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Wednesday, July 1, 2009

Noviadades

Desafio para todos os peregrinos!
Para ler e pensar, a Partilha e meditções do Padre Dário para cada Domingo.
Muito bom, o caminho continua com os textos publicados...!
Leiam e meditem

SEGUIA-O NUMEROSA MULTIDÃO

Pedaços de Vida – ano B – nº 35

SEGUIA-O NUMEROSA MULTIDÃO

(Jo 6, 2)

A partir de certa altura da sua vida pública, os evangelistas insistem em colocar grandes multidões a seguir Jesus, seduzidas pelas suas palavras, encantadas e agradecidas pelos seus milagres, desejosas de O ouvir, com ânsia de mais curas, mais milagres. O Rabi de Nazaré atrai, seduz, interpela, dá confiança, realiza prodígios, fala com sabedoria, ensina maravilhas, fala de realidades que as multidões nunca tinham ouvido. Caminham atrás d’Ele, esquecendo-se de si próprios, nem sequer têm de comer. Mais uma oportunidade para Jesus se compadecer e fazer um milagre. Desta vez é uma multiplicação de cinco pães e dois peixes, que vão dar alimento a cerca de cinco mil pessoas. Que maravilha!!! Que prodígio!!! Que qualidade de amor, de dom, de entrega, de preocupação pelos outros!!! É assim o nosso Jesus…

Todos ficaram saciados e davam glória a Deus pelo milagre, pelo prodígio realizado. No fim até o queriam aclamar rei, mas Jesus, discretamente retirou-Se e foi para um lugar solitário. Ele não é um milagreiro que quer atrair as atenções e arrastar pessoas, receber benesses ou elogios. Quem amar, fazer bem, socorrer, alimentar esta multidão faminta. Não quer obrigados, nem elogios. Deseja dar e dar-Se com total generosidade. Importa-Lhe amar e dar-Se sem reservas. Não quer ser aclamado rei, nem que lhe bastam palmas. Não deseja estar na ribalta do palco da vida para receber elogios ou aplausos. Deseja fazer bem, amar sem medida. O resto não conta. Não precisa de aclamações. Tudo faz com os olhos no Pai, com todo o amor pela multidão que precisa d’Ele. Não é como nós que queremos aplausos, elogios e condecorações…

Esta multiplicação, segundo alguns mestres, é símbolo e antecipa o seu dom na Eucaristia. Também no altar, em cada Eucaristia, ao longo dos séculos, em milhões de Missas, o Pão eucarístico é multiplicado sem cessar pelo poder do Espírito. Continua a alimentar multidões famintas de paz, de alegria, de amor, de concórdia, de perdão, de felicidade. Continua a amar essas multidões, que na fé, aceitam que o Pão do Céu é Ele mesmo, o Verbo do Pai feito Homem e, agora, feito alimento espiritual. Aceitam e necessitam de comungar o Senhor que passou pela morte e que agora está Vivo e glorioso. Recebê-Lo, comê-Lo, sentar-se à mesa do banquete sagrado é o maior dom da nossa vida cristã. A Eucaristia é o nosso tesouro, a nossa pérola preciosa. E Ele vai-Se entregando para alimentar as multidões. O Bom Pastor é alimento das suas ovelhas famintas de paz, de graça, de amor. Deixemo-nos alimentar d’Ele, recebamos a sua Vida, aceitemos ser convidados para o Banquete. Jesus, nosso alimento, é Pão do Céu, é manjar celeste, naquela pequena “hóstia santa”, naquele pedaço de Pão sagrado e consagrado pelo Espírito Santo.

Deixar na sua Igreja esta multiplicação divina do Pão do Céu é o sinal mais maravilhoso do seu amor, da sua graça, da sua ternura, do poder divino do seu Coração. Com razão afirmou o Papa Paulo VI que “a Eucaristia é o maior dom do Coração de Jesus”, do seu amor, pois é na Eucaristia que Ele Se dá e entrega até ser nosso alimento e vai, ao longo dos séculos, numa multiplicação mística, alimentando multidões. O mesmo Senhor em milhões de hóstia, o mesmo Jesus da Ceia, em milhões de Eucaristias, realiza o prodígio máximo do seu amor. Sejamos famintos do Pão do Céu, famintos do Corpo e Sangue do Senhor. Só Ele sacia, mata a fome de felicidade e de paz, só Ele alimenta espiritualmente, só Ele é força e graça, só Ele cura e liberta. E quem O recebe tem a graça de permanecer em Jesus e Jesus permanecer em quem O come. Mistério divino do amor que inventa a maneira prodigiosa de ser nosso alimento.

