma vez por mês.

(Re)descobri que, como todas as anteriores que tive o privilégio de fazer, esta foi também uma peregrinação diferente.

Diferente até, porque este ano, o clique tardou a surgir. Não que a Fé não nos acompanhe, não que a devoção a Maria, Nossa Mãe, não esteja presente. (E que melhor presente podemos ter de Nossa Senhora que não seja levar o Andor na Procissão das Velas??).

Mas sentia que faltava algo. Faltava algum sossego para a minha alma.

São José Maria Escrivá costumava dizer algo que quero partilhar com vocês:

“Mãe! Chama-a bem alto. Ela, a tua Mãe Santa Maria escuta-te, vê-te em perigo talvez, e oferece-te, com a Graça do Seu Filho, o consolo do Seu regaço, a ternura das Suas carícias. E encontrar-te-ás reconfortado para a nova luta”.

E foi o que tentei fazer ao longo destes dias. Confesso-vos que uns mais do que outros, com mais força nuns dias, mais coragem e mais Fé, e noutros, onde sentia que o rezar não é apenas o acto mecânico de chutar Avé Marias para o Céu. (A Tia Gena que me desculpe a usurpação da sua frase).

Mas sei que rezar aqui nestes caminhos é descobrir também o prazer de uma conversa, o partilhar das nossas alegrias e tristezas com quem temos o privilégio de caminhar ao nosso lado e sentir e saber que podemos chamá-lo de Amigo.

É a partilha de um momento, de um sorriso cúmplice, de uma piada até, que isto da beatice não tem que ser sempre tudo à séria e com um olhar pungido.

Como dizia o Padre António em Santarém, temos de ser felizes na nossa Fé e temos também a obrigação de a mostrar e de a partilhar com quem ainda não foi agraciado com esse maravilhoso dom de Deus.

E se Jesus, que foi Jesus, também precisou de crescer na Fé, como é que nós, simples seres mortais e pecadores, não temos também de o fazer?

Jesus Cristo foi feliz porque acreditou. Porque mesmo quando duvidou, no Horto das Oliveiras, aderiu à vontade do Pai.

Podia dizer-vos muito mais. Despeço-me com a sensação de saudade e deixo-vos, uma vez mais com S. José Maria Escrivá:

“Alguns passam pela vida como um túnel e não compreendem o esplendor e a segurança e o calor do sol da Fé”.

E nós, que temos a Graça de a possuir, quando sairmos daqui, saberemos ter a coragem de a continuar a alimentar?

FRANCISCO MOTA FERREIRA

13 de Maio de 2009

Wednesday, May 20, 2009

Passo a passo para Maria peregrinei a Fátima e com Maria atravessei o Tejo....


A calma, serenidade e paz, muita paz, continuam dentro de mim, após a semana que vivemos para Maria e com Maria e que este ano, inexplicavelmente, parece perdurar. O mundo real estava à minha espera, à espera de todos nós, mas Maria continua ao meu lado, minha amiga, a dar-me a mão, a dar sentido ao meu dia a dia, a desassossegar-me para caminhar a seu lado, a beliscar-me se me distraio, a cantar-me no silêncio para que a oiça e a pedir oração, mais oração. E é tão simples o seu falar, e parece que só agora a compreendi. E é esta maravilha que me fez crescer este ano, crescer para Maria e poder falar d’Ela com os que estão à minha volta. E este ano algo de novo aconteceu no meu mundo do trabalho: tive uma chamada do meu CoE (durante a caminhada) à qual não respondi e quando a devolvi pediu-me mil desculpas pela interrupção das férias pois não se lembrou do propósito das mesmas (é Dinamarquês, agnóstico, está há 1 ano em Portugal e o ano passado tive alguma dificuldade que aprovasse a minha ausência em Maio). Ainda hoje me perguntam “como foi tudo” e descobri pessoas maravilhosas com um respeito enorme pela Mãe e com quem passei a ter outro “tipo de conversas”….

Já reflecti bastante sobre esta “onda de paz” que vivo e sinto e penso que tem a ver com a minha preparação pessoal e com a crescente preparação da nossa “família do Estoril” que, se calhar sem me aperceber, foi-nos conduzindo ao longo do ano. Como disse o Padre António, cada peregrinação é A Peregrinação, e esta frase bateu forte cá dentro e foi mesmo assim!

Foi após a nossa reunião de “debriefing” no dia 13, em Fátima, que fui desafiada para acompanhar a Senhora na sua travessia no Tejo. Tinha acabado de me despedir d’Ela, depois da oração dos Servitas quando realizei que não era um Adeus mas sim um Até já…

E foram tantas as graças que recebi durante a nossa caminhada que receber mais este presente do céu encheu-me de uma enorme alegria.

Tinha visitas em casa nesse fim-de-semana, um casal de alemães, que vinham “turistar” e matar saudades de Portugal após muitos anos de ausência. Mesmo assim, fui “fazendo a cabeça deles” para o momento único que poderiam viver.

A partida da marina de Oeiras já foi cheia de emoção: o meu primo Carlos Ramos (avô da Marta que está a precisar do transplante de medula óssea…), eu e o Nuno, a minha mãe, a Mónica e o casal de alemães. Ao nosso lado também iam 2 barcos de amigos que conseguimos desafiar pois pouca gente sabia desta iniciativa.

