Tuesday, May 19, 2009

Fátima 2009 por Francisco Porto Ribeiro


Fátima 2009


Feito o balanço da caminhada deste ano, o que eu sinto e como posso traduzir, reduz-se a poucas palavras: quero mais.

Regressei na noite do dia 12, com muita pena minha e contra a minha vontade, mas teve que ser, por “razões de força maior”. Mas serviu-me para aprender que não mais irei ceder nos próximos anos, enquanto não me esquecer deste sentimento amargo e vazio que fica no peito pois hoje, vido com a sensação de “tarefa não cumprida” – tão perto e, ao fim e ao cabo, tão longe.

Por mim, teria ficado. Eu queria mesmo era ter ficado e permanecer junto dessa enorme “família” com quem peregrinei até Fátima. Resignado, só posso dizer que foi bom, foi muito bom o que se vivenciou neste percurso. Mais porque este ano, em particular, quando contava as pessoas no percurso, apercebia-me que o grupo estava mais unido, mais tranquilo, menos disperso e menos alvoraçado. Este ano, talvez um pouco motivado pela minha sensibilidade no momento, senti, verdadeiramente, que caminhava para Maria. É um pouco como se, finalmente, tivesse encontrado o meu sentido, a minha orientação. Não é que não tivesse sentido de igual forma em anos anteriores mas este ano, o apelo foi forte e apercebia-me disso quando me sentia bem acordar e saber que continuava a caminhar para Fátima.

Neste momento, escrevo no meu local de trabalho, na hora do almoço, mas o estranho é que ainda me sinto no “caminho”, eu ainda me encontro a caminhar para Maria. Não sei para onde irei, não sei por onde irei ou mesmo, não sei se algum dia lá chegarei mas de uma coisa posso garantir, enquanto tiver pernas e puder, continuarei a caminhar para Maria. Como a tia Gena diz sempre, entrego-me em Maria e seja o que Deus quiser.

Ainda a respeito do que senti este ano, posso afirmar que tive oportunidade, ou procurei criar essa oportunidade, de ter mais recolhimento, porque sentia necessidade de avaliar os meus erros, os meus pecados na vida, o meu modo de estar e de agir. Este ano vi que tenho que mudar e ser uma pessoa diferente, melhor sem sobra de dúvidas. E porque só este ano, perguntam vocês? Porque, seguramente, tive que vivenciar tudo o que se passou em anos anteriores para me ajudaram a crescer e a chegar aqui, a este estágio.

Cada ano é diferente e este foi muito diferente. Nós partimos diferentes e chegamos diferentes, sempre de modo diferente, e este ano não foi excepção. Para terem a noção, até à véspera não sabia se poderia ir, foi um drama. De mala no carro, para entregar, sem saber se iria. Eu queria, eu assim fiz tudo e depois, entreguei a Maria. Parece que, afinal, seria esse mesmo o meu sentido, o meu percurso. Tanta correria no emprego, para nada até porque se esquecem que o cemitério está recheado de insubstituíveis. Agora, tive mesmo que regressar a 12 à noite mas se me perguntarem para quê, eu não consigo dizer-vos.

De qualquer forma, o meu coração continua a sua caminhada, assim como as minhas pernas. Estou aqui sem estar porque ainda não me libertei do “caminho”, até porque sei, hoje sei, que é esse o meu sentido, é para aí que me devo orientar e é o que procuro na vida.

Bem haja Tia Gena e bem haja ao grupo do Estoril

Lisboa, Maio de 2009

Francisco Porto Ribeiro

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