COMPADECEU-SE DE TODA AQUELA GENTE

Pedaços de Vida – Ano B – nº 34

COMPADECEU-SE DE TODA AQUELA GENTE

(Mc 6,34)

O Evangelho deste Domingo apresenta matizes do Coração de Cristo muito belos, muito sensíveis. Ele é o Amor, ama com Coração verdadeiramente humano, é Amigo e vibra com a situação das pessoas.

Primeiro, preocupado com o cansaço e a labuta dos seus discípulos, convida-os a ir descansar um pouco e procura um lugar isolado para tentarem um merecido repouso. Aqueles homens seguiam-No, caminhavam muito a pé, nem sempre bem alimentados, com grande multidão que às vezes os incomodavam. Era urgente e necessário um bom descanso. E consola-nos que Jesus esteja atento a estes aspectos tão simples e tão humanos. Agora em tempo de verão e de férias parece que ainda apreciamos mais este gesto, este convite de Jesus: “Vinde e descansai um pouco”. O seu próprio Coração é repouso, é lugar de paz e de consolação, é lugar onde recuperar energias interiores e espirituais. É a fonte do amor, da alegria e da paz.

Jesus vai no barco para um lugar mais isolado da margem do Lago da Galileia. Mas a multidão, que O amava, que estava seduzida pelas suas palavras, que vibrava com o que Ele dizia e com os milagres que fazia, percebendo a “fuga”, foram de um lado e de outro, a pé, pela margem e chegaram ainda primeiro que Jesus e que os discípulos ao tal lugar mais isolado. E ao chegaram encontraram-se novamente rodeados por imensa gente. Jesus, com o Coração a vibrar, comoveu-Se, teve pena daquela imensa gente, e decide ensiná-los, explica-lhes mutas coisas. Podia tê-los mandado embora, podia não ter desembarcado e ir para outro lugar. Mas o seu Coração, sempre amigo e solícito, compadeceu-Se daquela multidão, pois eram como ovelhas sem pastor. Mas Ele, o Bom Pastor, sempre amigo, dedicado, que veio para dar a vida pelas suas ovelhas, que somos nós todos, tem compaixão, solicitude, amor por aquela gente. Não deixa de os ajudar, de lhes falar, de os atender, de os curar. E lá se foi o descanso dos seus discípulos e o seu próprio descanso. Mas Ele veio para dar a vida. Ele quer que todos tenham vida e a tenham em abundância.

No ano sacerdotal talvez seja bom fixar-nos neste Evangelho tirando lições para a vida e ministério dos sacerdotes e dos leigos que os ajudam e acompanham. Precisamos de aprender com Jesus, o Bom Pastor, o Único e Eterno Sacerdote, a saber dar a vida pelo povo de Deus, a entregar-nos sem reservas, a ser padres a tempo inteiro. Padres, sempre padres, no dom e na entrega ao rebanho, às ovelhas que andam cansadas e sem pastores. Precisamos de inventar modos de servir e de amar, maneiras concretas de nos darmos para que os outros tenham vida e vida em abundância. Que não falte ao rebanho a solicitude dos pastores. E como os leigos, sobretudo os mais comprometidos, têm que assumir também essa entrega, esse dom, essa generosidade, esse serviço dedicado sobretudo aos mais pobres, mais idosos, mais doentes, mais marginalizados, mais sós, que mais sofrem, que Têm menos formação, que precisam de aprender a seguir mais o Mestre e a ser generosos na entrega.

O Evangelho de hoje lança-nos numa perspectiva apostólica maravilhosa, com o coração em fogo, desejosos de fazer o bem e de cuidar das ovelhas sem pastor. Daqui nascerão muitas iniciativas, como nascerá o desejo de rezar mais e mais pelo rebanho do Senhor, pedindo o dom de bons e dedicados pastores, generosos, simples, serviçais, dedicados ao próximo com alma e coração, sem interesses pessoais, sem ganância económica, sem egoísmos que não os tornam servos dedicados do Povo de Deus.

OS APÓSTOLOS PARTIRAM E PREGARAM…

Pedaços de Vida – ano B – nº 33

OS APÓSTOLOS PARTIRAM E PREGARAM…

(Mc 6, 12)

Jesus chama os seus apóstolos, envia-os a pregar, dá-lhes instruções, e eles partem, pregam o arrependimento, expulsam demónios, ungem doentes com óleo e curam muitos desses doentes.