Ao chegarmos perto da ribeira das naus avistamos a Sagres, toda engalanada com os marinheiros em posição de “às armas” em todos os mastros! E à espera da imagem estavam cerca de 150 barcos (nosso cálculo!)! Barquinhos de pescadores, barcos médios, 2 barcos a remos das escolas náuticas, cacilheiros cheios de gente, salva-vidas, etc…. Havia um yate que levava a cruz de Cristo içada e alguns barcos ouvia-se o terço cantado….até ouvi o Aleluia da Joana que vinha de um veleiro ao nosso lado! A espera foi difícil porque todos queríamos estar o mais perto possível do navio de guerra que A transportou e a polícia marítima esteve sempre a controlar o rumo dos barcos.

Assim que a imagem entrou no barco oficial e vimos que ia ficar no exterior com uma protecção de vidro foi espontâneo o buzinar de todos e o aceno com lenços brancos! O casal de alemães acenava com emoção e alegria, afinal era a Senhora de Fátima que ali estava a olhar também por eles….A romaria a Almada fez-se em silêncio e todos os barcos muito juntos a seguir a esteira da Senhora. Quando passámos pela Sagres houve uma paragem para as 10 salvas dos canhões….foi arrepiante! A chegada a Almada foi inexplicável! O porto e todas as ruas circundantes estavam repletas de pessoas que A queriam ver..não havia um espaço vazio pelas ruas íngremes. O andor em terra já estava pronto para A receber e os marujos fizeram o transporte do barco para terra.

A popa do barco que A transportou estava linda, os arranjos florais eram muito bonitos!

Fizemos o rio de volta ao pôr-do-sol, com o céu muito encoberto e o sol a espreitar pelas nuvens pretas! A Senhora tinha ficado em bom porto mas continuava connosco….até sempre!

Um forte e grande obrigada a TODOS!

Teresesa Mendes Ferreira


Tuesday, May 19, 2009

Fátima 2009 por Francisco Porto Ribeiro


Fátima 2009


Feito o balanço da caminhada deste ano, o que eu sinto e como posso traduzir, reduz-se a poucas palavras: quero mais.

Regressei na noite do dia 12, com muita pena minha e contra a minha vontade, mas teve que ser, por “razões de força maior”. Mas serviu-me para aprender que não mais irei ceder nos próximos anos, enquanto não me esquecer deste sentimento amargo e vazio que fica no peito pois hoje, vido com a sensação de “tarefa não cumprida” – tão perto e, ao fim e ao cabo, tão longe.

Por mim, teria ficado. Eu queria mesmo era ter ficado e permanecer junto dessa enorme “família” com quem peregrinei até Fátima. Resignado, só posso dizer que foi bom, foi muito bom o que se vivenciou neste percurso. Mais porque este ano, em particular, quando contava as pessoas no percurso, apercebia-me que o grupo estava mais unido, mais tranquilo, menos disperso e menos alvoraçado. Este ano, talvez um pouco motivado pela minha sensibilidade no momento, senti, verdadeiramente, que caminhava para Maria. É um pouco como se, finalmente, tivesse encontrado o meu sentido, a minha orientação. Não é que não tivesse sentido de igual forma em anos anteriores mas este ano, o apelo foi forte e apercebia-me disso quando me sentia bem acordar e saber que continuava a caminhar para Fátima.

Neste momento, escrevo no meu local de trabalho, na hora do almoço, mas o estranho é que ainda me sinto no “caminho”, eu ainda me encontro a caminhar para Maria. Não sei para onde irei, não sei por onde irei ou mesmo, não sei se algum dia lá chegarei mas de uma coisa posso garantir, enquanto tiver pernas e puder, continuarei a caminhar para Maria. Como a tia Gena diz sempre, entrego-me em Maria e seja o que Deus quiser.

Ainda a respeito do que senti este ano, posso afirmar que tive oportunidade, ou procurei criar essa oportunidade, de ter mais recolhimento, porque sentia necessidade de avaliar os meus erros, os meus pecados na vida, o meu modo de estar e de agir. Este ano vi que tenho que mudar e ser uma pessoa diferente, melhor sem sobra de dúvidas. E porque só este ano, perguntam vocês? Porque, seguramente, tive que vivenciar tudo o que se passou em anos anteriores para me ajudaram a crescer e a chegar aqui, a este estágio.

Cada ano é diferente e este foi muito diferente. Nós partimos diferentes e chegamos diferentes, sempre de modo diferente, e este ano não foi excepção. Para terem a noção, até à véspera não sabia se poderia ir, foi um drama. De mala no carro, para entregar, sem saber se iria. Eu queria, eu assim fiz tudo e depois, entreguei a Maria. Parece que, afinal, seria esse mesmo o meu sentido, o meu percurso. Tanta correria no emprego, para nada até porque se esquecem que o cemitério está recheado de insubstituíveis. Agora, tive mesmo que regressar a 12 à noite mas se me perguntarem para quê, eu não consigo dizer-vos.

De qualquer forma, o meu coração continua a sua caminhada, assim como as minhas pernas. Estou aqui sem estar porque ainda não me libertei do “caminho”, até porque sei, hoje sei, que é esse o meu sentido, é para aí que me devo orientar e é o que procuro na vida.

Bem haja Tia Gena e bem haja ao grupo do Estoril

Lisboa, Maio de 2009

Francisco Porto Ribeiro