Friday, October 2, 2009

XXX Domingo Comum, dia 25 de Outubro

JESUS, TEM PIEDADE DE MIM

(Mc 10, 47)

Que belo encontro, este do Evangelho de hoje, entre o cego chamado Bartimeu e Jesus, Filho de David, o Rabi de Nazaré. Quem sofre e acredita, pede, suplica, grita, insta, persevera na súplica. Foi o que fez o cego. Se era cego dos olhos do corpo, via bem dos olhos da alma, pois tinha fé adulta, amadurecida, fé que se expressava na oração fervorosa e perseverante. Fé que o levava a acreditar em Jesus, como Médico divino. Se os olhos do corpo não O viam, os da alma enxergavam bem que diante de si tinha Aquele que o podia curar da sua doença. E só houve milagre porque havia fé naquele coração, porque os olhos da alma eram iluminados pela luz viva da fé. E Jesus vai render-se perante tal fé e fazer o milagre: “Vai, a tua fé te salvou”. A fé viva é que salva, é que alcança milagres, é que fez os cegos verem, os coxos andarem, os leprosos serem curados. Como precisamos de uma fé desta dimensão para que nas nossas vidas se consigam mais milagres, mais curas.

Todos somos doentes, todos precisamos do Médico divino, todos temos que suplicar: “Senhor fazei que eu veja, que eu ouça, que eu ande, que eu seja limpo da lepra”. Todos temos que aceitar nossa condição de doentes e suplicar com perseverança: “Senhor cura-me do meu orgulho, da minha vaidade, do meu egoísmo, da minha tibieza, da minha cegueira espiritual, da minha afectividade doentia”. A grande prece tem de ser sempre “Senhor cura-me”, sou doente, sou pó e cinza, são alguém que precisa de cura. Todos temos que assumir a nossa fragilidade, com o cego Bartimeu e ter fé viva para gritar por Jesus e pedir que nos cure.

Curado, Bartimeu, seguiu Jesus pelo caminho. As curas da graça, da acção de Deus, são para seguirmos mais e melhor Jesus, estarmos mais perto d’Ele, assumir ser discípulos mais convictos e convincentes. Não seguir Jesus de longe como fez Pedro na noite das negações, mas segui-Lo de perto para nos tornarmos mais semelhantes a Ele, para rezar como Ele rezou, para amar como Ele amou, para sofrer como Ele sofreu, para ser bom, manso e humilde como Ele. As curas são para nos tornar discípulos mais identificados com Jesus Cristo. É para esta identificação que a graça nos cura, nos cristifica, nos transforma, nos faz ser homens e mulheres novos. Bartimeu, pelo poder da cura, não só começou a ver, mas seguiu Jesus de Nazaré, caminhou com Ele. Fez bem ao contrário dos nove leprosos, que quando se apanharam curados, nem sequer vieram agradecer, quanto mais seguir Jesus.

O nosso mundo precisa da cura que só Jesus pode conceder. Mundo de ódio, de guerra, de crime, de injustiça, de maldade, de roubo, de fome, de desemprego. Mundo fragilizado por tantas doenças que o Médico divino quer curar. Em nome deste mundo temos que rezar, que pedir cura, que suplicar graça. E as nossas famílias também precisam desta cura, como as nossas paróquias, os nossos Movimentos apostólicos. A graça dos sacramentos, sobretudo do dom da Eucaristia pode curar. É o Médico divino que vem a nós para ser “protecção e remédio para a alma e para o corpo”. Mistério insondável da graça, do divino amor, d’Aquele que derramando seu sangue os liberta e cura, que vindo dentro de nós na Eucaristia, feito Pão do Céu, nos quer curar como fez a Bartimeu, o cego de Jericó e como tem feito a tantos ao longo dos séculos. Talvez nos falte fé viva para pedir a cura, talvez nos falte perseverança na oração, talvez nos cansemos de pedir. Mas este cansaço, esta fragilidade orante, já é uma doença espiritual grave. Continuemos a pedir “Jesus, Filho de David, cura-nos”. E o milagre acontecerá.

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