O chamamento de Jesus é dom e graça. Ser escolhido para ser enviado comporta um olhar do Mestre, uma opção de escolha, um envio. Hoje, cada baptizado tem o mesmo chamamento. Ser baptizado é ser apóstolo, enviado de Jesus, com uma missão concreta: ensinar, fazer discípulos, proclamar a Boa Nova. Em casa, na escola, na fábrica, no local de emprego, de descanso, de diversão, onde está um baptizado tem de estar sempre alguém que se sente apóstolo do Senhor, que quer com a sua palavra e seu testemunho anunciar Jesus, O Redentor, o Salvador, o Amigo. Como diria S. Paulo, oportuna e inoportunamente, falar d’Ele, dos seus mistérios, do seu amor, da sua vida, para que mais pessoas O amem e se deixem seduzir por Jesus. Todos os baptizados têm esta missão, somos todos chamados a esta evangelização. Não nos podemos calar, aburguesar, intimidar. Com audácia e desassombro falar do Senhor, do Reino, da Palavra que salva e liberta. E há tantos que não O conhecem, tantos que sendo baptizados não O seguem com determinação.

Como se torna urgente, como faziam os apóstolos e como fez Jesus, e antes d’Ele, João Baptista, pregar o arrependimento. Todos somos, como afirmou S. Paulo barro, mas trazemos em nós um tesouro. Por causa desse tesouro: Deus uno e trino, a sua graça, a sua vida, o seu amor, precisamos de arrependimento, de mudança de vida, de gostos, de critérios, de modos de ser, de mentalidade diferente. Precisamos de arrependimento da nossa conduta pouco cristã, pouco evangélica, demasiada mundana, tantas vezes pecaminosa. Precisamos de mudar, de uma verdadeira metanóia. Esta pregação, que já os profetas do Antigo Testamento faziam, é sempre actual. Quem é tão santo que não possa e deva ser mais? Quem ama tanto que não possa amar mais? Quem rezar tanto e tão bem que não possa rezar mais e melhor? Quem é tão justo, tão simples, tão humilde, que não possa e não deva crescer mais nessas dimensões? Mas para que este processo se realize o primeiro aspecto necessário é a convicção profunda que somos pecadores e necessitamos de arrependimento.

O texto fala na graça da cura que os Apóstolos pelo poder que Jesus lhes confiou, exerciam em favor de muitos doentes. Todos necessitamos desta cura. Todos somos doentes, pelo menos a nível espiritual. E se não temos o dom das curas, temos pelo menos a imensa e prodigiosa graça de participar no sacramento da Reconciliação que não só perdoa mas cura. E temos a graça da Eucaristia, em que Jesus vem a nós, fica em nós, para nos poder ir curando dos nossos pecados e doenças espirituais e corporais. Falta-nos fé para acreditar neste poder de cura que os sacramentos têm e que todos podemos usufruir. Fé mais viva no poder da graça que é medicinal. Santa Teresa de Ávila afirmava que muitas vezes, quando comungava até fisicamente se sentia melhor. E nós pedimos que a “comunhão sirva de protecção e remédio para a alma e para o corpo”. Acreditamos nisto? Aceitamos este desafio? Ajudemos os outros a aproximarem-se da fonte que cura, que é Jesus e o seu poder, a sua graça, a sua vida?

Precisamos de cristãos convictos e convincentes, que acreditam na Palavra de Deus, no poder da graça, no poder dos sacramentos que curam e libertam. Como o mundo precisa desta graça, deste dom, desta maravilhosa acção do amor divino.

Friday, June 19, 2009

COMEÇOU A ENSINAR NA SINAGOGA

Pedaços de Vida - Ano B – nº 32

COMEÇOU A ENSINAR NA SINAGOGA

(Mc 6,2)

Como bom judeu, Jesus ia ao sábado, dia consagrado ao Senhor, dia de oração, à sinagoga e aproveitava para ensinar. Todos ficavam admirados da sua sabedoria e dos seus milagres. Perplexos pelos seus ensinamentos, cheios de espanto por tudo o que dizia e ensinava. Era a sabedoria divina a falar com palavras humanas, a comentar as Escrituras, a falar das verdades da fé, a anunciar o Reino, a deixar no coração de quem O ouvia sementes de vida nova, de renovada esperança, de novidades divinas que só Ele sabia e podia ensinar e comentar. Não admira que ficassem perplexos.

Temos, como Jesus, ser arautos da Boa Nova, ser profetas de um mundo novo, ser anunciadores do Reino, ser verdadeiros evangelizadores. Todo o baptizado tem esta digna a abençoada missão: anunciar o Evangelho de Deus, a Palavra que salva e que liberta. Começando pelos pais no seio da família, evangelizando-se um ao outro, até chegar ao coração dos filhos e dos amigos. Nas comunidades religiosas onde não abunda a evangelização cuidada e séria, que conduza à conversão. Nas paróquias, começando pelas homilias, que nem sempre são evangelizadoras, porque não se baseiam na Palavra comida, assimilada em oração. Sempre e em toda a parte homens e mulheres que, à semelhança de Jesus querem ser evangelizadores, verdadeiros profetas.

E temos hoje novos púlpitos, novas sinagogas, pois quer na rádio, quer na televisão, quer na internet, quer em tantos meios de comunicação, precisamos que a Palavra seja comunicada, passe para o coração dos ouvintes e leve à mudança de vida, de critérios, de gostos, de opções. Só a Palavra rezada e assumida nos pode levar a estimar e cuidar mais da vida, do amor, da justiça, da verdade, da dignidade humana. Ele, Jesus é que é o Mestre. Só ouvindo-O com respeito e silêncio, só deixando-se trabalhar pela sua palavra, seremos arautos da verdade e do bem.

Se a alma do mundo está doente, se tantos optam pelo prazer fútil, pela violência que mata, pelo aborto e pela eutanásia, pela depravação moral e sexual, se tantos andam no mundo da fraude, da droga, da manipulação e exploração de menores, se há tanta violência doméstica e tanta atentado à vida e ao amor, é porque não estamos evangelizados por dentro, não escutamos a Palavra, não a tomamos como alimento, não pautamos por ela a nossa vida.

Muitos, hoje, afirmam com frequência: “eu acho que”, tentando desculpas para o seu modo de escolher e proceder, fazendo a sua “teologia”, deixando-se conduzir por seus gostos e critérios e não se perguntam que “acha Jesus”, que diz e ensina a Palavra. Ela é dura e, por vezes acutilante, mas urge ouvi-la e colocá-la em prática. No mundo de hoje não é fácil ouvir Jesus dizer “não cobices a mulher do próximo”; “ama os teus inimigos”, “só a verdade vos libertará”. Não há fácil aceitar e assumir que a Igreja tem o poder que Jesus lhe confiou e que suas normas e leis são caminho de salvação e de santidade. Daí que não podemos dizer “eu acho que falar à Missa ao domingo não é pecado”; “eu acho que ter relações pré matrimoniais não é mal nenhum”; eu acho que fazer um aborto não é matar”, eu acho que… tanta falsa teoria para justificar o nosso mal e o nosso pecado. Não é o caminho verdadeiro, que conduz ao bem e à verdade.

É Jesus, é a Palavra, é a Igreja, Mãe e Mestra, que têm o poder de nos dizer o que devemos ao não fazer. É por aí que temos que formar a nossa consciência, que temos de aferir critérios, que temos de buscar orientações sérias para o nosso modo de ser e agir. Caso contrário vivemos numa selva sem lei verdadeira, sem norma, sem dignidade. Deixemos Jesus ensinar-nos, como fazia na sinagoga da sua terra.

Dário Pedroso Sj

NÃO TEMAS; BASTA QUE TENHAS FÉ

Pedaços de Vida – ano B – nº 31

O TEMAS; BASTA QUE TENHAS FÉ

(Mc 5,36)

No meio de uma tragédia, a morte de uma filha, no meio de uma tempestade que despedaçava o coração de Jairo, pai da criança, Jesus propõe um salto na audácia, na tenacidade de acreditar: Não temas; basta que tenhas fé. Mas fé para quê se a criança está morta? Fé para acreditar na vida eterna? Para acreditar na vida para além da morte? Sim, mas é preciso que essa fé mais longe. Jesus está ali, Ele tem o poder sobre a vida e a morte. Afinal trata-se de acreditar que Ele, Deus verdadeiro, pode ressuscitar a filha, pode salvar a situação, pode acalmar a tempestade, pode fazer o milagre, como já tinha feito o da mulher que Lhe tocou nas vestes com tal fé que ficou curada. Acreditas nisto? Então não temas.

Num mundo doente e em conflito, em famílias com tantos problemas, no meio de tantas situações de dor, de carência, de sofrimento, de conflito, acreditamos ou não que Jesus salva, cura, ressuscita, muda vidas e corações, transforma tempestades em bonanças, dá paz e alívio no meio da dor e do conflito? Nós, cristãos do século XXI, acreditamos mesmo que Jesus tem poder? Acreditamos que Ele cura e salva? Acreditamos? De verdade, tudo depende da nossa fé. Se acreditarmos veremos maravilhas, curas, milagres, conversões. Se acreditarmos, diz o Evangelho faremos maravilhas ainda maiores das que fez Jesus. Que espanto! Que desafio! Que loucura que só tem resposta no amor apaixonado de Deus por nós.

Não podemos desistir de acreditar que Jesus está Vivo, que Ele é o Salvador, que Ele pode curar. Mão podemos desistir que oração feita com fé, humildade e muita perseverança toca o Coração de Deus e alcança milagres. Se não forem milagres físicos, serão milagres espirituais que talvez sejam um dom e uma preciosidade ainda maior. Curar a alma, dar paz interior, conceder alegria no meio da dor, depositar esperança quando tudo parece desmoronar-se é verdadeiro milagre. Apaziguar tempestades no coração e na alma, curar depressão e tormento interior, dar à família unidade e comunhão é verdadeiro milagre que Jesus pode conceder. Precisamos de fé para acreditar que Ele nos ama com o mesmo amor com que deu a vida por nós. Ele não mudou, seu Coração não mudou, sua paixão por nós não mudou. Acreditamos nisto? Se Ele nos ama até à loucura do dom, temos que acreditar até à loucura da confiança sem limites, mesmo no meio das noites escuras, das tempestades da vida, das dificuldades. Acredita e caminha. Acredita e sorri. Acredita e lança-te no abismo do amor de Jesus.

Descobre os pequenos milagres do dia a dia, aquilo a que chamamos coincidências, mas são actos invisíveis do seu amor. E através desses pequenos milagres, lança-te, com confiança e fé, a pedir mais, a pedir outras manifestações do amor do Divino Mestre, o Amigo, o Redentor, o Salvador. Abre-te à graça, à força do fogo divino de Pentecostes, à certeza que Jesus está vivo e quer ser em ti dinamismo de amor sem limites.

Se a mulher que Lhe tocou nas vestes ficou curada, não poderás tu ficar curado, quando O recebes, O comungas, vives d’Ele, permaneces n’Ele pelo dom da comunhão? Porque não ousamos acreditar? Santa Teresa de Ávila afirmou que quando comungava, muitas vezes, até fisicamente se sentia melhor. E a nossa Beata Alexandrina, tão pouco conhecida de tantos portugueses, não viveu cerca de 14 anos só alimentada pela Eucaristia, sem comer e beber nada mais? Como nos sentimos pequemos perante o amor de Deus que faz esta divinas loucuras. Por isso não temas; basta a tua fé. Pede uma fé mais firme, mais confiante, mais ousada. E haverá milagres.

Sunday, June 14, 2009

PASSEMOS À OUTRA MARGEM

Pedaços de Vida – Ano B – nº 30

PASSEMOS À OUTRA MARGEM

(Mc 4,35)

Para passar à outra margem é preciso deixar muita coisa: a margem em que se está, a segurança que se tem, talvez algumas coisas que se possuem. E deixar custa sempre muito. Não se trata de deixar por deixar, mas deixar para possuir Algo ou Alguém. Passar da margem do pecado à da graça, do orgulho à humildade, da soberba à simplicidade, da ostentação à simplicidade, da violência à paz, da depravação à dignidade, do egoísmo ao serviço. Precisamos de passar à outra margem, mesmo que, como no Evangelho de hoje, nos apareça alguma tempestade na travessia. Para sermos mais felizes precisamos de passar à outra margem onde nos esperam novas maravilhas, um mundo novo de graça e de consolação, de vida em Deus, de encontro renovado com Jesus, de purificação e de santidade. Passemos à outra margem.

Não fiquemos instalados, aburguesados, sentados na margem de cá, na rotina cómoda da vida, gozando os prazeres que nos agradam. Passemos à outra margem, mesmo que o deixar implique morte a nós, ao que é nosso, ao nosso amor-próprio, comodismo, sensualidade desordenada, apegos doentias, afectos mórbidos. Passemos à outra margem para que se realize em nós verdadeira mudança de vida, possamos vislumbrar novas paisagens do amor, novas flores nos caminhos da vida. A outra margem terá surpresas agradáveis, sublimes, santificadoras. A outra margem, depois da purificação da tempestade e de Jesus estar a dormir, depois do grito de fé no meio da noite das tormentas, é algo divinamente surpreendente.

Todos, mesmo a Igreja nas suas estruturas, na sua liturgia, nas diversas formas de pastoral, sobretudo na pastoral vocacional, nas manifestações da piedade popular, temos que passar à outra margem. E nas estruturas paroquiais, na maneira de viver e distribuir o clero, temos que ser ousados e passar à outra margem. E precisamos de passar à outra margem quando temos necessidade de tomar opções mais radicais, mais evangélicas, na luta contra o mistério do mal, do pecado, da mentira, da injustiça. Temos que passar a outra margem na maneira de usar nosso dinheiro, na acumulação do supérfluo, nas horas mal gastas do dia, na atenção amorosa aos pobres e doentes. Temos que passar à outra margem deixando para trás opulência, violência, luxo, luxúria, revestindo-nos de Cristo e buscando as coisas do Céu. Temos que passar à outra margem, pois nesta o pecado nos enreda, a poeira nos cega, a cobiça nos domina., o ciúme e a inveja nos põe doentes, apodrecem o coração.

Jesus vai connosco nesta trajectória e mesmo adormecido cuida de nós sempre. Não tenhamos medo. A vida precisa de mudar, as mentalidades precisam de mudar, os critérios precisam de mudar, as opções precisam de mudar, o modo de estar em Igreja precisa de mudar. Encaminhados por Cristo, passemos à outra margem. Como será bela a nossa vida, como rejubilará nosso coração, como seremos pessoas novas pelo dom da graça. Não desistamos de avançar e de passar à outra margem. Zaqueu quando se decidiu dar metade dos bens aos pobres e dar quatro vezes mais àqueles a quem roubou, passou, efectivamente, à outra margem. Não tenhamos medo da palavra do Mestre, do seu convite, da sedução divinal, de passar à outra margem. O amor d’Ele nos fará novos e connosco todas as coisas. Não fiquemos parados, instalados, vendo partir a barca. Passemos à outra margem. Sejamos audazes, destemidos, arrojados. Deixemos o caduco e efémero, o que não dá felicidade verdadeira, o que nos impede de ser homens e mulheres com o coração aos pulos, pois Deus está connosco, está em nós. Passemos à outra margem. Que maravilhoso desafio.

OLÁ LISBOA ……DAQUI MADRID

A PEREGRINAÇÃO CONTINUA .. COM O QUE TROUXE PARA CASA

- Trouxe a “tia Gena”. Muito serena cumprindo uma vez mais a missão que o Senhor um dia lhe entregou: a de “Pastora”que leva o seu rebanho de Lisboa a Fátima !. Apoiada no seu enorme “cajado” ( Rita, Mico, muitas Carlotas, Teresas, Bébés....) e com “Ó Senhora Minha ó minha Mãe, eu vos ofereço todos a Vós...eu vos consagro os seus olhos, ouvidos, bocas, corações... Guardai-os, Defendei-os..como coisa própria Vossa..”, rezado bem cedo, cada manhã, levou-nos à Capelinha, aos pés da Senhora e entregou-nos um por um, tal qual somos, com o coração aberto para ouvir os segredos que Ela tem para nos contar. Gracias, “tia Gena”. Rezo por si todos os dias,

- Trouxe aquela chuvada torrencial à saida do Gaio, que nos caiú em cima e nos empapou até aos ossos. Encharcámo-nos de graças caídas do Céu. Purificou-nos ! Limpou tudo o que era “eu” para poder entrar “Ele”. Eu não contava nada com esta chuva; não vinha preparada, mas....Eu, sim, que conto contigo. Vim ter contigo quando menos Me esperavas. Para mim todos os momentos são bons para bater á tua porta. Dava gosto ver tanta cara molhada e todas com um sorriso!

- Trouxe também a 2ª grande chuvada à saida de Vale de Figueira. Alguns precisávamos ainda de nos empapar mais do nosso Deus, de O ouvir chamar-nos pelo nosso nome como o Profeta Samuel e como ele, responder-lhe “Fala Senhor que o teu servo te escuta” ( Samuel, 3, 10 ). Foi bom...muito bom!

- Trouxe para casa todos aqueles almoços e jantares maravilhosos em que cada grão de arroz, cada fava, cada folha de alface eram “puro carinho”! Até comemos uma sopa feita com uma oração deliciosa!. Como se nota e que boas são as coisas feitas com amor!

- Trouxe bem guardados os tão bons momentos de Oração. Momentos de intimidade, de amor com o teu Deus que te levam para bem pertinho Dele. Missas. Homilias. Acção de Graças. Orações lindas alternadas com cantos que eram rezar cantando ou cantar rezando. Caminhadas de silêncio: aqueles 5oo pés a rezarem na terra, com os olhos postos no Céu. Quantas coisas importantes terá dito Deus a cada um!

- Trouxe os muitos terços rezados pelo caminho com Nª Senhora. Houve 1 terço para mim muito especial: domingo 10 de Maio, meio dia, Praça de Samtarém. No meio dos 250 peregrinos de Fátima, chegou, da Terra Santa um peregrino chamado Papa Bento XVI para rezar o terço connosco. O Padre Dário foi buscá-lo e trouxe-o “bem vivo” para ao pé de nós. Mostrou-nos o Sucessor de Pedro! O escolhido pelo Espírito Santo para o ano 2009! O Bispo de Roma! O Vicario de Cristo! O Santo Padre! O que tu tens que amar, gostes ou não, porque ele é o Pastor da Igreja Católica Apostólica Romana. A tua Igreja. Na Praça havia muitos homens, mulheres, velhos, novos, casados, solteiros. Vi Igreja. Senti-me Igreja. Somos Igreja. Un verdadeiro tesouro que trouxe na mala para gozar, rezar. Para amá-la todos os dias da minha vida.

- Trouxe as Bem Aventuranças. O Padre Dário disse-nos que são a Carta Magna do Evangelho. Caminho de felicidade. Caminho de Santiadade. Caminho de Vida. Meditar, saborear, viver, cada uma como a 1ª Bem Aventurada, a Mãe das Bem Aventuraranças,a Mãe do Bem- Aventurado por Excia, a Mãe de todos nós peregrinos. O Sopas encarregou-se de as “gravar” dentro de cada um para poder trazê-las para casa e ouvi-las de vez em quando.

- E trouxe um propósito. Lembram-se que o Padre Vasco nos disse à entrada de Fátima que os propósitos fossem “poucos, pequenos, possiveis” ?. Que cada um se ponha a tocar o seu instrumento, a sua música, com Cristo-Rei de director de orquestra e que não desista nunca de tocar ?. Pois garanto-vos que, aquí em Madrid, bem longe, oiço uma música linda, uma sinfonia maravilhosa feita de terços, chuvadas, pés que rezam, almoços e trabalhos feitos com amor, as vozes da Sofia e da Carminho, lutas, caídas e levantadas, Missas bem vividas, pensar nos outros, rezar por todos, esforços grandes e pequenos, sofrimentos, xatices, dor, cruz, alegrias. Temos que trazer muitos mais músicos para a nossa orquestra . Que se oiça a nossa música bem alto por toda a parte e veremos muitos sorrisos em todas as caras. É a orquestra da Felicidade, porque temos um Pai Nosso que nos adora e uma Mãe Nossa sempre atenta a cada um e a pedir por nós ao Seu Filho Jesus.

13 de Junho de 2009

Manaça

A QUE HAVEMOS DE COMPARAR O REINO DE DEUS?

Pedaços de Vida – 29 – Ano B

A QUE HAVEMOS DE COMPARAR O REINO DE DEUS?

(Mc 4,30)

É o Senhor que faz esta interpelação e Ele mesmo vai respondendo. O Reino de Deus é semelhante ao fermento que a mulher deita na massa para a levedar. É semelhante é luz que se coloca no candelabro para iluminar a todos. É semelhante ao grão de mostarda, que cresce e vai dar uma grande árvore. É semelhante…O Reino de Deus é a própria vida do Senhor. Jesus é o Reino, vai trazê-lo à terra, quer que se estabeleça no coração e na vida de cada pessoa. Ele é o Reino pois é a Vida, é o Amor, é a Paz. Ele é o Reino pois é Deus verdadeiro, Senhor da Vida e da história, Rei e Senhor. Por isso seu Reino é paz e justiça, santidade e graça, amor e comunhão, misericórdia e salvação.

Deixemos o Reino impregnar nossos seres, nossas inteligências para pensar como Jesus pensava, nossos corações para amar como Jesus amava, nossa vida para viver como Jesus vivia, nossa vontade para só querer como Jesus queria, nossa afectividade para que nossos afectos sejam como os de Jesus, nosso trabalho para trabalhar como Jesus trabalhava. O Reino em nós e na nossa vida, nos fará ser Cristos vivos, homens e mulheres impregnados do divino, desse Reino que é a vida do próprio Deus, repletos de tudo o que é evangélico e santo, construtores e lutadores de um mundo onde reine a verdade, a justiça, o amor, a fraternidade, a comunhão, a partilha, o serviço, a generosidade a toda a prova.

Mas o mundo, aquele mundo que está impregnado do Maligno e de suas obras, de seus critérios, não aceita o Reino e luta contra ele. Verdadeira luta que nos faz estremecer, pois a alma do mundo está doente, o coração do mundo está doente. As obras do mal, da mentira, da fraude, da injustiça, do crime, os atentados contra a vida e a dignidade humana, os atentados da violência doméstica, a exploração sexual de menores, o aborto e a eutanásia, o projecto de “casamento” de dois homens ou de duas mulheres, a violência déspota e a exploração dos pobres e desprotegidos, tudo são sinais evidentes desta luta tremenda do reino das trevas, do príncipe deste mundo.

E dentro de cada um de nós sentimos bem viva esta luta entre o Reino de Deus e o das trevas, entre a verdade e a mentira, a vida e a morte. Só Jesus, com o poder da sua graça, com a força do seu Espírito nos pode ajudar a vencer a batalha. Aliás Ele já nos garantiu: “Eu venci o mundo”, o maligno, o príncipe do mal, que como nuvem de poeira nos vai cegando. Daí a falta de critérios éticos, a falta de amor e defesa da vida, a falta de honestidade, a depravação moral e sexual. A nuvem das trevas, a poeira densa não nos deixa ver melhor, impede-nos de contemplar o bem e a verdade, a justiça e o amor e aderir a eles com paixão e encanto. O mundo da fraude e da mentira quer impor suas regras. O mundo da cobiça e da violência quer impor as suas regras. O mundo do crime e da destruição quer impor as suas regras. Vai insinuando, manipulando, cegando as inteligências e apodrecendo os corações.

Mas o Reino de Jesus, o Reino que Jesus é e nos comunica, quer a alegria e a paz, a felicidade e a verdade, o amor e a vida. Precisamos de acolher esse Reino que como a menor de todas as sementes se tornará uma planta frondosa, bonita, com fruto abundante. Trabalhemos por esse Reino, semeemos o bem e a verdade, lutemos pela paz e pela justiça. Façamos tudo para estabelecer em nós e à nossa volta o Reino que é Jesus, a Vida de Deus dada aos homens. Só assim seremos felizes. Só assim haverá paz e amor. Só assim a vitória será do bem, da verdade, da justiça, da dignidade. Saibamos viver com Cristo, unidos a Ele, para construir seu Reino, na humildade e na pobreza.


Pe. Dário Pedroso

Wednesday, June 3, 2009

Partilha Padre Dário para este Domingo

Pedaços de Vida – Ano B - nº 28

EM NOME DO PAI E DO FILHO E DO ESPÍRITO SANTO

(Mt 28,19)

A nossa fé é uma fé trinitária, ou seja, acreditamos que Deus é Trindade, que é Pai, é Filho e é Espírito Santo. Três Pessoas divinas, cada qual com sua missão, embora todas iguais em glória, poder, graça, etc. pois são um só Deus verdadeiro. O Pai, para ser Pai, precisava de um Filho a quem amar. E o Filho retribui esse amor, amando o Pai. O Espírito Santo, como Pessoa divina, é o amor que une e faz comunhão total entre o Pai e o Filho. Deus, porque amor, não podia ser uma só Pessoa, pois não teria a quem amar. O amor reclama sempre “outro”. Daí que a primeira Pessoa, a Quem chamamos Pai, tem outra Pessoa, a Quem ama com amor infinito, o seu Verbo, o seu Filho. E o Espírito é esse “beijo eterno de amor” entre o Pai e o Filho.

Embora na nossa linguagem mais simples digamos que o Pai é Criador, o Filho é Redentor, o Espírito é Santificador, de facto foi sempre todo o amor uno e trino, todo o amor trinitário que realizou e realiza todas as coisas. A criação foi obra das três Pessoas divinas. O Pai criou, mas o Verbo, unido ao Pai, estava no começo e fez todas as coisas e nada foi feito sem Ele. E o Espírito, que pairava sobre as águas, agia para dar vida a todo o criado. É toda a Família divina que faz toda a maravilha da criação.

E o mesmo se diga da redenção. Se é verdade que foi o Filho, o Verbo encarnado, que morrendo operou a redenção humana, também é verdade que a obra da redenção foi dom do amor do Pai que nos concedeu e concede seu Filho, e da Pessoa do Espírito que completa e prolonga a acção redentora, santificando e fazendo que a redenção chegue até nós. Todos os sacramentos são acção do amor das três Pessoas divinas, pois cada uma age segundo a sua dimensão. Tudo é em”nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo”

A Trindade como comunhão e como Família é modelo e fonte da nossa unidade, da família que temos de ser como Igreja, como comunidades cristãs, como famílias, igrejas domésticas, como comunidades religiosas. É olhando para a Trindade, como unidade plena e comunhão total, que aprendemos a ser comunhão e a viver em família unida, coesa, na partilha, no amor, na capacidade de dom e de serviço. E se a Eucaristia é dom do amor trinitário, pois o Pai oferece Jesus, o Pão do Céu, O Filho Se dá a nós em alimento e o Espírito consagra, converte pão e vinho, em Corpo e Sangue, é na Eucaristia que celebramos cada dia, que encontramos o ícone mais prefeito e o dom mais pleno da Trindade. É na Eucaristia que nos devemos oferecer à Trindade, já que a Trindade por amor realiza para nós essa maravilha: a Ceia do Senhor.

No dia do baptismo, com a unção sagrada do Espírito, ficámos templos da Trindade. Ela nos habita, está em nós, no santuário do nosso ser. Precisamos de cultivar a comunhão, a intimidade, a delicadeza interior, a unidade de vida com a Trindade. Precisamos de viver a fé na Trindade e na sua presença em nós e nos outros. Como mudariam nossas vidas se esta fé aumentasse e vivêssemos mais a sério a comunhão com as Pessoas divinas! Homens e mulheres trinitários, pois a Trindade está em nós dum modo activo e quer fazer em nós as maravilhas da graça. Precisamos de nos recolher no santuário do nosso ser, do nosso interior, do nosso coração e encontrarmo-nos aí, em diálogo íntimo e em comunhão profunda, com a Trindade Santa. Devíamos estar continuamente, com nosso coração, unidos à Trindade e a rezar: “Glória ao Pai e ao Filho e ao Espírito Santo”. E devíamos ter consciência de tudo fazer, de tudo iniciar: “em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo. É assim que começa e termina a Eucaristia cume e fonte de toda a oração.